INMG justifica ausência de alerta para chuvas torrenciais em São Vicente com falta de equipamentos
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INMG justifica ausência de alerta para chuvas torrenciais em São Vicente com falta de equipamentos

O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) atribuiu hoje à falta de equipamentos, como radares meteorológicos, a ausência de um alerta específico para as chuvas intensas que, na madrugada desta segunda-feira, atingiram a ilha de São Vicente, provocando pelo menos seis mortos, desaparecidos e avultados prejuízos materiais.

Segundo a presidente do INMG, Ester Brito, citada pela Inforpress, a situação foi provocada por uma onda tropical que, de forma súbita, se intensificou na sua trajetória, transformando-se num centro de baixa pressão de 1.006 hPa ao passar pelas ilhas de São Nicolau, São Vicente e Santo Antão. Em São Vicente, registaram-se 163 milímetros de chuva em apenas duas horas, entre as 03h00 e as 05h00, valor que “excedeu de longe a norma para a ilha”.

A responsável sublinhou que esta intensificação ocorreu quase exclusivamente em termos de precipitação, sem ventos fortes, o que a torna um fenómeno “atípico” e mais difícil de detetar antecipadamente. “Nós não podemos prever a intensidade da precipitação”, afirmou, explicando que apenas com o uso de radares seria possível emitir alertas mais detalhados e em tempo útil.

Ester Brito esclareceu ainda que o INMG não emitiu qualquer alerta formal antes do evento, mas sim a previsão diária habitual, atualizada regularmente. “Utilizamos imagens de satélite e modelos de previsão, mas sem radares não conseguimos estimar a quantidade exata de chuva que poderá cair”, reiterou.

O comandante do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, Major Domingos Tavares, confirmou que não foi recebido qualquer aviso prévio por parte do INMG, o que impediu a ativação antecipada de mecanismos de prevenção.

As autoridades locais já confirmaram seis vítimas mortais, estando em curso operações de busca para localizar os desaparecidos. Equipas e maquinaria pesada estão a ser mobilizadas para desobstruir estradas, especialmente na zona do Calhau e nos acessos à cidade, enquanto persistem cortes de eletricidade e falhas nas comunicações.

Apesar de o centro de baixa pressão já se ter afastado do arquipélago, o INMG mantém a vigilância sobre o estado do mar, que poderá apresentar ondulações de até 3,5 metros, e recomenda cautela nas zonas costeiras.

Ninguém, até agora, foi demitido ou se demitiu do cargo.

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