• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
TACV admite que actual operação não dá para pagar todas as contas. Inclusive salários
Economia

TACV admite que actual operação não dá para pagar todas as contas. Inclusive salários

A TACV admite dificuldades no pagamento dos salários de julho e que o actual nível de actividade da companhia aérea não paga todas as contas. A empresa diz ter sido "duramente fustigada pela pandemia".

O Conselhyo de Administração da TACV reconheceu esta quarta-feira dificuldades no pagamento dos salários de julho e que o actual nível de actividade da companhia aérea “não gera receitas suficientes para honrar todos os compromissos”.

A empresa reafirma que o capital humano é o seu bem maior e que tudo está sendo feito para normalizar a situação do pagamento do salário de julho de 2022. A empresa, à semelhança de muitas outras empresas de aviação, foi duramente fustigada pela pandemia de Covid-19, tendo registado perdas colossais”, refere em comunicado a companhia, renacionalizada em julho de 2021.

A posição surge após um ofício do Sindicato Nacional dos Pilotos da Aviação Civil (SNPAC), dirigido a várias entidades e à administração da TACV ter sido divulgado publicamente, na qual é colocada em causa as condições de segurança em que companhia opera e os atrasos nos pagamentos dos salários, entre outros alertas.

No comunicado, a administração da TACV refere que “retomou as operações de forma cautelosa e tímida para garantir que seja segura e continua”, inicialmente com voos apenas entre Praia e Lisboa, desde o final de dezembro, após uma paragem de toda a atividade que se verificava desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020. Com apenas uma aeronave, os voos foram alargados já este ano das ilhas de São Vicente e do Sal para a capital portuguesa.

A dimensão da retoma, com apenas uma aeronave e somente voos para Lisboa, não gera receitas suficientes para honrar todos os compromissos, nomeadamente, os da operação corrente, dívidas acumuladas do passado, reembolso dos passageiros e os salários. Todavia, há que começar. Todos os pagamentos, inclusive os referentes à operação, têm sido feitos com atrasos, mas esta realidade não é um exclusivo da TACV”, reconhece a administração.

Acrescenta que o “suporte financeiro do acionista Estado tem sido imprescindível para garantir a continuidade da empresa” e realça que a companhia “tem procurado cumprir com os regulamentos das autoridades aeronáuticas e a legislação laboral em vigor”.

São os trabalhadores que representam a empresa e é com eles que vamos restabelecer a imagem e a confiança na companhia. A postura de todos os envolvidos ditará o sucesso da empresa”, lê-se ainda.
 
A nota refere também que a companhia, que já anunciou para este ano a intenção de retomar as ligações a Boston e incluir uma segunda aeronave na frota, apresentou um Plano de Retoma e Estabilização 2022-2023 em dezembro passado, que foi aprovado pela assembleia-geral.

O plano deverá ser financiado com recurso a várias fontes de financiamento. Decorrente das alterações do mercado, o plano foi atualizado em junho de 2022. Tendo sido apresentado a todos os representantes sindicais da empresa, inclusive o sindicato dos pilotos. A recuperação da confiança na companhia de bandeira só é possível com o envolvimento dos seus trabalhadores, com a colaboração e ajuda de todos os cabo-verdianos”, salienta.

A companhia ficou temporariamente impedida de voar para a Europa em julho último, por não ter renovado um certificado, situação entretanto normalizada, e viu na mesma altura o Governo anunciar um acordo extrajudicial com os islandeses da Icelandair, que lideraram a TACV entre março de 2019 e julho de 2021, devido ao processo que envolveu a sua renacionalização.

Uma das principais preocupações da empresa foi criar condições para uma operação segura, que passa obrigatoriamente pela formação e avaliação de todo o staff da empresa. A aeronave Boeing 737-700, matrícula D4-CCI [alugado à angolana TAAG desde março], entrou na frota da TACV a 8 de maio de 2022. Antes da sua entrada na frota, a aeronave recebeu trabalhos de manutenção com recurso a componentes e peças que faziam parte do ‘stock’ existente e outras adquiridas para o efeito”, esclarece ainda a administração.
 
Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a companhia vai precisar de 30 milhões de euros do Estado até 2023.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

Entretanto, na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia deCcovid-19, o Estado cabo-verdiano assumiu a 6 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão, e dissolveu de imediato os corpos sociais.

Partilhe esta notícia