Uma visão antropológica. Um mundo em movimento oposto. Assentado numa das cadeiras, no Rossio, em Lisboa, aproveitei-me para redigir um texto: um mundo em movimento oposto.
Percebi as movimentações simultâneas das pessoas, as necessidades individuais, os anseios, as tristezas, as múltiplas diversidades culturais num só espaço. ~
A suave sinfonia dos que buscam o seu pão de cada dia, alegrando o outro, em troca de uns trocados.
Percebi que o mundo não pára, que o movimento circular também existe. Os retornos, os desencontros, as ansiedades, os desafios prementes.
Vi que existe ser humano em cada ser que circulava, que a universalidade do ser (humano) suas decepções, a busca pelo novo, pela atenção, o silêncio, os desabafos, os gritos silenciosos, são iguais a todos.
Enfim, vi o que não observei, o distante e o que estava tão visível. Também vi uma senhora que quase ia cair, por pouco, não caiu, estava eu tão próximo para dar uma mãozinha.
Entendi que a vida sem o outro é pura solidão, ilusão e tristeza. Percebi também as relações de afecto, de amizade, de reencontro, enfim, vi que a vida é uma relação que não se acaba, e se acabar, perde o sentido existencial e pleno.
Acaba a essência e o fim já se foi, porque tudo que fazia sentido se perdeu no vazio de um olhar em movimento oposto. O movimento em direção ao externo, percebi que a maioria olhava para fora e não para dentro. E assim continuei a minha viagem.
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