Política

A declaração do deputado eleito nas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, opoisição) pelo círculo eleitoral da Brava foi feita através de uma carta encaminhada à imprensa, na sequência de uma nova situação de transferência de uma grávida da ilha Brava ao Hospital Regional Fogo, no sábado, 10.

Na carta, o parlamentar considerou que esta situação, ocorrida novamente depois da “tragédia” do passado dia 01 de Agosto, com o jovem Djonny, que faleceu após um processo “longo e sem condições” de transferência para a ilha do Fogo, demonstra, acusou, “o descaso do Governo de Cabo Verde para com a ilha Brava”.

“Demonstra, uma vez mais que não deram valor nenhum à manifestação dos cabo-verdianos em solidariedade com os bravenses, e de forma indigna e humilhante, continuamos a sofrer com esta situação”, apontou Clóvis Silva, destacando que agora possui uma “clara diferença”, porque o Governo já tem uma solução.

Nesta senda, continuou, “estamos à beira de testemunhar mais uma desgraça com algum cidadão bravense, ou qualquer pessoa que esteja aqui na Brava, por pura negligência do Governo”, declarou, pois, justificou, “quem tem os meios e recusa ajudar é responsável pelo desfecho que ocorrer”.

A mesma fonte relembrou ao Governo que está em causa “a vida humana, a vida de qualquer um que possa estar na Brava” e precise de apoio para uma transferência urgente e não o obtenha porque o Governo, “obrigado a servir todos os cabo-verdianos”, e na posse deste meio, “não o faz por pura omissão”.

“Perguntamos ao primeiro-ministro de Cabo Verde do que é que está ainda à espera, porque é que mantém cinco navios da Guarda Costeira a realizar patrulha pelos mares de Cabo Verde, como se fossem carros-patrulha da polícia atrás de possíveis exploradores de nosso peixe, e não envia um só deles para evitar que nossa população, que mais tem sofrido com a falta de meios de transferência urgente, as mulheres e as crianças, continue a arriscar a vida em embarcações de pesca”, concretizou o deputado, que apelou ao primeiro-ministro para “agir de forma mais célere” neste processo.

Clóvis Silva disse ainda que nunca se vai calar e nem deixará de “exigir respeito e consideração” pelos bravenses.

Sobre a embarcação, o próprio relatório do inquérito instaurado para apurar as circunstâncias em que se verificou o falecimento de João da Cruz, conhecido como Djonny, de 14 anos, recomendou melhorias nos transportes existentes e o reforço com um helicóptero.

Após o falecimento do jovem, o Governo enviou em meados do mês de Agosto uma delegação da Guarda Costeira de Cabo Verde para realizar um levantamento de informações para a instalação de um destacamento militar com um barco de buscas e salvamento, na ilha, mas ainda não foram conhecidos os resultados da visita.