O afeto não é encolher é acolher; é o caráter do acesso sem protocolos. Responde aos maiores anseios do ser humano; abrangendo áreas mais remotas da identidade pessoal e das necessidades mais significativas. É a resposta necessária e permanente na relação interpessoal; construindo a dimensão valorativa e competências da personalidade. É a capacidade de se oferecer como resposta e amparo em quaisquer circunstâncias e atende com elevado altruísmo e compromisso.
Traduz-se numa condição indispensável para o bem-estar do outro; da normalidade colectiva, familiar e social. Uma sociedade eficiente precisa da demonstração permanente do afeto. É um bálsamo e refrigério para a alma e sua eficácia ultrapassa qualquer ação compensatória, atingindo esferas que nenhuma outra ação corresponde.
O vazio emocional e as diversas doenças de foro psíquico se manifestam quando a ação da afetividade deixa de existir na relação interpessoal, com isso, os resultados, muitas vezes, são irreversíveis. Um grande psiquiatra já dizia: "Quando vemos alguém refletindo a ausência da normalidade psíquica, não é porque perdeu o "juízo"; é a ausência do afeto.
O amor é o maior componente do afeto, aliado a uma profunda gentileza altruísta; sem esperar nenhuma recompensa. O verdadeiro afeto não é egoísta, nem vaidoso e pior ainda egocêntrico. É a maior expressão do caráter comportamental. Não é uma resposta simples aos apelos do outro; não é um acordo entre as relações. É espontâneo e genuíno. Se incorpora numa roupagem profícua e responde com precisão e não aleatoriamente. Emana da essência e não de um invólucro.
Os efeitos construtivos e terapêuticos, emergem de uma plataforma onde a afetividade não é uma obrigação e nem uma cultura familiar ou social. As bases da afetividade se emanam de uma pureza pessoal; consubstanciadas à nobreza e à construção interna individual.
É de salientar a premente carência em nossa sociedade do comportamento de acolhimento e afeto. A neutralidade afetiva paira como nunca nos tempos atuais, com isso, temos vindo a viver os piores momentos da nossa existência humana.
Com o surgimento da tecnologia em alta velocidade; com a internet massificada, o individualismo vem assumindo o seu gigantismo, numa proporção jamais vista; gerando uma carência afetiva que o mundo virtual jamais conseguirá satisfazer.
Assim sendo, banalizamos a relação interpessoal, criando um novo veículo da interpessoalidade. Neste panorama emerge um distanciamento afectivo galopante e um vazio emocional nunca antes vivido.
Resultado: um profundo senso de solidão, depressão; síndrome do pânico e crises de várias ordens. O vazio chega como um vento impetuoso, trazendo consigo marcas profundas no âmago da alma e das emoções e quando menos damos conta estamos em apuros. Invertemos radicalmente a ilusão pela realidade. O afeto é a necessidade inata no âmago da alma humana, com ela sobrevivemos e sem ela extinguimos.
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