Quem deve avançar com o processo de regionalização em Cabo Verde?
Entrelinhas

Quem deve avançar com o processo de regionalização em Cabo Verde?

Esta pergunta pode parecer insensata, mas não é. É que ela ganhou legitimidade face às afirmações que o primeiro-ministro fez hoje em Mindelo, segundo as quais se fosse pela sua vontade a regionalização já era uma realidade em Cabo Verde.

Ulisses Correia e Silva reagia assim às palavras do movimento Sokols 2017, onde esta organização da sociedade civil afirma que ele terá enganado o povo de São Vicente, quando prometeu avançar imediatamente com o processo de regionalização do país, caso saísse vencedor das eleições de Março de 2016.

E ganhou as eleições! Está na liderança do país há 18 meses e não conseguiu ainda mostrar o seu programa político sobre este dossier. Que, diga-se, foi o ponto forte da sua proposta de campanha eleitoral! E reina um silêncio incómodo lá pelas bandas do palácio da Várzea, quando mais de um terço do mandado já está percorrido.  

Daí a legitimidade e a oportunidade destas questões. Quem deve avançar com o processo de regionalização em Cabo Verde? De quem é esta responsabilidade? Se a responsabilidade deste processo não for da entidade que o prometeu – e que hoje dirige o país – então de quem é? Do parlamento? Do Presidente da República? Da oposição? De quem?

Porque o primeiro-ministro – o homem que manda nos recursos públicos, gere o Estado e decide sobre as suas diferentes funções executivas – já disse que se fosse da sua vontade este assunto estaria há muito encerrado.

Tratando-se, como efectivamente se trata, de um dos processos mais importantes no quadro das propostas de reforma do Estado que tem sido falado entre nós, Santiago Magazine lança o presente repto a quem direito, no sentido de responder às questões acima levantadas, para informar a nação e repor a verdade dos factos.

E o país agradece. Porque, por entrelinhas, reina o sentimento de que, ou alguém quer brincar com a boa-fé da nação, ou os discursos políticos em presença andam na contramão dos programas e projectos sufragados nas urnas, em Março de 2016. E esclarecer esta confusão é o mínimo que se pode esperar de quem se afirma promotor de um Estado parceiro, dialogante e focado no cidadão. 

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