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Sem dramatismo na realidade ilha
Cultura

Sem dramatismo na realidade ilha

 

I

Aaah! Se eu pudesse voar. Não. Se todos os ilhéus pudessem v-o-a-r. As asas do cabo-verdiano seriam douradas do mar e do mundo. De certeza, não seria, a última pessoa a saber: V-o-a-r. Caso fosse, a última, a saber v-o-a-r, ficaria no segredo dos deuses e qual Santíssima Trindade (?) E acabava por contrariar toda a Lógica da Existência Humana de que sou deste mundo e do outro.

II

Nas Ilhas, não gostaria de ver alguém distraído, só porque o SOL está a brilhar, durante, 365 dias e vê-se dali de janelas abertas ao mar e ao mundo pedras esculpidas pelo SOL e pelo VENTO. Nas ilhas, a natureza das coisas nos obriga a não deixar pedra sobre pedra e a não esquecer do Verbo sobre o Verbo. Nas ilhas, o Verbo é sempre polissémico com as palavras: Amor, Esperança, Saudade, Flor e Mar, até, o nada

III

Nas Ilhas, por tudo, ficarei comprometido entre o sonho e a vida, dou por mim a sofrer, unicamente, do mal da inveja nesta ilha que sou e somos herdeiros, povoada d’algumas mestiças rugas e não poucos cabelos brancos. Ah! As ilhas deviam ser todas ingénuas como o sorriso das crianças.

IV

Nas Ilhas, lembrei-me do poeta e cronista português Manuel António Pina – MAP- vencedor do prémio Camões 2009 -, a sua obra é principalmente construída por poesia e literatura infantojuvenil. Logo, recordei-me da sua emblemática obra infantojuvenil que tem um bonito nome: ”O rio é de ouro” \ Mi rio es de oro. Eu respondo na minha ilha “ O mar é salgado” \ Mi mar es salgado.

V

Nas Ilhas, recordo da minha bonita prendinha Natal de 1991. Fora um caderninho de poemas “ Um sítio onde pousar a cabeça”, exclusivamente, destinados a ofertas pessoais da Edição do autor, tirado em 100 exemplares fora do mercado. Pena… Muita pena (!) é de não haver no mercado d-a-s-i-l-h-a-s uma balança de precisão para poder pesá-lo. Leve, leve de gramas de peso. Leve, leve de conteúdo sublime. Não tenho nada. Mas nada (!) que agradecer ao laureado Prémio Camões 2009. Mas sei. SIM! Duma divida já liquidada ao CAFÉ ÓRFEU do Porto. CAFÉ ÓRFEU das tertúlias e vivências líricas das metamorfoseadas palavras escritas, ditas, e ainda, das mágicas e naïf pincelada dos poemas do MAP por José de Guimarães. E a divida! Ela ficou saldada, assim: Nas Ilhas, outra vez, um fim-de-semana, na cidade da Praia com ciúmes do bairro onde a Terra é Branca. É verdade. “ Um Sítio onde Pousar a Cabeça”! Leve… leve de gramas de peso. Leve… leve de conteúdo sublime. Aaah! Se eu pudesse voar sem dramatismo na realidade Ilha.

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Redação