• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
Annus horribilis da educação
Colunista

Annus horribilis da educação

Enquanto o Ministério da Saúde surpreende a população ciclicamente com denúncias de casos cada vez mais espantosos como os casos das parturientes dos últimos diais, o Ministério da Educação surpreende pela normalização da constância da incapacidade de resolução dos mesmos velhos e conhecidos problemas!

A educação resolveu apresentar ao país um triste espetáculo de sucessão de problemas pendentes graves dos professores que impactam, decisivamente, na vida dos alunos e geram descontentamento generalizado das famílias, dos pais e encarregados de educação.

1. O ano escolar passado começou e seguiu com protestos, manifestações, paralisações, greves dos professores em todo o país de Santo Antão a Brava reclamando incumprimentos de seus direitos laborais e demanda por melhorias nas condições de trabalho por parte da sua tutela.

2. Além das manifestações e greves dos professores com contrato de trabalho e de quadro, outros professores com contratos de prestação de serviço reclamam pelo não recebimento de vários meses de salários, comprometendo, claramente, a qualidade da prestação educacional desses profissionais; os funcionários da FICASE reclamam por melhorias nas suas condições de trabalho e salarial e alunos descontentes por causa de terem suas notas congeladas em virtude do não atendimento das reivindicações laborais dos seus professores por parte do Ministério da Educação compõe o panorama de desempenho negativo do Ministério da Educação neste último ano lectivo.

3. A falta de habilidade do Ministério da Educação foi de tal ordem que conseguiu que os três sindicatos que representam a classe docente se reunissem num uníssono contra o Ministério e contra o Governo.

4. Ao invés do Ministério da Educação atender as pautas reivindicativas dos sindicatos representativos dos professores, resolve ameaçar alguns professores com a instauração de processos disciplinares ilegais e nulos de um lado e que deveriam ser arquivados.

5. De outro lado, o Ministério da Educação envolve o Governo numa cruzada suicida contra o Presidente da República com chantagem de suposta obrigatoriedade do mais alto magistrado da nação ter que promulgar um PCFR (Plano de Carreiras, Funções e Remunerações) altamente contestado e repudiado pelos professores e seus sindicatos.

6. Como era previsível, o Presidente atendeu os reclamos dos sindicatos e vetou o diploma do Governo.

7. O Ministério da Educação deixou o Governo completamente descalço e sobre uma brasa fervente ao ponto do Executivo desorientado de Ulisses Correia e Silva, após ter destilado todo o tipo de pressão contra o Presidente, inventa um pedido inconstitucional e estranho para “desvetar” o diploma!!!

8. O Governo ao perder mais essa batalha política, acusa o Presidente de estar contra os professores ao vetar o diploma ao que os três sindicatos voltam à carga referendando a decisão do Presidente da República e deixando o Governo que já estava queimado, agora, fica, politicamente, isolado.

9. O Ministério da Educação perante a retomada de ações de lutas sindicais com novos anúncios de greves e manifestações no início do novo ano letivo 2024/2025 ensaia uma nova estratégia de ataque: tenta dividir os sindicatos atacando os líderes sindicais somando mais uma derrota política por que os três sindicatos voltaram actuar, conjuntamente, paralisando as aulas, fazendo greve de dois dias e manifestações pelo país inteiro, no passado mês de Setembro.

10. Como sinal de fraqueza, o Ministério da Educação anuncia o subsídio por não redução da carga horária para menos da metade dos professores que teriam tal direito, segundo os sindicatos, no meio da greve.

11. Os sindicatos dos professores prometem sair às ruas no próximo sábado dia 05 de Outubro em todo o país para protestarem e demonstrarem seus descontentamentos contra o Ministério da Educação e contra o Governo fracassado de Ulisses.

12. O Ministério da Educação não poderia ter pior época para produzir notícias negativas na imprensa, televisão, rádio e jornais, bem como nas redes sociais contra o Governo em plena pré-campanha para as autárquicas de 01 de Dezembro em que o partido de Ulisses vai ser avaliado nas urnas pelos seus incumprimentos e desacertos.

13. Até a data das eleições de dezembro o clima político vai esquentar, certamente, e os sindicatos e professores vão colocar cada vez mais pressão sobre o Ministério da Educação e o Governo pelos incumprimentos havidos. 

14. O mais previsível nesse processo será o Ministério da Educação por ação ou omissão comprometer ainda mais o frágil apoio eleitoral com que o Governo conta nesses seus últimos dias de vida e conduzi-lo, definitivamente, para o precipício.

Enquanto o Ministério da Saúde surpreende a população ciclicamente com denúncias de casos cada vez mais espantosos como os casos das parturientes dos últimos diais, o Ministério da Educação  surpreende pela normalização da constância da incapacidade de resolução dos mesmos velhos e conhecidos problemas!

 

Partilhe esta notícia

Comentar

Inicie sessão ou registe-se para comentar.

Comentários

  • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!