Tenho por hábito de começar as minhas dissertações salientando que não sou nem escritor, nem historiador e muito menos analista politico. Mas tenho um grande «defeito» ou «mérito», de ler tudo o que me passa pelas mãos. Ora, um dos livros escritos por Juvenal Cabral, pai de Amilcar Cabral, passou pelas minhas mãos.
Amilcar Cabral é uma figura ímpar na História de Cabo Verde e da África e sem nenhuma contestação, o pai e fundador da Nação Caboverdeana. No entanto, há algumas questões por resolver, relativas à saída de alguns membros do PAIGC. Seria por discordar com o Partido, ou para não entrar em choque com o lider máximo Amilcar Cabral? Não tendo informações que possam ajudar a esclarecer esta pertinente questão, podemos simplesmente avançar que a «ideia/chave» da Unidade Guiné - Cabo Verde, essência mesmo do PAIGC, não foi apenas uma das razões do assasinato de Amilcar Cabral, mas também da fuga de alguns membros do Partido. Ora, a intransigência de Amilcar a este sujeito faz-nos pensar no livro do seu pai, onde ele defende as vantagens de uma espécie de parceria entre Guiné – Cabo Verde.
Mas, Amilcar levou ao extremo esta teoria, querendo honrar ideias do seu pai, ou fazendo-as passar como suas, caindo numa espécie de ditadura intelectual sobre este assunto. Esta atitude teria levado os mais inconformistas a abandonarem o Partido, pois não combateram a ditadura fascista do colonialismo para cairem numa teia de ditadura intelectual revolucionária. Acho que, passados mais de 40 anos de Independência, os altos dirigentes do PAIGC, ainda vivos, deveriam ter a coragem de desvendar este mistério, pois isto só dignificaria mais o Partido, fazendo «tabua rasa» da sua História o que já devia ter sido feito no momento da abertura política, que conduziu ao regime democrático actual. Esperemos que as nossas preces sejam brevemente ouvidas!!!
Quanto à Indepencência das Ex-Colónias (hoje países fazendo parte dos PALOP mais Timor Leste), com excepção de Timor Leste, há mais de quatro décadas que adquiriram a Independência. Então, perguntamos por que ainda se mantem o nome do partido de luta pela Independência: PAIGC, PAICV, MPLA, FNLA, FRELIMO, RENAMO, MLSTP e FRETLIN. Pensamos que já é mais do que tempo suficiente, para que os responsáveis políticos reflictam sobre este tema e que de Partidos Nacionalistas se tornem verdadeiros Partidos Políticos Democráticos!
A Ideologia Revolucionária Nacionalista deveria ter acabado com a aquisição das respectivas independências. Isso não só não aconteceu, como as políticas marxista-leninista aplicada de forma extrema, conduziram à ditadura nacionalista ideológica de esquerda, embora estivessem combatendo pela independência, só que contra a ditadura fascista do regime colonial.
Pois, se a luta pela independeência já faz parte da História, com a sua obtenção, perpetuar este ideal, mantendo o nome dos Partidos, tal e qual, é uma aberração, que só se justifica, para conservar o saudosismo revolucionario nacionalista, salientando «Somos nós», Combatentes da Liberdade da Patria, os artilheiros desta revolução, quando, ao contrário deviam estar empenhados em manter a memória viva deste glorioso passado ensinando História à sua juventude política.
Agora analisemos cada país independente específicamente:
O I já não faz sentido nenhum, pois já é um país independente;
E GC deixou de existir com o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980. Assim perguntamos qual é a legitimindade do PAIGC?
Os dirigentes políticos acharam por bem suprimir o G do PAIGC e que tudo ficaria em conformidade. Onde está a legitimidade desta manobra política?
Mas o MpD, não fica também para menos: Então temos ou não temos democracia? Porque continuar com Movimento para a Democracia? Extrapolando um pouco podemos chegar à «teoria da revolução permanente». Isto não vos lembra nada?
Aí está o L a libertar S.Tomé, mas de quê? Só se for do seus larápios políticos!
De que é que Angola precisa ser libertada? Tavez dos seus corruptos politicos!
Frente de Libertação e Resistência Nacional para libertar quem e resistir contra quem? Quem sabe dos seus fantasmas políticos?
Frente de libertação contra quem? Dos seus proprios filhos.
Em conclusão, diremos que já é tempo mais do que suficiente para se «libertar destes pressupostos» partidos politicos revolucionarios aplicando a teoria da evolução (por memória, lembramos que a evolução é revolução sem R – R/Evolução) a sua «extinção» ou melhor «transformação» em verdadeiros partidos politicos democraticos.
Autor: Zefra
Nome artistico do: Dr. José Manuel Fragoso
Médico Cirurgião Sénior
Hospital Agostinho Neto (HAN)
Praia, aos 16 de Janeiro de 2020
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