A derrota eleitoral municipal de Ulisses Correia e Silva, em 01/12/24, será tão festejada pelos seus adversários externos quanto pelos seus adversários e desafetos internos do partido que torcem pela sua desgraça para assumirem o poder e redemocratizarem o partido.
A taxa de participação eleitoral nas eleições autárquicas de 1991 a 2020 situou-se, em média, em 63%, consequentemente, a média da taxa de abstenção nesse período foi de 37% (e projeção para 2024), alcançando uma máxima de 45%, em 1991, e tendo uma mínima de 19%, em 2008, segundo dados da CNE e publicados nos Boletins Oficiais.
1. Nesse período de 30 anos de eleições municipais concorreram vários partidos políticos e grupos de cidadãos independentes às autarquias locais, sendo que o MpD se destaca como o partido dominante, tendo vencido todas as eleições nesse período excepto as eleições do ano 2000 vencidas pelo PAICV.
2. De acordo com os dados do afrobarometer (https://www.afrobarometer.org/countries/cabo-verde/), nesse período, a preferência eleitoral pelo MpD tem diminuído contínua e regularmente e se projeta para o seu nível mais baixo, em 2024, marcando 15%.
3. Se nos anos 1990, a preferência eleitoral pelo MpD situava, em média, próximo dos 40%, isto é, qualquer candidatura a cargo eletivo que esse partido apresentasse ou apoiasse (Autárquicas, Legislativas ou Presidenciais) já partiria com uma média de intenção de votos base de, pelo menos, 40%, e era muito mais fácil conquistar mais 10% de votos para ganhar qualquer eleição com maioria absoluta.
4. Já agora em 2024, com a preferência eleitoral média dos eleitores cabovererdeanos em 15% para os ventoinhas, a batalha pelo voto ficou-lhes muitíssimo mais difícil por que terão que conquistar, pelo menos, mais 35% (três a quatro vezes mais) de votos que seriam necessários para vencer relativamente ao esforço empreendido nos anos 1990.
5. Nessa trajetória descendente de preferência eleitoral pelo MpD, os resultados eleitorais no Município da Praia de 2012 a 2020 que culminaram com a derrota dos rabentolas para o PAICV liderado pelo Francisco Carvalho, em 2020, traduzem a decadência eleitoral irreversível do MpD tanto ao nível local quanto ao nível nacional: (1) ao nível da capital do país, o MpD despencou de mais de 27.000, em 2012, para 16.000, em 2020, (2) de 1991 a 2020 o número de eleitores da Praia aumentou mais do que 100% enquanto a votação no MpD teve um crescimento de escassos 60% e ao nível nacional (3) o candidato que o MpD apoiou para as eleições presidenciais foi derrotado pelo candidato apoiado pelos tambarinas, em 2021, e (4) dados do afrobarometer publicados no presente ano projectam uma derrota do MpD para o PAICV caso as eleições Legislativas ocorressem na data do levantamento dos dados.
A derrota eleitoral municipal de Ulisses Correia e Silva, em 01/12/24, será tão festejada pelos seus adversários externos quanto pelos seus adversários e desafetos internos do partido que torcem pela sua desgraça para assumirem o poder e redemocratizarem o partido.
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