Preso desde 29 de Abril, na prisão de Negev, em Israel, o jornalista palestiniano Ali Samoudi encontra-se em total regime de isolamento, não recebe visitas nem assistência médica, apesar de ser hipertenso e diabético. O cenário, segundo o Comité de Proteção de Jornalistas e um estudo da Brown University (EUA), é de “caça” aos profissionais da comunicação social.
Corria a madrugada de 29 de Abril quando Ali Samoudi foi detido por militares israelitas em casa de seu filho, na Cisjordânia. O jornalista palestiniano é um conhecido correspondente da imprensa internacional, já tendo trabalhado em canais de televisão como a Al Jazeera e a CNN.
Alegando que Samoudi tem ligações com a Jihad Islâmica e é suspeito de transferir recursos financeiros para a organização, o exército israelita, contudo, não apresentou uma única prova. E, por sua vez, a família do jornalista negou as acusações.
“Caça aos jornalistas”
Desde outubro de 2023, altura em que a guerra teve o seu início em Gaza, que cerca de 90 jornalistas já foram detidos em diversas operações militares na Cisjordânia, segundo tem sido denunciado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Ali Samoudi já havia sido ferido num incidente ocorrido em Maio de 2022, precisamente quando fazia a cobertura da morte da jornalista Shireen Abu Akleh, atingida pelo fogo do exército israelense.
Aliás, a “caça aos jornalistas” parece ser uma das frentes da intervenção israelense na Faixa de Gaza. Uma avaliação contundente, sobre esta matéria, está em “The Reporting Graveyard“, um relatório do jornalista Nick Turse para o projeto Costs of War, do Watson Institute for International and Public Affairs da Brown University, uma instituição privada de ensino superior, localizada em Providence (EUA).
Tal relatório documenta o ataque sistemático e mortal a jornalistas, com Gaza assomando como o local mais letal para a comunicação social na história moderna.
Efetivamente, ainda segundo o referido relatório “Israel matou mais jornalistas em Gaza do que foram mortos no total na Guerra Civil Americana, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Guerra da Coreia, Guerra do Vietname (incluindo os conflitos no Camboja e Laos), as guerras na Jugoslávia nas décadas de 1990 e 2000, e a guerra pós-11 de setembro no Afeganistão”.
É um cenário assustador e macabro que evidencia uma estratégia de liquidação sistemática de jornalistas, já que, desde 07 de outubro de 2023, pelo menos 232 jornalistas e profissionais da comunicação social foram mortos na Faixa de Gaza.
Paralelamente, o exército israelita não apenas destruiu cerca de 90 delegações de meios de comunicação social, mas também tem restringido o acesso à Internet, bombardeou residências de jornalistas, organizou campanhas de desinformação e efetuou prisões. Segundo dados disponibilizados pelo CPJ, mais de 380 jornalistas foram feridos e dezenas foram detidos ou perseguidos.
C/Imprensa internacional
Informamos que, temporariamente, a funcionalidade de comentários foi desativada no nosso site.
Pedimos desculpa pelo incómodo e agradecemos a compreensão. Estamos a trabalhar para que esta funcionalidade seja reativada em breve.
A equipa do Santiago Magazine