das tuas lágrimas ordenho o sabor do teu perfume
da ressequida e profundeza do poço minguante
do lodo alcatrão saltita a ânsia de beijar-te
mesmo que o pássaro sangra pelas asas livres gotas de dor
abro a porta da cozinha de chaminé
na madrugada cinzenta de janeiro o homem-sol
espreita por entre pedras da parede negra esfumaçada
pintadas à mão
cheiro o fumo do perfume do teu amor vindo
da aurora renascente e desaguante
da maré baixa das pequenas ondas da praia de calheta
ouço a tua fina voz acariciando as areias solteiras
que todas as noites dormem como esbelta cama esperando o teu abraço
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