
A extradição do empresário e enviado especial colombiano Alex Saab para os Estados Unidos e a detenção do deputado Amadeu Oliveira, preso preventivamente, são dois casos que colocaram o sector da justiça cabo-verdiana na boca do mundo em 2021.
O desfecho deste caso de Alex Saab detido em 12 de Junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, Sal, aconteceu a 16 de Outubro, às vésperas das eleições presidenciais no arquipélago, quando Alex Saab foi transferido num avião ao serviço do Departamento de Justiça norte-americano.
Em comunicado, o Ministério da Justiça disse que recebeu “garantias” dos Estados Unidos de que o empresário colombiano terá “um processo justo e equitativo” e que “não será condenado a penas que não existam no ordenamento jurídico cabo-verdiano, designadamente a pena de morte, pena de prisão perpétua, a tortura, tratamento desumano, degradante ou cruel”.
O Ministério da Justiça afirmou ainda que o processo de extradição, realizado no âmbito da “cooperação judiciária”, seguiu os trâmites legais e “passou pelo crivo das autoridades judiciárias e do Tribunal Constitucional (TC), garantindo ao extraditando um processo justo, com todas as garantias constitucionais e legais”.
Após o anúncio da extradição, Caracas acusou os EUA de “sequestrar” Alex Saab, com a cumplicidade de Cabo Verde. A Venezuela denunciou ainda que o mesmo foi torturado e mantido “preso arbitrariamente” durante 491 dias, sem um mandado de captura nem o devido processo, em violação das leis de Cabo Verde e da Convenção de Viena.
Alex Saab, com 49 anos, de nacionalidade colombiana, foi detido com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, na qualidade de “enviado especial” e com passaporte diplomático.
A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que invoca as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.
Washington pedia a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar actos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.
O Tribunal Constitucional cabo-verdiano decidiu em Setembro último julgar improcedente o recurso interposto pela defesa do colombiano alegando que o Tribunal da Relação de Barlavento e o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) conduziram o seu processo de sua extradição para as terras do Tio Sam aplicando normas inconstitucionais, confirmando assim a extradição do mesmo para os EUA.
Outro caso que marcou o sector da justiça em Cabo Verde em 2021 foi a detenção de Amadeu Oliveira. O advogado e deputado nacional teve decretada a prisão preventiva a 20 de Julho de 2021 por suspeita de um crime de ofensa a pessoa colectiva e dois de atentado contra o Estado de Direito.
Em causa estavam várias acusações contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça e a fuga do País do condenado inicialmente a 11 anos de prisão por homicídio – pena depois revista para nove anos – Arlindo Teixeira em Junho passado, com destino a Lisboa, tendo depois seguido para França.
Em Dezembro Amadeu Oliveira foi formalmente acusado pelo Ministério Público por crimes de atentado contra o Estado de Direito, perturbação do funcionamento de órgãos constitucionais e ofensa a pessoa colectiva, conforme anunciou a Procuradoria-geral da República.
Ainda no campo da Justiça, destacam-se notícias como aquela que deu conta de que o Tribunal do Porto Novo, Santo Antão, condenou, a 30 de Julho, a 28 anos de prisão um jovem acusado de matar, esquartejar e enterrar a sua mãe, de 56 anos, em Outubro de 2020, na cidade do Porto Novo.
Destaca-se ainda que, a 01 de Dezembro, um procurador do tribunal de São Vicente que estava a ser julgado pelo Tribunal da Relação de Barlavento, acusado de crime de Violência Baseada no Género (VBG), foi absolvido do que vinha acusado.
Segundo informou a defesa do procurador, em conversa telefónica com a Inforpress, o colectivo de juízes do Tribunal da Relação de Barlavento considerou, no seu acórdão, que “não ficaram provadas as acusações”.
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários