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Brasil. Bolsonaro e Haddad vão à 2ª volta das presidenciais
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Brasil. Bolsonaro e Haddad vão à 2ª volta das presidenciais

Afinal, o #elenão foi #elesim na primeira volta das eleições presidenciais no Brasil. Jair Bolsonaro, o polémico candidato da extrema-direita, obteve mais de 46% dos votos e pelo caminho ainda destroçou o PT de Lula da Silva.

A segunda volta das eleições presidenciais 2018 no Brasil será entre Jair Bolsonaro (PSL), que teve 46,06% dos votos válidos, e Fernando Haddad (PSL), que conquistou 29,24% do eleitorado.

Ciro Gomes (PDT) ficou com 12,47%, Geraldo Alckmin (PSDB) teve 4,76% e João Amoêdo (Novo) contabilizou 2,5%. Cabo Daciolo (Patriota) teve 1,26%, Henrique Meirelles (MDB) ficou com 1,20% e Marina Silva (Rede) teve 1%.

A onda conservadora ampliou a presença do PSL no Congresso,

Houve surpresa em várias corridas estaduais. Em São Paulo, Márcio França (PSB) superou Paulo Skaf (MDB) com uma pequena margem e disputará o segundo turno com João Doria (PSDB).

Eduardo Suplicy (PT), em primeiro lugar nas pesquisas para o Senado paulista, não foi eleito; a mesma coisa aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais.

Os mineiros também surpreenderam ao alçar Romeu Zema, do Novo, ao primeiro lugar com 42,73% dos votos válidos. Ele disputará o segundo turno com Antonio Anastasia (PSDB), que teve 29,06%.

No Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) disparou com 41,28% dos votos e disputará o segundo turno com Eduardo Paes (DEM), que teve 19,56%.

Quem é Bolsonaro?

Capitão na reserva, 63 anos de idade, Jair Bolsonaro é deputado há 28, sem intervalo, e fez entrar o Brasil no clube de países com candidatos Presidenciais de extrema-direita — como aconteceu em França ou nos EUA. O militar na reserva apresenta-se pelo pequeno Partido Social-Liberal (PSL), o nono onde já militou, e que só tem sete deputados entre 531.

Num país mergulhado numa profunda crise económica, minado por sucessivos escândalos de corrupção, e onde 43% dos eleitores estão indecisos, o espaço para o imprevisto é grande — alertam analistas. A tónica de discurso “musculado” que o caracteriza põe em delírio os seus seguidores, conhecidos por “bolsominions” (uma referência aos lacaios dos desenhos animados). São inevitáveis os paralelismos com Donald Trump que, contra todas as previsões, acabou por ser eleito. A violência da retórica de Bolsonaro ultrapassa a do Presidente dos EUA; Bolsonaro é conhecido por defender a pena de morte, a ditadura militar, a liberalização do porte de arma e a esterilização dos pobres; e parte para esta corrida eleitoral com a maior taxa de rejeição — 76% dos brasileiros dizem que nunca votarão nele. Um indicador quase tão determinante quanto a taxa de aprovação num sistema eleitoral que tem duas voltas.

Há 19 anos (1999), dizia ao jornal “O Estado de S. Paulo” que admirava o então Presidente venezuelano Hugo Chávez: “É uma esperança para a América Latina, e gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil. Ele vai fazer o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força.”

Ao longo de 28 anos de atividade parlamentar, Bolsonaro só apresentou 176 propostas; destas, só duas chegaram a lei — uma, sobre a redução do imposto sobre eletrónica (1996), e outra sobre o uso da fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do cancro”, medicamento sem resultados comprovados que viria a ser suspenso pelo Supremo Tribunal. Em 2014, Bolsonaro foi eleito pelo estado do Rio de Janeiro; sob o tema da segurança — o homem que diz que “bandido bom é bandido morto”— não apresentou uma única proposta.

Apesar da sua medíocre prestação como deputado num Parlamento maioritariamente conservador, é conhecido no Congresso por vários processos e condenações. São os casos do elogio ao coronel Ustra, ex-comandante do DOI- CODI — polícia política do exército durante a ditadura brasileira —, que foi um dos torturadores da ex-Presidente Dilma Rousseff, ou da apologia da violação quando, há dois anos, se dirigiu à deputada do PT, Maria do Rosário, e lhe disse que não a “iria violar, porque não merece”.

Este ex-militar apresenta-se como um impoluto defensor da honestidade, apesar de ter sido eleito pelo Partido Progressista (PP), e de este partido ser o mais citado na “Operação Lava -Jato”, com 21 dos seus 50 deputados a contas com a justiça. 

Com Exame e Expresso.pt

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Redação