O Modelo Económico, Político e Social Desenhado e Implementado, o Empreendedorismo Privado à Custa do Estado, e a Formação de Elites em Cabo-verde
O pleno emprego depende do crescimento, e , é dos principais objectivos económicos de qualquer Governo.
O crescimento deriva-se fundamentalmente da produção e de rendimentos. Para isso , é preciso investimento público e privado (de preferência e em maior percentagem ).
Quando se fala em crescimento do PIB devemos questionar a sua composição . A descriminação de todas as classes que a compõe permite-nos não cair na ilusão no longo prazo.
No entanto, o crescimento do nosso PIB tem tido grande suporte num modelo encapotado, à custa do investimento público, vulgarmente classificado como “crédito à Economia” para a dinamização do sector privado.
A dívida de um Pais advém de défices Orçamentais- das políticas públicas implementadas e dos défices comercias( a nossa balança só pode ser invertida com muita peripécia).
Mas, é preciso o uso coordenado, transparente e profissional dos instrumentos, e das reformas estruturais -Justiça, Transparência Pública e Reforma da Lei eleitoral etc, em particular, que passados 40 anos têm sido insuficientes, inclusive oportunidades perdidas em 1990, 2000 e 2016.
Esses défices estruturais que não estão resolvidos, resultam também em crónico taxa de desemprego; como tem sido até agora.
Os resultados dos 130% de divida pública oficial, sem contar com os empréstimos contraídos, as dividas das empresas públicas, os avais/ garantias/cartas de conforto do estado as empresas privadas etc., que ninguém consegue explicar em que se baseia e por quê, demonstra claramente a forma como a nossa Economia foi desenhada (ou não ) e é conduzida.
Não entendo o porquê do Governo que se intitula Liberal e quer privatizar tudo( inclusive empresas pública lucrativas ) por questões ideológicas ( na palavra do Sr. Primeiro-ministro Ulisses C. Silva), querer substituir os Bancos Nacionais e a Bolsa de Valores em . questões de financiamentos.
Devemos perguntar : qual é a utilidade da Bolsa de Valores para o mercado nacional( muitas das Obrigações dos privados em dificuldades ou tecnicamente falidas foram compradas pelo Estado)?
A recente noticia de que o Governo vai servir de fiador/garantia ( mais uma vez) através da “ carta de conforto” confidencial (mais uma vez) de 60 Milhões de euros para o negócio de Barco da empresa Moura Company, põe a vista (mais uma vez), como tem sido a dinamização do Empreendedorismo em Cabo-verde , e a ausência da separação do público-privado -partidário. Esse modelo de negócio; semelhante a da CVFF, tem sido um dos principais métodos utilizados para se falar na dinamização do sector privado em Cabo-verde.
Para além da preocupante questão do concurso para a monopolização de um sector estratégico que é o marítimo, esse favorecimento a Moura Company, acaba levantando sérias dúvidas , e põe em causa até a credibilidade do concurso, tal é o sistema à TACV-Binter-Icelandair-Gualberto de Rosário e Companhia Lda.
O Governo injectou 600 mil contos do INPS no Afreximbank , que depois veio a financiar certas empresas privadas nacionais na mesma linha que da Moura Company.
Essa absorção por parte do Estado, da dívida e do risco de empresas privadas ; muitas falidas, outras ainda por nascer , tem . sido a forma encontrada de financiamento, uma vez que no Mercado Interno e Externo, sem o aval/garantia etc, do Estado muito dificilmente conseguirão financiamentos, por que, ou são negócios de altíssimos riscos ( e não têm activos suficientes ou não dão garantias patrimoniais pessoais) ou são inviáveis ao nível económico e financeiro.
A nossa economia pode ser classificada; com acoplagem política, de Corporativa com ênfase na alocação dos parcos recursos do Estado a um determinado grupo, sequer produtivo.
A actual metástase do País- desemprego real obsceno, violência, coerção institucional, justiça banal, decadência social de nobres valores, má distribuição de riqueza; derivada da corrupção crónica da classe política -empresarial etc, não está desassociada dessa cultura de negócio, entranhada de forma transversal nos partidos políticos, e em algumas das suas principais figuras.
A ” Sócratelização Portuguesa ” da nossa classe política desde 1990, é tão evidente e banal (inclusive a exibição descarada das suas fortunas e vida opulenta) que já roça o ridículo.
Os nossos governantes( com raríssimas excepções ) e políticos têm sido ao mesmo tempo “empreendedores”; não das causas sociais, mas sim daqueles que mais cedo ou mais tarde serão uma garantia financeira ou societário.
Mas, seja qual for o desfecho do País ou do regime vigente , os patrimónios pessoais da classe política estão preservados, por que houve mudanças de políticos e de políticas extractivas nos últimos 28 anos, mas nunca reformas que fomentam a criação de Riquezas.
Tivemos e temos políticos e chefes mais preocupados em desenhar o Modelo de Controlo e Imposição do Padrão Comportamental dos Cidadãos , do que educa-los a serem livres e críticos.
Temos um sistema de coerção Estatal inspirado no “modelo comunista ” , transvertido em Democracia eleitoral, onde seres execráveis são mantidos no front office e telecomandados no back office , por seres ainda piores.
Precisamos seriamente que as decisões arbitrárias , conscientes e ilícitas do Governo Central ou das Autarquias , tomadas sem quaisquer receios ; derivada do controlo sobre os meios essenciais da Democracia, sejam invertidas.
Precisamos de Revolta, não de Revolução.
Precisamos de uma “desobediência civil ”- por que o alheamento eleitoral não é a solução.
Precisamos Resgatar o Nosso País.
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