O poeta cabo-verdiano radicado em Portugal José Luiz Tavares vai estar em Cabo Verde para apresentar a sua mais recente obra “Uma Pedra Contra o Firmamento” nas cidades da Praia e do Tarrafal, em Santiago. Na quinta-feira, 12, a obra é apresentada na Livraria Pedro Cardoso, na Cidade da Praia, e, no dia 14, no Tarrafal, na Câmara Municipal do concelho que o viu nascer.
A informação foi confirmada hoje à Inforpress, em Lisboa, pelo autor, adiantado que sobre a obra “Uma Pedra contra o firmamento – Arremessos de um Rezinga com o dedo do meio apontado às fuças do mundo” falarão os professores universitários Crisanto Barros e Adilson Carvalho Semedo.
O livro, já dado a conhecer em Portugal, abarca um período de 23 anos da produção literária do poeta de Chão Bom do Tarrafal (1999/2022), e é, de acordo com a sinopse do volume, “um impressionante e edificante testemunho (que tem o seu contraponto no combate pela desratização da literatura cabo-verdiana) de um dos mais relevantes poetas cabo-verdianos da actualidade ou de qualquer outra época”.
O maciço volume, de cerca de 600 páginas, reúne discursos, intervenções, entrevistas, polémicas cívicas e literárias, notas antropológicas, históricas, paisagísticas, políticas e sociais sobre Cabo Verde, estas em regime de escritos de viagem, estudos sobre a sua obra, e até um “longo poema sobre a marginalidade poética, contraposta a uma certa marginalidade social, esta tomando como objecto os thugs da Cidade da Praia”.
Aos 55 anos, José Luiz Tavares vem com este livro “intenso e extenso” realçar o “vulto icónico e único” e a sua “singularidade nas letras cabo-verdianas e lusófonas”, por onde tem passeado a sua “sublime voz poética e a sua atitude cidadã inconformista, quando não mesmo impertinente e livremente afrontosa, desde o inaugural discurso da Fundação Calouste Gulbenkian, em junho de 2004”.
“Um testemunho para durar e perdurar, ousado e grandiloquente, no ano em que o autor comemora cinquenta e cinco anos de vida, e trinta e cinco de escrita. Invetivante e acutilante (às vezes até à irritação), mas sempre portadora duma notável sublimidade, que lhe advém da assunção plena da consciência criadora, esta não é uma corriqueira pedra rolando pelas ladeiras dos dias funcionários, mas um tremendo e aguçado calhau dirigido ao coração das letras cabo-verdianas, e não só. Como Santo Amaro, o santo rebelde e padroeiro da sua freguesia, fazendo suas estas bíblicas palavras, José Luiz Tavares não vem trazer a paz, mas sim a espada”, vinca sinopse da obra.
José Luiz Tavares nasceu no dia de Camões, 10 de Junho, em 1967, em Chão Bom (cercanias do antigo Campo de Concentração), concelho do Tarrafal, ilha de Santiago, Cabo Verde.
Estudou Literatura e Filosofia em Portugal, onde vive em “exílio voluntário”, dedicado à sua obra.
Publicou 20 livros, desde a sua estreia em 2003, com “Paraíso Apagado por um Trovão”, que, disse, vêm pondo a nu a “mediocridade do panorama poético cabo-verdiano, apesar dos seus inchados pergaminhos, via certo Caliban e outras mirabílicas misérias”.
É o escritor mais premiado de sempre de Cabo Verde, tendo recebido, no seu país e no estrangeiro, entre outros, os seguintes prémios: Prémio Cesário Verde/CMO, Prémio Mário António de Poesia/Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio Jorge Barbosa/AEC, Prémio Pedro Cardoso/MC, Prémio de Poesia Cidade de Ourense, Prémio BCA/Academia Cabo-verdiana de Letras, Prémio Vasco Graça Moura/INCM, Por três vezes consecutivas recebeu o Prémio Literatura para Todos do Ministério da Educação do Brasil, Prémio Ulysses/ The Poets and Dragons Society, e a Bolsa Fundação Eça de Queirós.
Foi finalista duas vezes do prémio ibero-americano Correntes d’escritas, Finalista do Pen Club Português, semifinalista do Prémio Portugal Telecom de literatura e Oceanos de Língua Portuguesa.
Os seus livros integram o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde e de Portugal.
Está traduzido para inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, mandarim, neerlandês, russo, finlandês, catalão, galês e letão.
Traduziu Camões e Pessoa para a língua cabo-verdiana.
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