A empresa importadora de cereais Moagem de Cabo Verde (Moave) confirmou hoje a ruptura de stock de milho no país, enquanto que a empresa Suinave, produtora de ração animal, denuncia fuga de “informação privilegiada” e açambarcamento.
Contactado pela Inforpress hoje o técnico administrativo da Moave, Irineu Barros, explicou que o problema, que já vem de alguns dias e que já tinha sido denunciado, sobretudo pelos criadores de animais, tem que ver com os atrasos registados a nível dos transportes na importação.
“De momento não temos milho e não estamos a vender. A previsão é que já em Janeiro possamos repor o estoque e retomar as vendas”, disse, adiantando que para além do milho há rupturas de outros produtos importados, que não revelou.
Em declarações à Inforpress, o director-geral da Suinave, José Eduardo, adiantou que esse problema tem provocado muitos prejuízos à sua empresa, que se dedica à produção e comercialização de ração animal e revenda do milho.
Entretanto, José Eduardo denunciou aquilo que chamou de açambarcamento do produto por parte daqueles que tiveram a “informação privilegiada” sobre a previsão de stock.
“Acontece que o meu concorrente não está a sentir falta de milho. Ele é abastecido pela CIC (Companhia de Investimento de Cereais), um importador directo, e porque o seu stock estava baixo, a CIC reservou todo o milho para esse meu concorrente, tipo de um açambarcamento”, denunciou.
Por outro lado, o director- geral da Suinave adiantou que os chineses, avisados do início da implementação do programa de mitigação dos efeitos do mau ano agrícola e possível ruptura de milho, compraram grande parte do cereal que estava no mercado a 1.600 escudos para depois vender por aproximadamente 2.200 escudos por saco.
“Alguém os avisou da ruptura do milho e não avisou a nós que somos os principais responsáveis pela implementação do programa com disponibilização de ração, medicamentos, vacinas, equipamentos e assistência técnica”, disse.
José Eduardo adiantou que, neste momento, a Suinave está a despachar três contentores de matéria-prima para a produção de ração animal, mas que está de mãos atadas porque está sem milho.
“A chegada do novo stock do milho está prevista para a segunda quinzena de Janeiro. Imaginem uma empresa que tem que pagar empréstimo bancário, pagar os mais de 40 funcionários sem produzir e vender”, disse, indicando que neste momento está a fazer venda racionalizada de ração para evitar que os criadores fiquem sem alternativa.
Por isso pede ao Governo que tome as medidas com as empresas importadoras e tome conta da situação de açambarcamento que tem deixado as empresas produtoras e os próprios criadores de animais em sufoco.
“As outras empresas estão envolvidas na criação de animais, fazem açambarcamento de produtos para salvaguardar os seus animais. Quando não há ruptura de milho no mercado, são concorrentes da Suinave, quando há apenas criadores. O Governo precisa tomar medidas”, sublinhou.
A Inforpress contactou também a Upranimal, uma outra empresa que se dedica à produção e comercialização de ração animal. A técnica comercial, Telma Semedo, avançou que embora tenham conhecimento da ruptura do stock de milho, a empresa ainda tem uma quantidade suficiente para aguentar até a reposição desse cereal no mercado.
A Agência tentou o contacto com a CIC, mas não teve sucesso.
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