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Fogo Coffee Spirit e Associação de Produtores do Café têm linguagem diferente, admite Amarildo Baessa
Economia

Fogo Coffee Spirit e Associação de Produtores do Café têm linguagem diferente, admite Amarildo Baessa

A empresa Fogo Coffee Spirit e a Associação dos Produtores do Café, Pró-café, utilizam linguagens diferentes e por isso nunca estiveram em sintonia, admitiu o responsável da empresa, Amarildo Baessa.

Para o mesmo, enquanto a associação e o seu presidente têm “linguagem e objectivo político”, a Fogo Coffee Spirit tem “linguagem e objectivo meramente empresarial”, sublinhando que “nunca as duas instituições estiveram sintonizadas” porque, explicou, o presidente da Associação dos Produtores do Café  foi primeiro mentor para que a associação deixasse de cumprir o acordado, que era incentivar os produtores a vender cerejas de café à empresa.

Amarildo Baessa, ao esclarecer as críticas endereçadas a Fogo Coffee Spirit aquando da realização da última edição do festival do Café do Fogo, disse que a sua empresa cumpriu a sua parte, que era fornecer plantas de cafeeiro, dinheiro para abertura de covas para plantio de cafeeiros e dar formação aos proprietários interessados.

O mesmo lembrou que pela primeira vez a empresa conseguiu produzir 130 mil pés de mudas de cafeeiros, que distribuiu aos agricultores, acrescentando que nas coisas boas a associação não está disponível para fazer referência, por falta de conhecimento ou porque pretende utilizá-las para fins políticos.

Mesmo em relação ao preço de aquisição de cerejas de café, considerou, a empresa cumpriu o acordado, subindo o preço de 80 até 150 escudos por quilograma de cerejas, mas lembrou que o acordo não era vitalício e não existia nenhum vínculo jurídico que obrigasse as partes a mantê-lo.

“Um dos pontos acordados era a debulha do café dos proprietários, mas a empresa não está vocacionada para investir nos equipamentos para debulhar café de terceiro. A filosofia da empresa é comprar, processar, transformar e comercializar o café e não faz sentido abrir portas para processar café de terceiros para depois competir com a própria empresa”, referiu o responsável.

Mesmo neste particular, referiu, o preço praticado para debulhar café dos proprietários não é elevado, porque não é apenas a debulha em si, mas inclui a limpeza, separação dos grãos e outros procedimentos agregados ao processo, e não se compara com o modelo tradicional de debulha.

Para o mesmo, a convivência entre as duas instituições mostra-se difícil porque a empresa quer comprar o café e os produtores não vendem, porque entendem que o preço do café do Fogo deve ser o mais caro de todos os cafés do mundo.

“Não são os produtores dos Mosteiros que determinam o preço do café, até podem colocar os seus preços, mas não é determinante para o preço de café no mercado internacional que é determinado na Bolsa de Valores”, referiu Amarildo Baessa, salientando que a empresa não tem compromissos com associação, mas mesmo assim está aberta para comprar café e com mesmo privilégio anterior.

O responsável da Fogo Coffee Spirit estranha que a associação e o presidente queiram tirar proveito da empresa, quando há quatro anos afirmou que a mesma estava falida, e a primeira coisa que fez foi enviar emails para o parceiro holandês (Fundo Holandês) e para todas as direcções do Ministério da Agricultura, incluindo o ministro, a exigir contas porque a empresa estava sendo mal gerida.

Como consequência, pontuou, o Fundo Holandês suspendeu a atribuição do subsídio financeiro de cinco mil euros, criando assim constrangimento à empresa.

Apesar do objectivo da empresa não ser a prática da agricultura, chegou a fazer plantação de cafeeiros no terreno de Estado nas zonas Altas dos Mosteiros com financiamento do Fundo Holandês para depois entregar aos agricultores interessados em continuar a produção para fornecer cerejas à empresa a partir das plantas fixadas pela própria empresa mediante um acordo que beneficiava empresa e os agricultores.

Contudo, continuou, o presidente da Associação dos Produtores do Café transformou a disponibilização dessas parcelas de terreno pelo anterior governo em questões políticas.

A mesma fonte lembrou que o objectivo era aumentar produção de café e ter como resultado mais cerejas, aumentar a produção e a exportação, a mão-de-obra e o lucro, sublinhando que quem valorizou o preço do café do Fogo foi a empresa Fogo Coffee Spirit que colocou o café na cadeia de Starbucks, nos Estados Unidos da América, na Holanda, Japão e agora na empresa Flor da Selva, em Portugal.

Neste momento há um novo “joint-venture” e está em cima da mesa uma nova estrutura de sócios e a empresa vai ter nova estrutura social sem pôr em causa a funcionalidade e continuará aberta a proposta para compra de café e sua exportação para o exterior.

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