Conselho de redação da RCV critica queixa do MpD contra Carlos Santos
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Conselho de redação da RCV critica queixa do MpD contra Carlos Santos

O conselho de redação da Rádio de Cabo Verde (RCV) criticou a queixa do MpD contra o jornalista Carlos Santos, manifestando surpresa e considerando-a uma tentativa de condicionamento, com apreciações subjetivas.

"A queixa contra o jornalista Carlos Santos fundamenta-se em apreciações meramente subjetivas", sem factos concretos que sustentem as acusações de violação das leis que regem a atividade jornalística, defendeu o Conselho de Redação da Rádio de Cabo Verde (RCV), em comunicado, após reunião realizada na quarta-feira.

"Pelo teor do documento, cheio de insinuações e acusações, fica evidente a intenção de um ataque direcionado ao jornalista Carlos Santos, pondo em causa o seu profissionalismo e expondo-o ao achincalhamento público de forma gratuita", destacou.

"Tudo não passa de uma clara tentativa de condicionar o jornalista em causa e, de forma geral, toda a RCV no exercício de um jornalismo que se quer livre e independente. Não se vislumbra no documento qualquer facto concreto passível de ser considerado um atropelo às leis que definem os limites da atividade jornalística", apontou.

O comunicado do CR recordou que o estatuto editorial da RCV estabelece que o serviço público de radiodifusão "não está ao serviço de nenhum Governo, partido político, organização religiosa ou de qualquer poder ou grupo de interesse".

"A RCV goza da liberdade e independência relativamente a qualquer doutrina ou ideologia, poder político, económico ou de outra natureza, não se sujeitando à censura de qualquer espécie", acrescentou.

O órgão manifestou "total apoio e solidariedade" ao jornalista Carlos Santos e exortou todos os profissionais da RCV a continuarem a exercer o jornalismo respeitando a lei da Comunicação Social, a Constituição da República, o Código Deontológico dos Jornalistas e demais legislação vigente no país.

O MpD apresentou uma queixa junto da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC) há uma semana, alegando falta de isenção e pluralismo na escolha de convidados, na condução do programa da manhã e, entre outros pormenores, no conteúdo partilhado pelo jornalista no seu perfil pessoal no Facebook.

Carlos Santos, diretor da RCV por duas vezes desde 2006, presidiu à Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) e lançou, em 2017, o livro "O Megafone do Poder", no qual analisa a evolução da comunicação social no país e critica as "fragilidades" das políticas públicas para o setor.

Há dois dias, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) apelou à ARC para proteger os direitos e liberdades, rejeitando a queixa do partido no poder.

Por sua vez, a AJOC classificou a queixa como uma "tentativa de intimidação e condicionamento da liberdade de imprensa", manifestou "total apoio" a Carlos Santos e garantiu que estará atenta a "qualquer tentativa de censura ou coação contra profissionais da comunicação social".

Marco Fonseca, diretor da RCV, também expressou "total apoio e confiança" no jornalista. Tanto a AJOC quanto a direção da RCV consideraram que a queixa carece de fundamentos para avançar junto da ARC.

O secretário de Estado Adjunto para a Comunicação Social, Lourenço Lopes, afirmou na semana passada que tensões são naturais em democracia e recordou que a lei permite que organizações ou partidos políticos que se sintam prejudicados recorram às autoridades.

Para o governante, "nenhum jornalista em Cabo Verde pode dizer que tem interferência do Governo relativamente ao seu trabalho".

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Comentários

  • Liketerra, 25 de Jan de 2025

    .
    Dou cá um exemplo
    Uma escola divulga e leva aos alunos conhecimentos históricos de Cabo Verde, dentro da dose necessaria e suficiente.
    No entanto, na Ilha do Sal, numa Escola Privada que até alberga o Consulado de Portugal, se transformou num bureau partidario em metralhadamente os alunos são incutidos de ensinamentos/doutrina de um unico part

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