Elly Paris protagoniza 1º beijo homossexual na história do videoclipe cabo-verdiano
Cultura

Elly Paris protagoniza 1º beijo homossexual na história do videoclipe cabo-verdiano

Cinco dias após o seu lançamento no Youtube, o novo videoclip do single “Kondê” de Elly Paris, 21 anos, já conta com quase 40 mil visualizações e promete agregar muitos mais fãs à jovem cantora.

O videoclipe produzido pela Prisma Vídeo aborda abertamente o preconceito em relação à homossexualidade na sociedade cabo-verdiana, com um enredo ousado e que culmina no primeiro beijo romântico de sempre entre duas pessoas do mesmo sexo, numa produção audiovisual nacional, com Elly e a amiga Alécia Chantre como protagonistas.

Com «Kondê» Elly Paris dá o pontapé de saída na carreira a solo, ela que é uma das integrantes da dupla Divas Paris, com a prima Djarilene Paris.

A partir da letra da música, da autoria de Elly e de uma ideia da própria cantora, o produtor musical, Naná Almeida, e o jovem realizador, Belomy Xavier, souberam interpretar e materializar este belo projecto, que está a fazer furor no Youtube.

O resultado é um casamento perfeito entre a música e o videoclipe que ajuda a passar a mensagem de forma artística, “verdadeira e sentida, com muito amor”, segundo as palavras de Paris.

O vídeo de «Kondê» poderá ser, inclusive, um separador de águas em matéria de videoclipes a nível nacional. A mensagem na composição de Elly Paris é, porém, muito mais poderosa e abrange todo o tipo de preconceito.

Com «Kondê» ela dirige-se àqueles que não sabem viver com as diferenças e nem respeitar o outro, daí o refrão «Kondê ke bzot ta oia ke essencial e vivê», que também é uma chamada de atenção em relação às vítimas do preconceito.

“Muitas vezes as pessoas são obrigadas a viver uma vida que não é delas, mesmo que isso lhes faça infelizes... O engraçado é que a sociedade nos cobra a verdade e normalmente quem mais pede a verdade é quem menos preparado está para a ouvir e mostra mais insegurança”, reflete Elly ao Santiago Magazine. 

À pergunta da nossa reportagem sobre a sua orientação sexual, a jovem esclarece não ser lésbica e nem tão pouco a sua amiga Alécia que aceitou o desafio de protagonizar a supracitada produção. Porém, afirma que não teria nenhum problema em assumir a sua homossexualidade, caso fosse essa a sua opção sexual. 

Sobrinha de Tito e Toy Paris, o amor pela música herdou dos pais, também eles cantores - Aldina Paris e Osvaldo Duarte Silva. Mas foi o R&B o estilo que lhe cativou e permitiu soltar a sua voz e a música que lhe vai na alma. “Quero ser a primeira cabo-verdiana a vencer um grammy com o R&B”, diz, já que Cesária Évora conseguira o feito cantando a música tradicional cabo-verdiana.

A cantora já pensa no seu primeiro álbum para 2019, e até lá está já a preparar o lançamento de mais três singles e videoclipes este ano, estando o próximo previsto para o mês de Março, Mês da Mulher, com a produção musical de Élvis Varela.

Aliás, uma equipa da Prisma Vídeos desloca-se a São Vicente já no próximo dia 9, e o realizador e director da referida produtora, Belomy Xavier, desloca-se à ilha do Monte Cara ainda amanhã para a preparação prévia para as gravações do novo videoclipe.

Ao Santiago Magazine, Xavier salienta o entusiasmo de fazer parte desse projecto e o bom entendimento com Elly Paris. Sobre o videoclipe de «Kondê», o realizador diz-se muito satisfeito e orgulhoso do produto final, e Elly realça a receptividade positiva, “até agora” deste trabalho que traz ainda um depoimento da famosa Tchinda, que foi um dos primeiros homossexuais e travestis assumidos de Cabo Verde, e cuja história de vida já foi, inclusive, objecto de um premiado vídeo-documentário de um realizador espanhol. Veja aqui o videoclipe de kondê:

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