O ex-presidente timorense José Ramos Horta manifestou este sábado, 25 de outubro, o seu apoio pessoal e de Timor-Leste a uma possível candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago a Património da Humanidade da Unesco.
“O que Cabo Verde precisar [para a candidatura do Campo de Concentração a Património da Humanidade], eu a nível pessoal, e o nosso Governo em Timor-Leste que tem uma colaboração activa com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), obviamente que apoiemos proactivamente se assim o Governo de Cabo Verde desejar”, adiantou Ramos Horta.
José Ramos Horta, que se encontra em Cabo Verde a participar no Morabeza-Feira do Livro, falava à imprensa após uma visita ao também Museu da Resistência, onde esteve acompanhado pelo ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente.
Para o Nobel da Paz de 1996, o facto de o arquipélago ter “grande prestígio” a nível internacional e da ONU e por fazer coisas “bem pensadas” e planeadas e que “não improvisa”, assim como tem ganhado sempre em outros processos que tem metido no sistema da ONU e outros, vai também conseguir vencer este processo, referindo-se à futura candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago a Património da Humanidade.
Devido também, reforçou, à “simpatia e profissionalismo” com que Cabo Verde “faz as coisas”.
O ex-Presidente da República que já tinha visitado aquele espaço em 1977 aquando da sua primeira visita a Cabo Verde recordou que o arquipélago e Timor-Leste têm experiências similares, por isso disse que ao ver o que considerou de “casa da memória e da história de Cabo Verde”, lembrou do que seu país viveu há menos de 20 anos.
Ramos Horta felicitaram o Governo pelo trabalho de melhoramento no ex-Campo de Concentração, uma iniciativa que, a seu ver, deve ser seguida por outros países, não só por causa do turismo, mas também para que as gerações actuais e futuras possam conhecer a história.
Por seu turno, o ministro Abraão Vicente explicou que fez convite pessoal a Ramos Horta no contexto Morabeza – Festival para visitar o Campo de Concentração, num “espaço de diálogo pela paz a nível mundial”, porque, conforme lembrou, querem transformar o também Museu da Resistência num espaço pela paz a nível mundial.
“Esta sexta-feira o levei à Cidade Velha (Ribeira Grande de Santiago) para que ele pudesse ver um pouco da mística da origem do povo cabo-verdiano (…), e era obrigatório nesse pensamento médio a longo prazo, do que queremos do Campo de Concentração para o futuro trazer uma figura que é Nobel da Paz para vir entender o que foi no passado (…)”, explicou.
Abraão Vicente, que disse acreditar que Ramos Horta ficou “muito tocado”, tendo em conta as similitudes da história do próprio Timor-Leste, acrescentou que querem aproveitar a presença dessa figura histórica para que dentro da CPLP possam juntos construir uma história que engloba os dois países antes das independências nacionais.
“O objectivo principal é credibilizar a nossa história e dá-la uma narrativa que vai além da narrativa popular e dos governos e inscrevê-la na história de pessoas que depois vão passar o exemplo e a sua experiência, nos seus discursos, participações em conferências internacionais”, vincou.
Na ocasião, anunciou que na quarta-feira, 30, vai ser lançado o concurso público para as obras de “reabilitação total” do Campo de Concentração, tendo indicado que logo a seguir ao término das obras será lançado o projecto museográfico.
Tal projecto, na perspectiva do ministro, vai dar uma “dimensão internacional” ao Campo de Concentração do Tarrafal “nunca antes visto”, aliás, lembrou, o objectivo é torná-lo no museu nacional “mais visitado de Cabo Verde” logo a seguir ao “museu ao céu aberto” que é Cidade Velha.
Com Inforpress
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