Para a internacionalização da nossa Cultura e da nossa Língua, se conseguirmos transcender pequenos impulsos e liderar com visão de altura, sem mesquinhez (perdoem a expressão), esta tarefa de grande importância afim que a nossa própria sociedade e gerações futuras percebam como é elementar comprometer-se e identificar-se com o que é seu, mesmo, para melhor dizer, com o que é mais nosso, isto é sermos nós mesmos...povo global e nação reconhecida e saudada por todos...
“… em memória á Cipriana e Martinho Lopes de Rua d´Horta Praia (pápá e mámá), meus avós …”
A entrada dos cabo-verdianos na tese e cadeia de valores da “modernidade e economia global” começou, evidentemente desde muito cedo e com vínculo, desde os meados do século XIX com o recrutamento feito pelos “baleeiros americanos” de cidadãos cabo-verdianos...
(“Trabalho”, “Salário” e “Poupança”), simbolizaram, a “tríade”, que caracterizou a instalação dos cabo-verdianos, nos “USA”. Mas, a grande novidade foi no entanto, a “Poupança”, porque, mesmo que só permitisse acumulações mínimas, servia para sustentar a família que permanecia no arquipélago... Integraram-se, é verdade, ao novo mundo americano que reservava aos homens de cor um “status” inferior.
Aprenderam com a sociedade americana e com as pessoas de cor em particular o que lhes foi recusado, nas ilhas, pelo “colono” e aprenderam o que era preciso fazer para viver mais convinientemente, a modernidade e triunfar noutro lado do atlantico, vencendo o “fatalismo”...
Os marinheiros cabo-verdianos faziam descobertas, traziam novidades cada vez que os baleeiros que os tinham contratado os desembarcavam. O mundo fechado criado pelos portugueses cedo ficou ameaçado e a sociedade de “troque”, encurralada com esta primeira e verdadeira revolução com impacto “social”, vivida, nesta nação arquipelágica de dez ilhas, do atlantico médio, que celebra, neste ano 2022 deste século XXI, 47 anos de formação de estado independente...
Neste momento de tempo indeciso, quando projectarmos esta nação para o futuro, viramos todos, como cidadãos consciente, para o papel relevante da nossa “espinha dorsal”, com a qual todos os cidadãos se identificam, referimo-nos evidentemente á Cultura Cabo-Verdiana...
A nossa Cultura tem um enorme potencial, enraizada em um país arquipelago de dez ilhas semeadas no atlantico médio com importantes atrações contemporâneas que surpreendem a muita gente de outras paragens...
Mas infelizmente ainda há instituições significativas no campo cultural que carecem de uma estratégia externa (do meu ponto de vista), o que deve ser revisitado, e ter sempre na mente a componente décima primeira ilha, a população cabo-verdiana de várias gerações no exterior, que continua sempre ligada, activa e solidária com a nação mãe e ela é mais numerosa que a população residente, nas nove (9) ilhas habitadas.
Também falta uma visão compartilhada, com soluções orgânicas como grupos de trabalho interinstitucionais, e privados que devem estabeleçer necessariamente, uma ponte consenso mínimo...
Temos um activo de algumas instituições e grupos, que estão na vanguarda da promoção global da cultura cabo-verdiana, associando “in loco” e na diáspora cidadãos, autores, artistas, criadores, intérpretes escritores e outras figuras do nosso saber e saber fazer “autóctene”, que nos reune e identifica como Nação Cultural Universal...aqui referimo-me em especial ao grupo de dança contemporanea “RAIZ DI POLON”, á excelencia da “SOCIEDADE CABOVERDIANA DE AUTORES (SOCA)” e a equipa teatral “MINDELACT”, todos com cultura de resultados e também reconhecidos internacionalmente...
Temos que fazer muito mais ainda, manter presença e estar em Feiras, Viajar para cá e para lá, montar Exposições e todos os dramas inevitáveis…da “espinha dorsal “ deste país de cultura com uma Projeção Externa de Qualidade e com efeito de retorno, que o relegitimam por dentro, frente a uma sociedade tão vulnerável quanto céptica...
Para isso, seria necessária também uma “formação de talento” para que possamos ter no curto prazo pessoal especializado, hoje muito escasso, que transforma os titulares, tanto ao gosto das autoridades e instituições do ramo, em ações concretas e solventes...
Alvo e Objectivo a alcançar, é a excelencia e internacionalizar a Cultura Cabo-Verdiana, requer, então, como premissa básica, estabelecer um amplo apelo aos nossos criadores em todos os campos, apontar um diálogo voltado para o exterior que interesse a todos objectivamente, estabelecer um roteiro integrador e realista, adaptado às nossas possibilidades actuais, identificar potenciais aliados, tanto sectoriais quanto regionais e internacionais comprometidos com o desenvolvimento de todas as nove ilhas habitadas e globalmente, aproveitar os marcos políticos e institucionais que nos são relativamente favoráveis para estimular saltos qualitativos e persistir, persistir, persistir….Engrandecendo mais e mais estas dez ilhas providas de recursos culturais multi-facetadas e diversificadas...a nossa grande e verdadeira riqueza...
Para a internacionalização da nossa Cultura e da nossa Língua, se conseguirmos transcender pequenos impulsos e liderar com visão de altura, sem mesquinhez (perdoem a expressão), esta tarefa de grande importância afim que a nossa própria sociedade e gerações futuras percebam como é elementar comprometer-se e identificar-se com o que é seu, mesmo, para melhor dizer, com o que é mais nosso, isto é sermos nós mesmos...povo global e nação reconhecida e saudada por todos...
E para terminar, saudações de reconhecimento á geração dos CLARIDOSOS, e muitos outros talentosos cidadãos que muito fizeram com poucos meios e em condições muito mais adversas, esses cidadãos cabo-verdianos e cabo-verdianas que tiveram então no momento mais visão do que todo o actual quadro institucional e privado que apela à internacionalização da cultura cabo-verdiana que está um pouco desprovida de substância e perspectiva dado sobretudo á relativa perda de valores...que se verifica hoje, no quotidiano da sociedade cabo-verdiana.
miljvdav@gmail.com
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