A aeronave que levaria o empresário colombiano, acusado de ser testa-de-ferro do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, à Flórida estava em pleno vôo com destino a Cabo Verde (mal soube do despacho do STJ a autorizar a extradição de Saab) , quando a defesa de Saab interpôs recurso de última hora no Tribunal Constitucional que atrasará o processo entre duas semanas e dois meses,
Assim que o STJ emitiu o despacho que autoriza a extradição de Alléx Saab para os EUA - detido desde 12 de Junho do ano passado na ilha do Sal pela Inerpol, a pedido dos Estados Unidos - , as autoridades federais de Washington trataram de todas as démarches para levar imediatamene o empresário colombiano para Miami, Flórida, num vôo que duraria 13 horas.
O jornal digital infobae.com, usando também informações da agência de notícias espanhola EFE e ainda do jornal colombiano El Tiempo, conta que um avião Gulfstream G-550, com capacidade para 14 passageiros pertencente à DEA (US Drug Control Administration), estava a horas de chegar a Cabo Verde para se preparar para o transporte imediato de Saab a Miami. É a mesma aeronave que veio a Cabo Verde numa viagem-relâmpago com agentes federais prontos para levarem Saab quando saiu a decisão de extradição no Tribunal da Relação de Barlavento.
Diz a publicação que os agentes responsáveis pela operação em Cabo Verde estavam confiantes de que a manobra seria executada com tanta rapidez que não daria aos advogados da Saab tempo para requererem medidas cautelares para impedir a extradição. "Embora a defesa da Saab já tenha o recurso pronto, qualquer decisão, por mais rápido que seja o mecanismo de amparo, pode durar 24 horas e a essa altura o Sr. Saab já estará em solo americano" , disse uma fonte do El Tiempo .
No entanto, isso não aconteceu. "A defesa da suposta figura de proa de Maduro conseguiu efectivamente atrasar o processo com a interposição de recurso. Mas se esta última medida não der certo - o que poderia ser resolvido em um prazo entre duas semanas e dois meses - Saab será efectivamente extraditado para o país norte-americano, onde é acusado de lavagem de dinheiro", escreve o diário digital mexicano.
"Se assim for, Saab será escoltado até ao Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, também conhecido por Aeroporto Internacional do Sal, por se situar na ilha do Sal. É o terminal aéreo mais importante de Cabo Verde. Deverá ser recolhido por uma equipa do DEA, que se responsabilizará pelo voo. Não ficou claro quando exatamente isso acontecerá", lê-se na peça.
O Supremo Tribunal de Justiça, note-se, indeferiu o anterior recurso da defesa de Saab e confirmou a decisão de tribunal de Relação de Barlavento . “Os juízes do Supremo Tribunal concordam em negar provimento ao recurso e confirmar, para todos os efeitos jurídicos, a decisão impugnada”, isto é, a sentença favorável à extradição proferida no ano passado pelo Tribunal de Recursos do Barlavento, sediado na ilha do norte de San Vicente, de acordo com a sentença. A alta corte diz “para confirmar a autorização judicial para a extradição do requerente (Saab) para os Estados Unidos ”.
A deliberação do Supremo Tribunal considerou ainda que Cabo Verde não está vinculado às decisões do Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) , que na passada segunda-feira, se pronunciou contra a extradição da figura de proa e ordenou a sua libertação imediata.
O colombiano, de 49 anos, foi detido pela Interpol, a pedido dos EUA, no dia 12 de Junho do ano passado quando o seu jacto particular fez uma escala técnica de reabastecimento na ilha do Sal.
O empresário, natural de Barranquilla e de origem libanesa, tem relações com várias empresas, entre as quais a Group Grand Limited (GGL), acusada de fornecer alimentos com custos suplementares para um programa de ajuda aos desfavorecidos do regime de Maduro, conhecido por CLAP. Um funcionário do governo dos Estados Unidos indicou em julho de 2019 que com os CLAPs, os três enteados de Saab e Maduro ganharam "centenas de milhões de dólares" de forma espúria.
Aléx Saab tenta a última jogada - recurso ao Tribunal Cionstitucional - para evitar a sua extradição para os EUA. Mas Washiongton já tem tudo tudo preparado para, assim que ficar confirmada a extradição, colocar Saab num avião para o levar a Miami, onde, segundo a imprensa latina, o aguarda uma prisão dura e com rígiudas condições de encarceramento - o FDC, Federal Detention Center, também coinhecido como "The Boat", o barco.
O nome de Saab ganhou destaque na mídia quando a ex-promotora venezuelana Luisa Ortega o acusou em 2017 de ser o frontman de Maduro . Segundo os EUA, entre novembro de 2011 e setembro de 2015, Saab e seu braço direito, Álvaro Enrique Pulido, lavaram até US $ 350 milhões fraudados por meio do sistema de controle de câmbio. Por terem conspirado com outros para lavar seus rendimentos ilícitos e transferi-los da Venezuela para contas bancárias nos Estados Unidos, Washington tem jurisdição no caso.
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