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Eleições de 18 de abril. A escolha entre inclusão, justiça social e o desenvolvimento para todos e a delapidação do património do Estado
Colunista

Eleições de 18 de abril. A escolha entre inclusão, justiça social e o desenvolvimento para todos e a delapidação do património do Estado

PAICV, definitivamente, tem assumido a missão histórica de refundar e resgatar o país. Fê-lo em 1975 quando refundou a Nação caboverdeana, salvando-a do destino da colonização; resgatou Cabo Verde em 2001 quando o MPD tinha destruído a credibilidade internacional do nosso país, com vários parceiros a deixarem estas ilhas e com dívidas externas a acumularem-se e até salários dos funcionários a falharem; e PAICV tem, novamente, esta missão de resgate, agora no dia 18 de abril. É urgente estancar este processo de delapidação dos recursos do Estado.


1. Faltam três dias para uma das mais importantes eleições da história de Cabo Verde. Estas eleições de 18 de abril constituem uma verdadeira oportunidade de viragem na forma de fazer política nestas ilhas atlânticas. Trata- se de uma escolha entre dois caminhos muito distintos: uma governação com enfoque na inclusão, solidariedade e desenvolvimento humano e outra forma de governar centrada no aproveitamento do poder para fazer negócios e enriquecer um grupo de amigos à custa da delapidação do património do Estado;

2. Ao analisarmos o comportamento do MPD desde a abertura ao multipartidarismo em 1991 até ao presente, deparamos com um traço que se mantém constante ao longo destes 30 anos de cada vez que chega ao poder: é a utilização do poder para fazer negócios para o enriquecimento de um pequeno grupo de amigos;

3. Se, por um lado, a análise da Câmara Municipal da Praia permite verificar que o MPD adota a estratégia de terciarização de serviços como forma de delapidação da câmara, indo ao ponto de criar empresas dentro da câmara para receber percentagens e comissões pela venda de bens da própria câmara; já por outro lado, a análise do percurso do MPD ao nível governamental, desde os anos 90 até este mandato de 2016-2021, ressalta a estratégia de vender a preço de saldo as empresas estatais. Foi assim nos anos 90 e, em 2016, com o regresso do MPD ao poder, o país foi apanhado com aquela publicação de uma lista de 25 empresas públicas para serem privatizadas. Felizmente, pela parte do Governo, faltou competência, ao mesmo tempo que era apanhado pelo receio causado pelo fracasso das privatizações iniciadas. Ainda, ao mesmo tempo, foi aumentando também as vozes críticas da sociedade caboverdeana que indignada, interrogava qual a razão de querer vender uma das empresas mais lucrativas do país, como a ASA, que em 2018 alcança um volume de negócios de 6.170 milhões de escudos;

4. Assistimos atónitos a manobras inimagináveis, desde a eliminação de concorrência interna para a entrega em regime de monopólio - como aconteceu com o mercado de transportes marítimos em que se entregou a exploração da ligação entre as ilhas a uma empresa que não tinha nem um barco sequer – a Cabo Verde Inter Ilhas; ou a exploração das ligações aéreas a uma empresa sem a assinatura de nenhum contrato; ou ainda, a venda dos TACV para não se receber nenhum tostão. É do conhecimento público que, no final do processo de venda, o Estado de Cabo Verde deveria receber a quantia de 48 mil contos, mas nunca chegou a receber este montante. É enorme a lista de esquemas fraudulentos e lesivos do interesse coletivo que têm manchado a imagem da política e dos partidos ao longo destes últimos anos;

5. Mas, o pior de tudo é que este último Governo nem sequer aprendeu uma única lição com a pandemia. Se à lista de erros cometidos, promessas falhadas, vexames na arena internacional provocados, somarmos mais esta incapacidade de tirar lições do Covid 19, então, não restam quaisquer dúvidas quanto à imperiosa necessidade de aproveitarmos esta oportunidade para fazermos uma aposta no resgate do nosso país;

6. PAICV, definitivamente, tem assumido a missão histórica de refundar e resgatar o país. Fê-lo em 1975 quando refundou a Nação caboverdeana, salvando-a do destino da colonização; resgatou Cabo Verde em 2001 quando o MPD tinha destruído a credibilidade internacional do nosso país, com vários parceiros a deixarem estas ilhas e com dívidas externas a acumularem-se e até salários dos funcionários a falharem; e PAICV tem, novamente, esta missão de resgate, agora no dia 18 de abril. É urgente estancar este processo de delapidação dos recursos do Estado.

7. Todos são chamados a assumirem os seus papéis perante a história e o futuro destas ilhas: defender a construção de uma sociedade inclusiva e preocupada com o desenvolvimento de todos, ou uma sociedade confrontada com o aumento do fosso entre os mais desfavorecidos e um pequeno grupo de privilegiados. Entre estes dois caminhos possíveis, esta é a hora de se apostar na construção de “Um Cabo Verde Para Todos”!

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SOBRE O AUTOR

Francisco Carvalho

Político, sociólogo, pesquisador em migrações, colunista de Santiago Magazine