Rombo de 40 mil contos na AdS. Conselho de Administração já caiu
Economia

Rombo de 40 mil contos na AdS. Conselho de Administração já caiu

Má gestão de recursos financeiros e irregularidades na aquisição de bens e serviços terão causado um rombo de quase 40 mil contos na AdS, segundo uma auditoria realizada pelo MCA, principal financiador da empresa. O Conselho de Administração já foi demitido e o novo não encontra consenso – Rui Évora e Olívio Ribeiro estão para já confirmados.

Uma assembleia geral dos sócios, realizada em finais de Agosto foi determinante para a queda do Conselho de Administração da Águas de Santiago, empresa pertencente aos nove municípios da ilha e liderada pelo engenheiro, José António Pinto Monteiro, e pelos administradores Floresvindo Barbosa, economista, e Vital Fernandes, geógrafo.

Mas antes de se efectivar a queda do Conselho, ao que Santiago Magazine apurou, o próprio MCA já havia manifestado o seu desconforto em relação a esta administração, chegando inclusive a aconselhar o Governo a se desfazer dela.

De acordo com as nossas fontes, as motivações do MCA são muitas e se prendem com uma eventual má aplicação de fundos por parte da administração, suspeitas que uma auditoria encomendada pelo fundo norte-americano veio a confirmar. Por exemplo, todos os membros do conselho da administração possuem uma viatura ligeira da empresa para seu uso pessoal.

O luxo dos gestores da AdS não pára por aqui: salários acima da média, subsídios e demais mordomias, como mobiliário doméstico, entre outras, são benesses que o CA atribuiu a si mesmo. A auditoria destacou existências de cheques emitidos em nome de administradores, e que se destinavam à aquisição de mobiliário doméstico deste. As nossas fontes denunciam concretamente um cheque em nome do administrador Vital Fernandes que seria destinado à aquisição de mobiliário para a sua residência.

Tudo isso, refira-se, pago por uma empresa em fase de instalação e que paga aos seus colaboradores de topo um salário acima da média nacional: o presidente da Ads recebe mensalmente um salário líquido de 217 contos, correspondentes a 2 mil, 604 contos anuais. Os dois administradores recebem por mês um montante líquido de 197 contos, o que dá 2 mil 364 contos anuais para cada um. As chefias intermédias recebem 165 contos mensais, correspondentes a mil 980 contos.

Neste momento, a crer nas nossas fontes, o director financeiro, José António Lopes, considerado o principal responsável pela gestão da AdS, encontra-se em Portugal, onde residia há vários anos. Consta que o presidente da empresa, José António Monteiro, já entrou para a reforma, e o administrador Floresvindo Barbosa encontra-se em gozo de férias fora do país. Vital Fernandes é o único que ainda está na empresa a aguentar a nomeação de novos administradores.

Em conversa com um dos accionistas, Santiago Magazine ficou a saber que já existem nomes sobre a mesa para o novo Conselho de Administração da empresa, mas tem havido problemas para formar a equipa, uma vez que nem todos os nomes propostos reúnem consenso junto dos presidentes de Camara de Santiago.

Até agora, apenas Rui Évora, antigo trabalhador do INGRH, e Olívio Ribeiro, antigo presidente da Assembleia Municipal de São Miguel, tiveram aprovação dos accionistas na assembleia geral de finais de Agosto. O terceiro indicado, Nilton Correia, técnico da Agência Nacional de Águas, não passou, assim como o Francisco Tavares, ex-presidente da CM de Santa Catarina, que terá sido quase unanimemente rejeitado. Por isso falta ainda uma terceira pessoa para se fechar o trio que irá conduzir a AdS nos próximos tempos e que deve ser empossado agora em Dezembro.

Santiago Magazine quis estabelecer contacto com o presidente da Mesa de Assembleia Geral da AdS, Beto Alves, mas até ao fecho da reportagem foi infrutífera a tentativa de chegar à fala com o presidente da CM de Santa Catarina. O presidente da Associação dos Municípios de Santiago, Clemente Garcia, autarca em São Domingos, prometera falar sobre o assunto depois um posicionamento da Mesa da Assembleia Geral, pelo que continuamos sem a sua posição.

E vale acrescentar que, além de uma alegada má gestão, com reflexos no funcionamento deficiente da AdS e que vem merecendo criticas em todos os nove concelhos da ilha, os próprios presidentes de Camara desde cedo se incompatibilizaram com a equipa gestora da empresa responsável pela distribuição de água em Santiago, por causa do modo como vinham gerindo a sociedade.

A AdS é uma empresa recente. A comissão instaladora da empresa começou a trabalhar em 2014, com a produção de documentos, estudos e projectos necessários para o arranque operacional do negócio, que iniciaria um ano depois, ou seja, em 2015. Esta seria a primeira fase dos trabalhos. A segunda seria a realização dos projectos de redes de distribuição, reservatórios e instalação dos serviços administrativos, comerciais e financeiros da empresa.

Assim, a crer nas nossas fontes, em pouco mais de 3 anos, esta empresa terá consumido já acima de um milhão e 200 mil contos, sendo certo que cerca de 80 por cento deste dinheiro resulta do financiamento do MCA. Pelo meio, a empresa terá ainda contraído um crédito bancário no valor de 350 mil contos com o aval do Estado. Só para a montagem dos serviços a empresa contava com cerca de 105 mil contos.

É neste dinheiro, é que a empresa adquiriu 11 viaturas ligeiras, das quais 4 destinadas aos administradores e ao director financeiro da empresa. A empresa adquiriu 20 motorizadas para os serviços operacionais. E é aqui é que a auditoria terá registado actos irregulares de gestão, consubstanciados em aplicações duvidosas num volume financeiro perto dos 40 mil contos.  

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