A morte não avisa a ninguém e ninguém sabe a hora da sua partida. Por isso, devemos abraçar a todos, reconhecer aqueles que iluminam a nossa sociedade, aqueles que brilham de uma forma especial no panorama físico. Perdemos um jovem de uma craveira inteletual impar, um guerreiro muitas vezes silencioso, mas com alma de um gigante.
Foi numa tarde em Palmarejo, quando estava saindo do "Meu Super", ouví a voz de alguém me chamando. Era a voz do poeta e músico Romeu. Depois de falarmos um pouco, trocamos algumas impressões sobre a literatura, política e sociedade cabo-verdiana. Pediu-me o meu contacto e aproveitei para adicionar o dele. Assim, terminamos a conversa com muita naturalidade e certeza que teríamos mais oportunidades para estarmos juntos e desfrutarmos de uma boa conversa novamente e rico entusiasmo que o caracterizava.
Durante a nossa conversa percebi alguns pontos importantes e que faziam parte da alma do jovem músico e poeta. Ele desejava um País onde a justiça social ecoava por todos os cantos. Desejava oportunidade para todos. Um País onde a política não seria um meio para vantagens de uma minoria ou um grupo restrito. Uma sociedade onde havia paz.
Eu percebi durante a nossa conversa um jovem absolutamente lúcido e com profundo fervor na alma. Alguém com sincero sentimento e inquietantes preocupações legítimas. Percebi nele um jovem com aspiraçães de um visionário. Uma alma leve e com um sorriso simples, mas que exalava uma convicção de quem não estava no mundo de uma forma razoável. Percebi um jovem repleto de sonhos e com vontade de fazer e realizar grandes projetos. Ele queria algo mais, ir mais longe, dar um contributo significativo para o seu Pais e à sociedade cabo-verdiana.
Romeu partiu cedo, deixa-nos lições e um grande legado, que valem a pena ser abraçadas. Algumas perguntas sinceras devem ser feitas nessa hora crucial. O que podemos aprender com a trajetória ético e moral do jovem Romeu? Que mudanças podemos fazer para enaltecer em vida aqueles que marcam positivamente o nosso País?
Que contributo podemos dar aos nossos jovens sonhadores e sinceros? Como podemos capitalizar o potencial dos nossos jovens visionários? Que política para reconhecer talentos em vários domínios do saber? Como podemos mudar o ciclo e abraçar um novo paradigma de mérito? Quando deixaremos de valorizar os guerreiros da pátria só depois da morte? Até quando permanecemos na sombra de uma mentalidade menos positiva e menos justa?
A morte não avisa a ninguém e ninguém sabe a hora da sua partida. Por isso, devemos abraçar a todos, reconhecer aqueles que iluminam a nossa sociedade, aqueles que brilham de uma forma especial no panorama físico. Perdemos um jovem de uma craveira inteletual impar, um guerreiro muitas vezes silencioso, mas com alma de um gigante.
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