
A TICV voltou hoje a disponibilizar bilhetes para voos internos em Cabo Verde em abril, mas mantém suspensa a venda para maio, sendo conhecida a existência de um diferendo entre a entidade reguladora e aquela companhia aérea BINTER Cabo Verde.
A informação resulta de uma consulta feita pela Lusa à página da Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) na Internet, em que voltou a disponibilizar bilhetes para os vossos de abril, ao fim de vários dias de suspensão.
Contudo, para os voos do mês de maio mantém-se a impossibilidade de compra de bilhetes, de acordo com a mesma consulta.
A Lusa contactou a administração da TICV, a única companhia que opera voos domésticos em Cabo Verde, e a Agência de Aviação Civil (AAC), sobre este diferendo, mas não obteve qualquer comentário até ao momento.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse na quarta-feira que o Governo está a mediar um diferendo entre a entidade reguladora e a companhia aérea, para evitar suspensão de voos a partir de 01 de abril.
“É um diferendo que tem a ver com a aplicação de normas e de regras que a empresa entende não dever ser da forma como está a ser aplicada e a AAC entende de uma forma diferente. O Governo está a intermediar para podermos encontrar uma solução que normalize a situação”, afirmou o chefe do Governo.
Contudo, Ulisses Correia e Silva garantiu que o executivo está a fazer uma intermediação sem interferir nas competências da entidade reguladora do setor.
“Pode intermediar sem interferir nas competências da reguladora, facilita o diálogo, entendimento e a procura de soluções”, referiu o primeiro-ministro, acreditando que o diferendo entre as duas entidades será resolvido nos próximos dias.
O caso foi denunciado pela Associação das Agências de Viagens e Turismo (AAVT), que esta semana se mostrou preocupada com a indisponibilidade de voos domésticos a partir de abril e alertou para danos "irreparáveis" caso a situação não seja revertida.
“É com muita preocupação que a AAVT tomou nota, a partir dos seus associados, da indisponibilidade de voos da Transporte Interilhas de Cabo Verde (TICV) no sistema GDS de vendas de passagens aéreas, a partir do dia 01 de abril, sem uma explicação plausível dos responsáveis”, alertou a associação em comunicado enviado à imprensa.
Para a mesma agremiação empresarial, trata-se de “uma situação inusitada” e que, sobretudo nestes tempos difíceis para a aviação civil, vem acrescer às dificuldades económicas sentidas pelas agências de viagens nacionais.
“Torna quase impossível a planificação e venda antecipada de passagens áreas, inclusive, a nível internacional, já que os emigrantes e outros passageiros da diáspora recusam-se a adquirir passagens aéreas para Cabo Verde, sem garantia de ligações internas aéreas às diferentes ilhas”, prosseguiu a associação.
Numa nota assinada pelo seu presidente, Mário Sanches, a AAVT sublinhou ainda que a situação provoca “dificuldades acrescidas” para as agências, “numa altura em que a sobrevivência dos negócios está por um fio, com a crise global, resultado da covid-19”.
“A agravar ainda mais a situação, os contactos estabelecidos com as entidades competentes não resultaram em nenhum cabal esclarecimento, estando as agências de viagens nacionais em completo escuro sobre as causas e, mais importante, as soluções e prazos para a resolução definitiva do problema”, declarou.
“Daí que instamos a quem de direito a tudo fazerem para a resolução imediata desta questão, por forma a evitar mais danos às agências de viagens e que poderão revelar-se irreparáveis com o agravar da situação crítica com que nos deparamos, de momento”, terminou a nota.
Em 11 de março, o Governo de Cabo Verde assinou um protocolo de colaboração com várias instituições públicas e privadas ligadas ao turismo, entre elas a AAVT e a TICV, com várias medidas para promover o turismo interno.
O documento visa a promoção de atividades que permitam o desenvolvimento de parcerias conjuntas e cooperação multilateral e da parceria institucional para potenciar o fomento do setor do turismo interno, especialmente em tempo de pandemia e de pós-pandemia de covid-19.
Um dos aspetos do protocolo será a redução dos custos de tarifas de transportes de 40% em relação à tarifa base de referência, para venda exclusivamente em pacotes turísticos interilhas.
Na altura, o presidente da AAVT considerou a assinatura do protocolo como um “momento marcante” que poderá representar um “ponto de viragem” para as empresas do setor e uma “luz ao fundo do túnel” para “salvação dos negócios” de várias agências, bastante afetadas pela crise pandémica.
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários