Esta posição foi assumida à Inforpress pelo responsável do empreendimento turístico Stella Maris, Elvio Rosa, para quem, entretanto, a referida infraestrutura é muito bem-vista pelos operadores e também pela população.
Os operadores económicos e turísticos na ilha consideraram hoje que, passado um mês após a inauguração das obras de modernização do Porto, ainda não se sente nenhum impacto daquela infraestrutura.
Aproveitando a ocasião para parabenizar o Governo pelo trabalho feito, o empresário frisou, porém, que ainda não estão a sentir o impacto da “nova” infraestrutura na dinamização do fluxo turístico e na economia local.
Um dos grandes constrangimentos, de acordo com aquele representante, tem que ver com a questão da fiabilidade e da falta de programação das viagens a médio ou longo prazo por parte da agência Interilhas, que caso fosse feita, facilitaria aos passageiros, principalmente os turistas na planificação das suas viagens nos seus países de origem, bem como a certeza de que poderão regressar sem grandes constrangimentos.
“Por causa dessa situação, tivemos muitos cancelamentos por parte dos nossos clientes. Por isso, estamos sendo muito afectados com esta questão”, enfatizou, acrescentando que “um turista não consegue, por exemplo, com esta situação, fazer a sua reserva para daqui a três meses, porque ao entrar no sistema da agência não consegue encontrar nenhuma informação, quanto mais para comprar um bilhete”, notou.
Para o gestor do empreendimento turístico Stella Maris, o maior desejo e necessidade dos maienses passa a ser, de agora em frente, por uma ligação diária com a Cidade da Praia, o que admitiu ser uma alternativa para impulsionar, tanto o turismo como o comércio entre as ilhas de Santiago e do Maio e, quiçá, também beneficiar os emigrantes maienses que se descolam à ilha para passar as férias.
A mesma opinião é defendida pelo gestor do empreendimento turístico Casa Évora, Hernani Teixeira, que entende que a situação continua na mesma, uma vez que a programação das viagens, tanto marítima como aérea, continua a ser praticada como nos moldes anteriores, ou seja, antes da entrada do funcionamento do sistema rol on rol off, o que na sua opinião não trouxe nenhuma melhoria.
De acordo com o gestor da Casa Évora, a frequência da ligação com o navio Liberdadi ou outros navios do tipo não tem estado a funcionar como desejariam, salientando que após as festas do município, aquele navio não aportou à ilha mais do que cinco vezes.
Por isso, disse esperar que a situação venha a melhor com pelo menos duas ou três ligações por semana, e transportando mais passageiros com a implementação de uma programação fiável e regular.
“Ainda estamos a receber turistas que marcam as suas reservas para um tal dia, mas que infelizmente acabam por chegar um ou dois dias depois, por causa da falta de regularidade das viagens e acabam por sentirem as mesmas dificuldades no regresso aos seus países de origem”, notou.
Abordado pela Inforpress, o operador económico Sebastien Jolivet, proprietário do minimercado Kulor Café, também advogou que a situação continua “muito péssima”.
Lembrou que na passada terça-feira fez uma ordem de embarque em que trouxe as suas mercadorias num camião, através do qual as suas mercadorias chegaram todas frescas, o que lhe deixou satisfeito, mas, para o seu espanto, quando o camião regressou ao porto do Maio para ser recolocado no navio, este já tinha partido para Cidade da Praia antes do horário previsto e até então não conseguiu receber nenhuma explicação por parte da empresa, enquanto a referida viatura ficou retida na ilha com perdas para o proprietário.
“Ainda estamos a receber as nossas mercadorias, chegam com o navio Praia D´Aguada e sempre à noite e isso nos dificulta muito, porque às vezes temos que fazer a descarga dos contentores à noite, e muitas no dia seguinte, e ficamos sem saber como proceder, visto que somos obrigados a sacrificar os nossos trabalhadores para prestarem um serviço à noite e temos que os pagar por isso”, enfatizou.
Aquele operador informou ainda que os seus produtos permanecem no armazém por quase uma semana e que em quase todas as viagens trazem produtos congelados e ao chegarem à ilha permanecem no porto durante a noite e só conseguem trazê-los para o armazém no dia seguinte, o que na sua opinião pode colocar em perigo a qualidade dos produtos e mesmo a saúde das pessoas.
Por estas e outras razões, aquele operador económico considerou ser urgente um encontro entre a classe e a empresa Interilhas, no sentido de lhes serem informados sobre os novos procedimentos e encontrarem uma alternativa melhor para o transporte das suas mercadorias, por se sentirem prejudicados com a forma com tudo este processo está a ser conduzido.
Tryana Castro, proprietária do Lunch Bar Horace Silver, argumentou que a inauguração das obras de modernização e ampliação do porto trouxe-lhe inicialmente um novo “fôlego e esperança”, mas admitiu que até ainda as coisas ainda não melhoraram, defendendo a necessidade de se ter na linha aos fins-de-semana uma embarcação rápida como a Liberdadi, visto que é mais rápido do que o navio Praia D´Aguada.
Embora tenha admitido que a situação da ligação já melhorou significativamente em relação aos anos anteriores, sublinhou que estavam à espera de melhor. Por isso, admitiu ser necessário mais regularidade e fiabilidade nas viagens, salientando que nos últimos tempos tem havido um turismo que tem servido apenas as “estatísticas”, realçando que muitos preferem trazer todas as suas mercadorias e ficar num apartamento e que acabam por não consumir nas unidades hoteleiras.
Aquela proprietária defendeu que a partir de agora a ilha passa a precisar de uma ligação diária com a Cidade da Praia, considerando que isso trairia mais dinâmica económica à ilha.
Frisou que é preciso criar esta rotina e para tal sublinhou que é o momento ideal para se retomar o projecto ´hub marítimo´, que foi criado durante a pandemia, ligando várias ilhas do país a partir da ilha do Maio.
“Maio é uma ilha perfeita para fazer isso, porque um navio sai da Cidade da Praia para ir a Boavista ou Sal poderia passar pelo Maio e deixar os passageiros e no regresso apanharia os passageiros no Maio que queiram viajar para Praia, o mesmo poderia acontecer também com as ilhas de S. Vicente ou são Nicolau. Isso sim, permitiria a funcionalidade do referido hub marítimo”, conclui.
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