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A imortalidade em tempos de pandemia. Apontamentos avulsos de um confinado por mor da vigente situação de calamidade pública sanitária V
Cultura

A imortalidade em tempos de pandemia. Apontamentos avulsos de um confinado por mor da vigente situação de calamidade pública sanitária V

QUINTAS E ANTEPENÚLTIMAS ANOTAÇÕES SOBRE

O SUCESSOR DE GERMANO ALMEIDA COMO PRÉMIO CAMÕES 2019

(OU CONVERSAS AVULSAS SOBRE CHICO BUARQUE DE HOLANDA, BOB DYLAN, EUGÉNIO TAVARES, DILMA ROUSSEF, LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA, SÉRGIO MORO, JAIR MESSIAS BOLSONARO, ETC., ETC.)

   Felizmente que o Prémio Camões de Germano Almeida lhe foi entregue no Rio de Janeiro, depois da deliberação da sua atribuição à sua respectiva pessoa em Lisboa, no mês de Maio de há dois anos atrás, ainda ninguém poderia conjecturar que os desatinos de um certo Jair Messias Bolsonaro iriam atingir as desmesuradas proporções e as dementes dimensões de que, actualmente, todos somos, infelizmente, atónitas testemunhas oculares, radiofónicas, audiovisuais e facebookianas.

   Mas teve tudo a ver com a atribuição do Prémio Camões 2019.

Tendo sido sucedido por Chico Buarque de Holanda no mais almejado e sub-repticiamente disputado pedestal das Literaturas de Língua Portuguesa, o nosso segundo Prémio Camões pensou logo (e tornou público o respectivo e muito solicitado depoimento) que a atribuição do Prémio Camões 2019 a Chico Buarque, icónico músico e cantor brasileiro (por coincidência, seu sucessor directo dez anos depois da primeira atribuição desse Prémio a um autor caboverdiano, o poeta e romancista Arménio Vieira) mais não representaria que uma monumental réplica procedimental da atribuição do Prémio Nobel de Literatura ao também icónico músico norte-americano Bob Dylan, argumentando a Academia Sueca em defesa dessa última e muito polémica e contestada atribuição que, embora se tratando de um autor de canções, e não de um literato no sentido estreito do termo (estrito, ou restrito, corrigiu-se logo mentalmente o porta-voz da mesma poderosa Academia), as canções de Bob Dylan apresentavam um elevado e indesmentível nível de poeticidade, com isso representando, a par da qualidade humanista e fracturante das mensagens, um marco fundamental da cultura popular norte-americana. Em suma e em síntese, asseverava a Academia Sueca ter Bob Dylan "criado novos modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana".

   Relembrava ainda a Academia Sueca que também entre os Antigos Gregos os poemas eram cantados e, por isso, a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a Bob Dylan seria ainda a atribuição desse maior Prémio Literário Mundial a um escritor, mas não de romances, novelas, contos ou   dramas, mas a um escritor de canções, isto é, de poemas musicados e cantados.

   Tendo sido assim com Bob Dylan, não via o nosso segundo Prémio Camões porque ele não poderia ser sucedido por Chico Buarque de Holanda, um autor de poemas cantados tão emblemáticos como, por exemplo, “Construção”. Falando e cantando Chico Buarque com um doce sotaque e uma melosa entoação brasileira da Língua de Camões, era evidente para ele a grandeza desse autor brasileiro, só comparável, aliás, a Zeca Afonso, o mais célebre e criativo dos cantautores portugueses que ele, aliás, muito ouviu e apreciou para recriar as entusiásticas e festivas ambiências revolucionárias do pós-25 de Abril de 1974 no romance Dona Pura e os Camaradas de Abril.

   E lembrou-se então de evocar e invocar o nosso grande Eugénio Tavares, também ele um escritor de poemas cantados que são inequivocamente as nossas Mornas, aliás, elevadas pela UNESCO a Património Cultural Imaterial da Humanidade, no mês de Novembro de 2019, o mesmo da germinação da presente pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da COVID-19, na China, como agora vamos ficando a saber. Aliás, não diz qualquer caboverdiano que se preze que a poesia inscrita nas Mornas de Eugénio Tavares representa o mais elevado que se logrou conseguir na poesia caboverdiana erudita em crioulo, ademais com a doce e amorável entoação da ilha Brava? Eis pois que quaisquer dúvidas que porventura pudessem ainda subsistir na cabeça, dele próprio e de outros invejosos cépticos, ficavam, a partir de agora, e com essa blindada e insuperável argumentação, definitivamente dissipadas. Alguém ousaria contestar que a Poesia Cantada em Crioulo do Grande Eugénio Tavares, isto é, as Mornas, são Grande Poesia em Qualquer Parte do Mundo, sendo talvez ainda de maior valia estética que aquela que ele escreveu e criou em língua portuguesa? E são poemas cantados as Mornas de Eugénio Tavares; tal como são poemas cantados os funambas do trovador das ilhas, Kaká Barboza, agora um Morto Memorável erigido em estátua imaginada sobre estes tempos de pandemia, émulo na eternidade dos grandes e arrojados artesãos de sons e palavras musicais Carlos Alberto Martins, dito Katxás, Manuel de Novas, Ano Nobo, Codé di Dona, Sema Lópi, Orlando Pantera, das possantes vozes intérpretes do povo das ilhas e diásporas Ildo Lobo, Bana e Cesária Évora e das finaderas e tradicionalistas Nha Bibinha Kabral e Nha Násia Gomi; tal como são poemas cantados as canções do Prémio Nobel de Literatura Bob Dylan e são também poemas cantados as letras do agora Prémio Camões, Chico Buarque de Holanda.

E sentiu-se Germano Almeida sumamente orgulhoso e grato, digamos que totalmente dignificado e gratificado por ter sido sucedido pelo grande Chico Buarque de Holanda que, ademais, marcou toda a sua geração com as canções, corrigiu-se, com os seus poemas musicados e cantados, constituindo-se, assim, como uma espécie de banda sonora dos tempos heróicos de outrora da sua juventude irreverente e revolucionária.

   E é exactamente desses tempos heróicos de outrora que o deputado federal Jair Messias Bolsonaro não gostava nada. Não só não gostava, como detestava sumamente, ou, melhor, detestava sumariamente e odiava com toda a força irresponsável e a ignorância da sua boca suja, que chegou a convocar para o presente das lutas políticas em torno do processo de impeachment de Dilma Roussef, a contestada mas inocente Presidenta do Brasil, as cruéis e tenebrosas façanhas de um sanguinário torcionário dos tempos da Ditadura Militar brasileira que se comprazia em proclamar, em alto e bom som, que torturou pessoalmente a mesma Dilma Roussef, ainda ela era presa política capturada nas acções contra-subversivas da polícia política e das forças militares e de segurança contra a guerrilha esquerdista em que a mesma se integrava. Tempos heróicos não, contrapunha o deputado federal, mas antes tempos revolucionários vermelhos comunistas incendiários, agora representados pelo PT, de Dilma Roussef e, sobretudo, de Lula da Silva, um criminoso contumaz e corrupto que, só por isso mesmo, devia estar a apodrecer atrás das grades, atravancado a sete chaves, clamava o irado Bolsonaro, tomado de genuína fúria.

E que, depois de muitas peripécias encenadas por Sérgio Moro, o juiz federal responsável pela operação anti-corrupção lava jacto que também parecia e fazia de procurador da República, foi efectivamente preso e mantido fora da corrida das eleições presidenciais em que ele, Luís Inácio Lula da Silva, era, segundo todas as sondagens, o candidato favorito e das quais Jair Messias Bolsonaro seria afinal o vencedor, tendo o mesmo consolidado a sua posição de putativo vencedor durante a campanha eleitoral quando foi esfaqueado por um doente mental. Neutralizado, politica e eleitoralmente, Lula da Silva, e tendo Bolsonaro chegado à Presidência da República Federativa do Brasil, podia então Sérgio Moro ser devidamente (re)compensado com o lugar de Ministro da Justiça e da Segurança Pública no Executivo do mesmo Jair Bolsonaro, ficando ademais o antigo juiz federal que também assumia o papel de agente do Ministério Público com caminho livre, abertíssimo, para a próxima vaga no Supremo Tribunal de Justiça do Brasil. Até surgirem outras mais intrincadas complicações e acontecer a demissão de Sérgio Moro e, em meio à pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da COVID-19 e dos seus mais de dez mil mortos, a exoneração de dois ministros da saúde.

     Por representar, na óptica de Bolsonaro, os tempos revolucionários incendiários de outrora, de Dilma Roussef guerrilheira e de Lula da Silva e Dilma Roussef respectivamente Presidente e Presidenta da República, ou com eles compactuar, alavancados nas massas proletárias do PT, sempre potencialmente assaltantes, o ex-capitão Jair Messias Bolsonaro, agora Presidente da República Federativa do Brasil, recusou-se a assinar o diploma que atribuía o Prémio Camões 2019 a Francisco Chico Buarque de Holanda, nem sequer se preocupando com o bem-fundado e o mérito da decisão do júri, nem se extrapolando com o falado caso de Bob Dylan, outro inveterado e incorrigível esquerdista, que ganhou o Prémio Nobel numa bem forjada e orquestrada e devidamente identificada conspiração mundial judeo-comunista, gizada para a lavagem cerebral das mentes sãs, católicas, apostólicas, romanas e/ou cristãs evangélicas, guardiãs da moral e dos bons costumes da boa e fiável família tradicional brasileira.

   Jair Bolsonaro não sabia, e nem podia saber, por mor da sua inconfundível, tonitruante e indisfarçada iliteracia literário-cultural, que, além de prestigiado compositor e cantautor da chamada música popular brasileira, aliás, de fama mundial em razão da inquestionável qualidade poético-musical das suas canções e composições, Chico Buarque de Holanda era um burilador de palavras e um produtivo e imaginativo dramaturgo e autor de romances, também de grande e festejada qualidade, tendo ganho por três vezes o Prémio Jabuti, o mais importante prémio literário do Brasil (de melhor romance em 1992 com Estorvo, de Livro do Ano, pelo romance Budapeste, lançado em 2004, e, mais uma vez, de Livro do Ano, por Leite Derramado, editado em 2010) e que, ao contrário de Bob Dylan, foi sobretudo a sua condição de grande romancista que lhe permitiu ganhar um grande prémio literário, neste caso o Prémio Camões (obviamente de literatura), o maior e mais prestigiante e prestigiado de língua portuguesa. Chico Buarque seria por isso comparável a Bob Dylan somente na grande condição de músico, compositor e cantautor que ambos partilham com grande mérito, sendo no demais mais comparável ao canadiano Leonard Cohen, também literato, além de músico, compositor e cantautor, agraciado com um número impressionante de Prémios musicais e literários, entre os quais o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras, foi igualmente cogitado, talvez até com maior propriedade que Bob Dylan, para o Prémio Nobel de Literatura, ou o multipremiado romancista norte-americano Philip Roth, também desde há muito, até a morte o surpreender em 2018, listado para o Prémio Nobel de Literatura.

   Ignorando a recusa de Bolsonaro, o qual, não co-assinando conjuntamente com o Presidente português o Diploma de Atribuição do Prémio Camões, pensava condicionar a entrega formal e solene do mesmo diploma e do respectivo valor monetário, que, seguindo as regras vigentes da alternância entre o Brasil e Portugal, devia desta vez ter lugar em Lisboa, marcou-se a data da mesma entrega para o Dia 25 de Abril de 2020, o emblemático Dia da Celebração do 46º Aniversário da Revolução dos Cravos de 1974 e da queda do regime colonial-fascista em Portugal e nas suas colónias, então denominadas províncias ultramarinas.

     E isso seria um vexame, e no seu máximo, para o Presidente Jair Messias Bolsonaro, simpatizante confesso, público e notório das ditaduras de direita, quer as europeias, quer as latino-americanas, quer ainda aquelas que tão-somente se fazem públicas nas suas actuais e fingidas aparências e indumentárias democráticas com as quais vêm comparecendo sufragadas nas urnas com os políticos populistas de direita ou de extrema-direita alcandorados ao poder.

     Como também seria um vexame máximo, absolutamente insuportável, Chico Buarque de Holanda receber o diploma do Prémio Camões com a assinatura e pelas mãos, não do humanista Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa, ademais professor jubilado de direito constitucional, figura culta, leitor inveterado e compulsivo (quase uma biblioteca sonâmbula e ambulante), e comprovado e afável recolector de afectos, mas do inqualificável Presidente brasileiro, louvaminhas de torcionários, quase potencial genocida…

   Embrenhados nestas cogitações, os mais directamente interessados viriam a saber que a entrega do Prémio Camões 2019 na mais que simbólica data estipulada teria que ser adiada sine die, em virtude da abrupta irrupção da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da COVID-19 na totalidade do planeta Terra, isto é, em todos os locais do mundo onde os seres humanos inspiram e expiram o ar que circula e, se contaminado, infectam-se e expiram, assim também podendo vir a inspirar e a enriquecer os enredos e as intrigas do futuro romance anunciado de Germano Almeida, o qual certamente tomará nota das muitas falácias que por estas alturas foram ditas por entidades altamente colocadas nas instituições e nas esferas do poder, com destaque para Jair Messias Bolsonaro, o muito desbocado Presidente da República Federativa do Brasil, a propósito da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da COVID-19.  

   Para além da anedótica e francamente palerma comparação entre uma simples gripe ou um mero resfriado com a temível doença COVID-19 provocada pela infecção pelo não menos temível novo coronavírus (SARS-CoV-2), a mais terrível dessas falácias (verdadeiras patranhas, como diriam os brasileiros mais sarcásticos) foi, inspirado e convicto na sua profissão de fé neoliberal, a elaboração e as reiteradas tentativas de implementação por parte do obsoleto e ultra-reaccionário Presidente brasileiro de uma estratégia, chamada de confinamento vertical, de que seriam alvo somente os idosos e os demais integrantes dos chamados grupos de risco previamente identificados e anteriormente referidos, designadamente os doentes crónicos, tais os doentes oncológicos, os doentes renais, os diabéticos, etc., e que teria como pressuposto o prosseguimento, sem atritos e na maior das normalidades possíveis, das actividades económicas e sociais, assumindo-se expressamente o risco da contaminação de mais de setenta por cento da população pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), com a correlativa certeza de saturação e do inevitável colapso dos serviços de saúde, públicos e privados, e a real possibilidade da ocorrência de um grande número de mortes, mas esperando-se também, e em contrapartida, e no contexto de uma vida económica e social normal, contínua e interruptamente funcional e compensadoramente desregulada, nepótica e lucrativa, que uma grande parte da população viria a adquirir a chamada imunidade de grupo, tornando, assim, desnecessária e/ou dispensável a procura de uma vacina para a cura da COVID-19, com os respectivos custos exorbitantes associados à sua investigação, à sua testagem, à sua produção e à sua distribuição e às desgastantes guerras comerciais a elas inerentes e associadas.

   Deste modo, e com esta enfadada desfaçatez, e sem gaguez de casta nenhuma, são absolutamente desvalorizadas, e da forma mais indiferente, desastrosa e cruel, as vidas humanas que seriam perdidas em nome do contínuo funcionamento de uma economia desregulada, fundada no nepotismo, focada na obtenção de lucros máximos e tendo como única e hipotética contrapartida sanitária a chamada imunidade de grupo.

   O curioso é que tais ideias potencialmente genocidárias foram e são defendidas não só por políticos populistas de (extrema-) direita, como Jair Messias Bolsonaro, mas também por antigos revolucionários e actuais autocratas autoproclamados de esquerda, como Daniel Ortega, da Nicarágua, e políticos autoritários oligarcas, herdeiros das antigas nomenclaturas, agora reciclados para as delícias do capitalismo selvagem, como Lukashenko, da Bielo-Rússia.  

     Felizmente para as populações dos respectivos países, nem Donald Trump, dos Estados Unidos da América (relembre-se que, com Boris Johnson, da Grã-Bretanha, defendera a teoria do confinamento vertical e da sua imediata aplicação nos respectivos países, felizmente somente na fase inicial da propagação da pandemia, tendo depois arrepiado caminho e se rendido aos ditames do bom senso cientificamente fundamentado, depois de ter escutado abalizados especialistas da área da virologia e de outras áreas da saúde pública), com a sua actual sanha político-eleitoral a favor de um apressado descofinamento dos cidadãos e de uma rápida reabertura da economia e da vida social, nem sequer Jair Bolsonaro, do Brasil, na sua irracional persistência e na sua teimosa e nacional-populista insistência na implementação da sua estratégia neoliberal do chamado confinamento vertical, puderam levar ainda totalmente a sua avante, em razão da existência de vários pesos e contrapesos (checks and balances) no funcionamento das instituições democráticas dos respectivos países, quais sejam entes estaduais (e municipais, no caso do Brasil) federados com amplas competências para definir e aplicar as estratégias políticas e sanitárias nos respectivos territórios e áreas de jurisdição, um poder judicial independente, atento e pronto a actuar para a defesa e a salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias e outros direitos análogos dos cidadãos e das atribuições e competências dos entes federados constitucionalmente consagradas bem como para a sua respectiva compatibilização com as competências próprias do Estado Federal e com as estratégias políticas e as medidas sanitárias de prevenção e de combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-19) e à COVID-19, Casas Parlamentares e outras Instituições políticas representativas dos cidadãos e de fiscalização do Poder Executivo/Governo/ Administração em pleno funcionamento, uma Imprensa activa, actuante e ciosa em produzir informações credíveis e objectivas nestes tempos também de verdadeira pandemia de fake news, em especial nas redes sociais, mas também de origem oficial, em razão de campanhas eleitorais em pleno curso, rivalidades e guerras comerciais internacionais, etc., etc..

   Facto é que tanto o Brasil, Pátria de Chico Buarque de Holanda, músico, compositor e cantautor, mas sobretudo romancista detentor do Prémio Camões 2019 e sucessor directo do segundo Prémio Camões caboverdiano, Germano Almeida, como igualmente os Estados Unidos da América, Pátria do único músico ganhador, enquanto tal, do Prémio Nobel de Literatura, onde por mor da dimensão catastrófica que a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da COVID-19 tem assumido, já morreram mais de vinte vezes mais caboverdianos do que em Cabo Verde, serão certamente cenários fecundos, se bem que inequivocamente trágicos, do futuro romance de Germano Almeida sobre os tempos actuais, nossos contemporâneos e contemporâneos da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV- 2) e da COVID-19.    

   Como foi anteriormente dito e escrito, as promessas estão feitas e, sem estarmos em campanha eleitoral, foram proferidas pela boca inventiva e contadora de estóreas de Germano Almeida.

E porque, e não estando nós, ademais, em campanha eleitoral, as promessas são mesmo para cumprir, estamos seguros que vai haver (pois com certeza que vai haver!) rememoração destes tempos, nossos contemporâneos, de exalação universal do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e das suas muitas e traiçoeiras metamorfoses e de global potenciação dos nefastos, duradouros e muito visíveis efeitos da COVID-19, da sua atroz disseminação entre o povo das ilhas e diásporas, também elas próprias confinadas tanto no torrão natal arquipelágico como também nas sete partidas do mundo largo e lato, e da sua impiedosa propagação entre os povos todos do mundo (também eles colocados em estrito estado de quarentena, salvo aqueles sujeitos aos aparentemente benevolentes e bem-intencionados humores de confessos e envergonhados, todavia sempre vergonhosos, autocratas potencialmente genocidas) e essa rememoração assumirá certamente a forma de um romance à moda de Germano Almeida, e, por isso, auto-irónico, bem humorado, sarcástico, de ambiência urbana pequeno-burguesa, usuária e falante de uma escorreita oralidade em português contaminado de crioulismos e um tanto debochado ou, dito de forma mais eufemística e para não sermos confundidos com públicos detractores de Germano Almeida, inundada de mulheres livres e prazerosas.

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Redação