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“Somos a oportunidade que São Miguel precisa. A atual liderança está desgastada, sem ideias e desalinhada com as aspirações dos Micaelenses”
Entrevista

“Somos a oportunidade que São Miguel precisa. A atual liderança está desgastada, sem ideias e desalinhada com as aspirações dos Micaelenses”

Neste exclusivo ao Santiago Magazine, Sílvio Tavares, candidato do PAICV à Câmara Municipal de São Miguel, nas eleições autárquicas de 1 de dezembro próximo, fala das suas motivações, da sua visão para o concelho e afirma que os Micaelenses já se aperceberam que chegou o momento de mudar de rumo, na medida em que a atual liderança “se encontra desgastada, sem ideias, sem visão, sem energia, sem equipa alinhada com os anseios dos munícipes”.

Santiago Magazine - O senhor concorre nas listas do PAICV para Presidente da Câmara Municipal de São Miguel. Quais são as suas principais motivações políticas, profissionais e pessoais para entrar nesta aventura?

Sílvio Tavares - Tendo em conta o meu percurso desde 2004, participando em organização não governamental como Centro Juventude, e logo depois, na Cruz Vermelha em São Miguel, onde exerci nos últimos 5 anos o cargo de presidente, ou seja, conto 20 anos contribuindo voluntariamente no desenvolvimento económico e social do município onde nasci, cresci e me fiz  homem.

Durante o meu percurso académico na Universidade de Santiago tive a oportunidade de contribuir grandemente nas ações académicas e sociais como vice-presidente da associação de estudantes daquala universidade, fazendo jus à minha responsabilidade.

Ainda no meu percurso vale destacar o meu papel enquanto empresário há 14 anos e sendo representante da Enacol – SA, em Santiago Norte Litoral para distribuição de gás, ou seja, representando uma das maiores empresas do país nos municípios de Santa Cruz, São Miguel e Tarrafal.

Portando, tendo essas valências que me permitiram ganhar conhecimentos valiosos, ajudando pessoas mais vulneráveis e conhecendo e convivendo de perto com as dificuldades, mas também com as potencialidades das pessoas e do próprio município, logo não podia recusar o convite feito pelo PAICV para disponibilizar e contribuir para o desenvolvimento do meu querido município. Essas são de facto as razões que me fazem acreditar que juntamente com a minha equipa posso contribuir da melhor forma para um desenvolvimento sustentável e harmonioso do nosso município.

O que o leva a acreditar que São Miguel precisa de outra liderança?

A resposta é muito simples. Somos a oportunidade que São Miguel precisa. A atual liderança ou chefia, se posso assim dizer, se encontra desgastada, sem ideias, sem visão, sem energia, sem equipa alinhada com os anseios dos munícipes, sem conexão com os parceiros, tanto públicos como privados, e sem apoio da população que por duas vezes lhe confiou os seus votos.

Ao longo dos últimos 8 anos, os Micaelenses viram-se assaltados de uma forma moderna, com promessas e publicidades enganosas, pequenas obras sem impactos na melhoria da qualidade vida, sobretudo porque são obras que não estão alinhadas com as potencialidades do município e com as atividades geradoras de rendimento. Por outro lado, o atual presidente da Câmara ignorou as empresas locais, contratando empresas maioritariamente de outras paragens, contribuindo negativamente para a promoção do empresariado local e para a economia municipal.

São factos que nos interpelam à reflexão, na medida em que São Miguel tem perdido oportunidades com a atual liderança e candidato a mais um mandato, que mais não é do que uma candidatura para continuar a condicionar os nossos empresários e o nosso futuro, adiando os legitimos sonhos dos nossos jovens, adultos e de toda a população Micaelense. A nossa candidatura está a trabalhar para  dar ao nosso concelho uma outra oportunidade, no sentido de alavancarmos os nossos recursos endógenos, as pessoas, os jovens, numa lógica de inclusão e de oportunidades para todos. Daí o nosso lema: São Miguel pa nôs tudu”.

Hoje é sentida a energia negativa em São Miguel, é sabido que o povo precisa de alivio e esperança para encontrar novos caminhos para realizar os seus sonhos e objetivos.

Portanto, é nesta perspectiva, ao ouvir a voz do povo e as suas necessidades, é que tomei a decisão de me candidatar, tendo em conta o meu percurso pessoal e profissional, que se alinha com a espectativa do povo de contribuir para “São Miguel pá nós tudo”, um São Miguel onde os bens das famílias são salvaguardados, as pessoas tenham oportunidades de trabalhar, conquistar e realizar os seus sonhos e, ademais, permitir que este município tenha esperança para todos os aqueles e aquelas que o escolheram para vive.

Se for eleito, o que é que faria diferente daquilo que tem sido feito até agora no seu concelho?

Antes de mais, queremos afirmar que vamos ser eleitos porque o povo de São Miguel já se apercebeu que chegou o momento de mudar de rumo, de mudar as perspetivas de governação local, de mudar de visão. E afirmamos que faremos tudo diferente do que tem sido feito no nosso concelho, sobretudo nos últimos 8 anos.

Vamos reforçar a democracia participativa. Faremos uma reforma administrativa notável, permitindo que cada munícipe sinta incluído para contribuir com as suas ideias e competências, fazendo com que as decisões da administação municipal sejam alinhadas com os anseios da população, criando uma forte sintonia entre as instituições públicas e privadas como formas concretas de promover a transparência e assim incentivar e catapultar a relação de confiança com a população.

Vamos trabalhar no reforço institucional, apostando no diálogo e na valorização dos recursos locais, estreitando e respeitando os parceiros públicos e privados implementando uma maior articulação, cooperação e concepção de medidas que resolvam problemas de todos os Micaelenses.

Vamos apostar na economia local, tendo o setor primário como prioridade da nossa governação. Acrditamos que “AGRICULTURA é O CAMINHO”. Esta frase é de um grande munícipe deste concelho, conhecedor da realidade local e com a qual estamos de acordo.

Vamos apostar fortemente no setor da pesca que permite maior emprego, produção, transformação e venda dos produtos, aumentando assim  o rendimentos das famílias. A mesma posição teremos com a agropecuária, um setor que alimentou e alimenta todos nós, fazendo-nos homens e mulheres fortes e de sucessos.

Os jovens são o presente e o futuro de São Miguel. Vamos trabalhar na criação de uma rede de participação dos jovens, suportada através da formação, capacitação, dinamização de iniciativas e ideias novas de forma a criarem empregos que impactam suas vidas a curto, médio e longo prazos.

“Nôs grandis, nôs rikeza”. Vamos implementar projetos para melhorar a qualidade de vida dos nossos idosos e reformados e captar os seus valores e experiências para a concepção e efetivação de politicas públicas locais.

O ordenamento do território e planeamento urbano estarão entre as nossas prioridades, salvaguardando o lema “respeito pelo território, respeito pelas pessoas”. Queremos um concelho planeado, ordenado, coeso e sustentável, respeitando a propriedade privada para assegurar uma adequada organização do território, salvaguardando o património cultural e valorizando os espaços rurais e a orla costeira.

Já agora, quem é Sílvio Tavares?

Sílvio Tavares é filho de João Correia e Luiza Ramos, um jovem nascido e criado em São Miguel, mais concretamente em Achada Batalha, tem 37 de idade, é pai de 5, e é um ativista social, empresário e político.  Um homem sensível, ciente do seu papel enquanto cidadão livre, consciente e agregador de valores sociais e culturais de um país cristão, vinculado aos princípios humanitários como amor, solidariedade, partilha e trabalho. Trabalho para si, para os outros, para a comunidade, para o país. Trabalho para o desenvolvimento.

O que pensa da política em Cabo Verde?

A política em Cabo Verde precisa de uma reforma profunda, precisa ser encarada como um ato nobre que contribua para a edificação de um país mais resiliente, mais sustentável e mais próspero para o seu povo. Cabo Verde precisa, e deve exigir mesmo, o que os atores políticos sejam entidades sérias, competentes, engajadas com o bem comum e com o desenvolvimento. Nota-se, com frequências, que muitas vezes as pessoas entram na política e não trabalham para honrar a confiança dada pelo povo, que é trabalhar em defesa do interesse público e para a promoção do potencial económico dos municípios, ilhas e do país no seu todo.

Sendo ainda jovem, que conselhos daria aos jovens cabo-verdianos no que respeita à participação política?

Diria aos jovens para entrarem na política, despindo o casaco do medo e vistindo o da coragem, no sentido de, com a força e a energia próprias dos jovens, trabalharmos para reverter o percurso sinuoso e negativo que o país atravessa no seu processo de desenvolvimento, fruto, em certa medida, da pouca participação da camada juvenil e da descrença na política e nos políticos. Na história do mundo, os jovens aparecem sempre como a grande força das mudanças sociais, culturais e políticas. É este o designio de o papel que a história reserva aos jovens, de modo que os jovens devem assumir a sua missão que a história lhes confere – atores das mudanças. Cabo Verde precisa da participação dos seus jovens para a materialização das necessidades de mudança que se fazem sentir em todos os setores do desenvolvimento nacional.

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