Iolanda Monteiro é natural de São Vicente, gostava de conhecer a Boa Vista e espera que esse desejo venha a concretizar-se, caso os preços dos bilhetes baixem, com o regresso da TACV aos voos domésticos.
“Penso que os preços das passagens vão baixar, porque são exorbitantes”, previu à Lusa a professora reformada, sentada num banco no Aeroporto da Praia, à espera do voo para a sua ilha natal, após consultas médicas na capital.
Ao longo dos anos, as ligações aéreas têm-se tornado imprevisíveis em Cabo Verde, sujeitas a atrasos e cancelamentos recorrentes, causando indignação no arquipélago, tanto por parte de residentes, como de turistas estrangeiros, que também se queixam dos preços dos voos.
“Se as passagens fossem mais baratas, eu ia conhecer a Boa Vista”, disse Iolanda, à espera de maior concorrência no setor.
Quando sai de sai da ilha de São Vicente, o destino mais frequente é a vizinha ilha de Santo Antão, uma vigem de barco de 50 minutos.
As ligações aéreas entre as ilhas de Cabo Verde são operadas há mais de seis anos por uma única companhia, em regime de concessão, atualmente entregue à empresa angolana BestFly, que comprou a maioria do capital da Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV), antes detida pelos espanhóis da Binter.
No entanto, os problemas avolumam-se e a transportadora aérea cabo-verdiana TACV, atualmente nas mãos do Estado, anunciou na terça-feira o regresso aos voos domésticos em Cabo Verde, quase sete anos depois de ter deixado em exclusivo para a concessão da TICV.
Quem também espera redução das tarifas é Eliseu Fortes, professor, atleta e treinador, que faz pelo menos 12 viagens por ano entre as ilhas de Cabo Verde e só não faz mais porque a oferta é pouca.
“Esse é o nosso maior 'calcanhar de aquiles' para o crescimento dessa modalidade [atletismo] na nossa ilha e em Cabo Verde”, lamentou o atleta, natural de Santo Antão, também no aeroporto da Praia antes de apanhar o voo da BestFly para São Vicente.
Por isso, não podia estar mais contente com o regresso da TACV aos voos domésticos.
“Muitos dizem que Deus nunca falha, mas já chega atrasado”, disse Fortes, que quer ter mais opções para viajar no país, onde as ligações de barco "também têm falhado”.
A companhia aérea de bandeira cabo-verdiana vai operar com um avião ATR - com perfil para voos regionais, levando cerca de 70 passageiros - alugado à Air Senegal e inicialmente a partir dos quatro aeroportos internacionais: Praia, Sal, São Vicente e Boa Vista.
“Mesmo sendo nesta primeira fase só para quatro ilhas, já é um bom início e, quem sabe, daqui uns meses, possa fazer viagens para as outras ilhas”, previu Carlos Vieira, natural de São Nicolau, uma das outras três ilhas com aeródromos no país, a par de Fogo e Maio.
Carlos Vieira faz pelo menos seis viagens entre as ilhas de Cabo Verde e duas internacionais por ano e é “muito fiel” à TACV, pelo que espera que a companhia “volte para ficar” a fazer ligações interilhas.
“Em Cabo Verde, como em qualquer outro país, temos de ter concorrência”, vincou, esperando, igualmente, a redução dos preços das passagens.
Zenildo Oliveira, natural da ilha do Maio, é guia e acaba de fazer o ‘transfer’ de um grupo de turistas estrangeiros no Aeroporto da Praia, que também vai seguir viagem para São Vicente.
Na terça-feira tudo correu bem, mas nos últimos tempos disse que se têm registado “muitos constrangimentos” devido ao cancelamento de voos internos, e saudou o regresso da TACV, que usa o nome comercial Cabo Verde Airlines (CVA).
“É uma boa notícia, todo o mundo vai ganhar, o país e o nosso turismo”, afirmou o guia turístico, que anualmente faz pelo menos quatro viagens entre as ilhas de Cabo Verde, mas gostaria de ter mais opções e preços mais baixos para fazer mais.
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