A presidente do Comité Organizador dos Primeiros Jogos Africanos de Praia (COJAP), que se realizam em junho na ilha do Sal, lamentou este domingo, 12 de maio, o "fraco" envolvimento das entidades cabo-verdianas, mas reconheceu falhas na comunicação da organização.
"Temos discutido, talvez não tenha sido a melhor estratégia que utilizamos de comunicação, de poder chegar a todos, mas pensávamos que toda a sociedade civil estivesse engajada nesses jogos e principalmente as nossas empresas nacionais pudessem abraçar esses jogos", disse Filomena Fortes, em entrevista à agência Lusa.
A responsável assume alguma culpa da organização e não apenas dos patrocinadores, por não terem “utilizado as melhores estratégias” para chegarem a toda a população de Cabo Verde.
Questionada se o fraco envolvimento de entidades cabo-verdiana pode ser justificado com o facto de serem jogos de praia, num país ainda dominado pelo futebol, a presidente do COJAP justificou que tudo ainda é novo.
"Temos várias dificuldades com os desportos ‘indoors’, é sempre uma dificuldade enorme conseguir espaços de treino, quando nós temos praia e areia em todas as ilhas. É uma questão de mudarmos o ‘chip’, darmos um clique e dizer porque não apostar mais nos desportos de praia, na praia e nos desportos náuticos, que, com certeza, levarão Cabo Verde a outros patamares", disse.
Dizendo não ter "nada contra" os desportos de pavilhão, a também presidente com Comité Olímpico disse que uma maior aposta nos desportos de praia poderia dar mais visibilidade a Cabo Verde.
Filomena Fortes lamentou ainda a falta de experiência, conhecimentos e recursos humanos no país, considerando também uma dificuldade o facto de não serem realizados na capital Praia, além do orçamento, embora tenha tido o apoio do Governo (453 mil euros) e da Associação dos Comités Olímpicos Africanos (500 mil dólares).
As empresas que se associaram ao evento vão ajudar, sobretudo, ao nível da prestação de serviços, o que permitiu baixar para quase metade o orçamento inicial de cerca de oito milhões de dólares, que " seria insuportável para um país como Cabo Verde".
A um mês do arranque do evento, Filomena Fortes adiantou que a organização está a limar arestas em todas as áreas para uns Jogos que têm confirmados, até ao momento, 47 países, sendo que Eritreia, África do Sul, Gabão, Sudão e Quénia não vão marcar presença por causa de "questões internas".
"Claro que era nossa intenção que estivessem cá todos, mas mais de 50% dos países estar cá presente já é uma grande vitória", enalteceu Fortes, acrescentando que a ausência de alguns países obrigou a uma reestruturação do programa.
Pela primeira vez, Cabo Verde vai ter um torneio de futebol de praia em feminino e de futebol ‘freestyle’, além de os finalistas do voleibol de praia se qualificarem para os Jogos Olímpicos Tóquio2020.
"Isso enche-nos de orgulho e também isso mostra que as confederações africanas e as federações a nível mundiais estão convictas que iremos organizar boas competições", referiu, lembrando que há outras modalidades que farão provas qualificativas Jogos Mundiais de Praia, em outubro, em San Diego (Estados Unidos).
Questionada sobre as aspirações de Cabo Verde a nível desportivo, a presidente da comissão organizadora disse que as federações estão a apostar numa participação "com dignidade" e que uma medalha "será sempre bem-vinda".
Os primeiros Jogos Africanos de Praia vão decorrer de 14 a 23 de junho, na ilha do Sal, com 800 atletas a disputarem 11 modalidades.
Com Lusa
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