Cabo Verde entre a nova normalidade e fenómenos neopatrimonial
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Cabo Verde entre a nova normalidade e fenómenos neopatrimonial

Talvez estamos a viver dois casos, neste novo universo que se tornou hibrido: fomos empurrados para esta fase de “transição” para atingir o desiderato, no sentido e posição de “stand by”… Porque a única certeza que merece a nossa confiança é a segurança na incerteza da “nova normalidade”…portanto “nova” e “normal”, o problema é que ninguém sabe, qual dos dois é que está errado, realmente a denominação recai sobre um significado ambivalente…

“Novo” e “Progresso”, em princípio, caminham sempre, de mãos dadas, a percepção é impulsiva. A mesma coisa, acontece com “normal” e “correcto”…Obviamente que o “novo” pode ser mau, mas o “normal”, como já é habitual, por isso mesmo deveria ser menos terrível, dado que é conhecido…mas vivemos e sentimos todos, nestas ilhas pacificas, as exigências e os constrangimentos impostos pelo novo coronavírus, o mal fadado Covid19, que atrapalha o social e o cultural da nossa vivencia “cabo-verdiana” com a denominada “nova normalidade” que durará, até o surgimento de um tratamento eficaz ou acesso á vacina providenciadora… a única certeza, que nos consola é que este fenómeno sanitário “globalizante”, afecta nos mesmos moldes, a todos os humanos neste planeta, atrapalhando ricos e pobres, grandes e pequenos e graças á protecção divina até estes últimos momentos, não somos os mais sacrificados, comparativamente com as nações, que se consideravam mais poderosas, as detentoras de recursos e tecnologia que infelizmente, pagaram fortemente “custos sociais e mais vidas” devido á redução ou pouca atenção virada para os serviços públicos sanitários básicos ficando completamente expostos á esta horrível crise sanitária pandémica que a OMS (Organização Mundial de Saúde), afirma que permanecerá entre nós, por muito tempo, (sem quantificar!) …

Cabo Verde tem mais cidadãos na Diáspora que os residentes e é um país completamente dependente do exterior, mas verificamos que os “deputados nacionais”, nas sessões parlamentares ficam na maioria das vezes posicionados na direcção oposta ao interesse geral defendendo agendas partidárias… foi assim quando deliberadamente chumbaram na “especialidade” a “Regionalização” (melhor oportunidade para alavancar regiões e ilhas e mitigar o centralismo obsoleto persistente entre o centro e as periferias inaugurando melhor oportunidade de arranque inclusivo para o desenvolvimento de Cabo Verde) … e até a Praia, uma vez mais viu o seu “Estatuto Especial” travestido como destino de folha morta que vagabundeia aqui e acolá, sem rumo nem direcção, ao sabor do vento, até cair no chão … (o que aconteceu realmente).

É verdade que a crise sanitária parou tudo estrangulando o factor de crescimento económico, o Turismo deitando abaixo o PIB que tinha alcançado o nível invejável de mais de 5%. Cabo Verde tinha projectado internacionalmente, uma imagem invejável, perto de uma marca de pais realista e ambiciosa, profundamente rural, aqui com resultados pouco satisfatórios e imensurável em termos económicos devido a três anos de seca consecutivos.

Mas a verdade é que durante todos estes 45 anos como país independente os atores políticos não conseguiram instalar ou estabelecer uma agenda de peso, onde o valor potencial das singularidades e pontos fortes de Cabo Verde fossem reconhecidos e aproveitados, numa estratégia realista em termos possiveis...Cabo Verde desperdiça a boa oportunidade de ter presença e iniciativa, nos PALOP, CPLP, CEDEAO, instituições, onde não pode abandonar a responsabilidade de instaurar e marchar para um debate vital para o nosso país, com a sua propria “agenda” como parte desta nova ordem mundial que já chegou! Um país arquipélago de serviços não deve subestimar os beneficios da diplomacia economica e cultural...

Vários factores, fizeram este arquipélago, permanecer no estado de “ país em vias de desenvolvimento”, acusando um fraco arranque económico, sem uma classe empresarial expressiva e sem impacto, na massificação de emprego, certamente, um desses factores e indicador do ranking socioeconómico, pouco relevante que a sociedade cabo-verdiana, conseguiu alcançar é, - independentemente de não conhecermos bem o seu peso real - o denominado fenómeno “neo patrimonial”, que se refere às ações e práticas diversas que ignoram ou não respeitam, a necessidade, de se fazer a distinção e chegando mesmo a se confundir, o que pertence ao “domínio publico”, que encaixa-se no interesse colectivo, do “domínio privado”, casos exemplos, desse desnivelamento, o problema de enriquecimento fácil e rápido, graças a desvio do erário público, prática de favoritismo a companheiros, casos de nepotismo …etc.

miljvdav@gmail.com

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