Morreu esta madrugada o grande escritor e poeta Oswaldo Osório pseudónimo de Osvaldo Alcântara Medina Custódio, vítim de doença prolongada, aos 85 anos.
Oswaldo Osório nasceu em 1937, no Mindelo. Fez os estudos secundários e o seminário em Nazareno. Exerceu várias funções profissionais, como trabalhador de rádio, funcionário público, empregado de comércio, presidente da União dos Sindicatos, diretor do "Suplemento de Poesia dos Anos 80", Voz di Povo, co-fundador da página de cultura Seló, onde iniciou a sua atividade como poeta e prosador.
Sempre activo nas suas atividades políticas, estreitamente ligadas às ações culturais durante o regime de Salazar, Osvaldo Osório, foi preso por duas vezes.
Da sua produção literária, salienta-se os poemas de luta Caboverdeamadamente Construção Meu Amor (1975), Cântico do habitante. Precedido de Duas Gestas (1977), a peça de teatro Gervásio (1977), e o romance Desde as Portas de Roterdão (ainda por publicar). Colaborou, ainda em publicações diversas, como Seló, Alerta, Vértice, Notícias de Cabo Verde e Raízes. A sua obra encontra-se também em várias antologias de literatura africana.
A RTP fala dele como "poeta, contista, dramaturgo e ensaísta, é um marco na cultura de Cabo Verde e continua a publicar, apesar de ter perdido a visão, em 2004. 'A Sexagésima Sétima Curvatura' foi editada a duas mãos, em 2013, com a ajuda da companheira de uma vida".
De Filinto Elísio, poeta e editor, um choro de emoção: "Tudo parado, com tristeza, torpor e lágrima, mas também 'a seca o sol o sal o mar a morna a morte a luta o luto' pela partida do poeta Osvaldo Alcântara Medina Custódio, um dos mais finos literatos de Cabo Verde. Tudo parado, em luto, como enlutada terá de estar a Nação Cabo-verdiana. Let them get by, amigo/irmão Oswaldo Osório!"
Jorge Tolentino, homem da cultura e das leteras, escreveu estas palavras: "Escritor incontornável de Cabo Verde e das Literaturas em Língua Portuguesa, Combatente da Liberdade da Pátria, Cidadão a tempo inteiro, sempre nutrindo um profundo amor por suas e nossas ilhas. Foi um dos cabouqueiros da Política Cultural neste Cabo Verde independente, da frente editorial e da leitura à da recolha das tradições orais, passando pela Literatura, as revistas, os suplementos culturais... Ele desdobrava-se.
É simplesmente extraordinário o seu legado!"
Osvaldo Alcântara Medina Custódio nasceu no Mindelo, a 25 de novembro de 1937. Começou por ser empregado de comércio e funcionário público, só depois a vida se encarregou de o unir à política e à escrita. ‘Caboverdeanamente Construção Meu Amor’ foi a sua obra de estreia, em 1975 e dois anos depois edita ‘Cântico do habitante, Precedido de Duas Gestas’, sempre sob o nome de Oswaldo Osório. Já na prosa, podemos encontrar ‘Cantigas de Trabalho – Tradições Orais de cabo Verde’, de 1977, o ensaio ‘Emergência da Poesia em Amílcar Cabral’, de 1985, ou o romance ‘Nimores e Clara & Amores de Rua’.
Em 2004, teve de se adaptar à nova condição de vida. Uma doença hereditária fez com que perdesse a visão, mas a impossibilidade de escrever, não o afastou do trabalho de poeta. A sua companheira escreve as palavras de Oswaldo à medida que ele as dita: um trabalho a dois que continua a dar frutos. Em 2013, já com 70 anos, o cabo-verdiano publicou mais um livro de poesia, ‘A Sexagésima Sétima Curvatura’. ‘As Ilhas do Meio do Mundo’ é o título do seu mais recente romance
Em 2022, o Governo promoveu um Festival de Literatura que homenageou "o Senador das letras, Oswaldo Osório, pelos seus valiosíssimos préstimos à Literatura Cabo-Verdiana e Lusófona".
Santiago Magazine escreveu dele assim, em 2018: "Escritor e poeta, Oswaldo Osório, homem culto e “cristão” como faz questão de frisar, está prestes a lançar a sua mais recente obra literária, o livro de poemas «Tiresias» e que aborda inquietações existenciais e temas atuais, em particular, o desenvolvimento tecnológico a contrastar com “o homem moralmente em queda". Uma mensagem universal e, sobretudo, dirigida ao seu público preferido, a juventude mais necessitada de boas mensagens e bons valores. Aos 80 anos, embora invisual desde 2005 por uma degeneração dos nervos ópticos, Oswaldo Osório permanece muito activo na sua escrita, ele que é dono de mais de uma dezena de obras".
Em 2023 lanço "Teresias II", aos 84 anos.
O colectivo de Santiago Magazine presta-lhe homenagem e endereça aos familares as sentidas condolências.
Saber mais: oswaldo-osorio-tem-novo-livro-de-poemas-tiresias-vai-ser-lancado-em-breve
Comentários
Leão Vulcão, 31 de Out de 2024
Osvaldo Alcântara, homem de Fé,
não tem medo de morrer;
Não tem mais que ajoelhar,
Não tem mais que implorar,
Nem clamar aos sete céus.
Um homem de Fé não morre.
Poeta Osvaldo Alcântara,
um sabe-tudo, pensador,
entendedor,
crânio, sábio,
erudito,
perito,
versado,
letrado,
sabido, instruído.
Descanse em Paz, Poeta Maior.
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Sousa de Zebedeu, 31 de Out de 2024
Osvaldo Osório era muito mais que um poeta e prosador. Um patriota de gema e pan-africanista à sua maneira. Dotado de um compromisso ético fora de comum. Um homem acima da média, que escrevia a duas mãos, consentidamente. Isto é, uma dele, fazendo de arrimo e de pivô, e outra da sua esposa, por fenomenal cumplicidade e completude. Valeu a pena a vida que levaste Anjo da Pena!
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Casimiro centeio, 31 de Out de 2024
Descanse em paz, Querido Poeta do Povo!
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Manuel Roberto, 31 de Out de 2024
Um astro subiu aos céus. O escritor e o homem deixá-nos cheios de tristeza. Foi- se um amigo e amigo da família.
Sentidos pêsames a todos os famíliares.
Farwell poeta!
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