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Andam a brincar com a TROPA
Colunista

Andam a brincar com a TROPA

Dá Deus nozes a quem não tem dentes sussurra-se nos meios militares que pedem a intervenção do Presidente da República, como comandante supremo das Forças Armadas, para verificar os curriculum dos candidatos ou nomeados aos mais elevados cargos da hierarquia militar. Não podemos continuar a desacreditar a instituição Castrense e a proporcionar situações que não engrandecem a instituição e os demais envolvidos.

A ministra da Defesa Janine Santos Lélis decidiu, sem dar “cavaco às tropas”, ou seja sem respeitar a hierarquia militar, promover por distinção ao posto de coronel, o tenente-coronel Domingos Ramos Correia.

A ministra, além de demonstrar um total desconhecimento das regras militares, conseguiu “criar um mal estar profundo” no meio castrense ao esquecer que a “promoção por distinção nas Forças Armadas consiste no acesso a posto superior, em regra, ao posto imediato, independentemente da existência de vacatura, da posição do militar na escala de antiguidade e da satisfação das condições especiais de promoção, premiando excecionais virtudes e dotes de comando, direção ou chefia demonstrados em campanha ou em ações que tenham contribuído para a glória da Pátria ou para o prestígio da instituição militar”.

Apesar do vasto curriculum que é “apresentado” (sem provas documentais) no despacho ministerial, a senhora ministra esqueceu-se que o processo para a promoção por distinção deve ser instruído com os “documentos necessários para o perfeito conhecimento e prova dos atos praticados que fundamentam a promoção, podendo incluir inquérito contraditório, devendo processar-se por iniciativa do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas(CEMFA) ou mediante proposta do chefe sob cujas ordens serve o militar a promover, carecendo sempre de parecer favorável do conselho superior”.

Contudo esta obrigação legal é, pelos vistos, para a senhora ministra “um pequeno pormenor” dando, desta forma, razão àqueles “maldizentes de costume” que consideram que poderemos estar perante um caso de clientelismo político. Ou seja, a utilização de órgãos públicos com a finalidade de prestação de favores, em detrimento da grande maioria da população, tendo como objetivo amarrar politicamente, à custa de votos ou dinheiro, o beneficiado. Uma pratica comum na política cabo-verdiano do século XXI, de utilização da "máquina administrativa" com finalidades perversas e os prejudicados são a maioria dos cidadãos e cidadãs que cumprem com seus deveres. Mas longe vá de mim tal pensamento...

Como diz o povo: Um dia é da caça, outro do caçador. Por isso, os meios castrenses aguardam o “seu dia da caça”, lembrando a senhora ministra que a maioria dos tenente-coronel e Capitães de Navio, que tiveram aproveitamentos excelentes na Academia Militar, aguardam também despachos de promoções por distinção.... já que alguns foram promovidos sem terem a aprovação final do curso da Academia... 

Dá Deus nozes a quem não tem dentes sussurra-se nos meios militares que pedem a intervenção do Presidente da República, como comandante supremo das Forças Armadas, para verificar os curriculum dos candidatos ou nomeados aos mais elevados cargos da hierarquia militar.

Não podemos continuar a desacreditar a instituição Castrense e a proporcionar situações que não engrandecem a instituição e os demais envolvidos.

 

 

 

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