Primeiro-ministro garante que o dossier “Casamento gay” não está na agenda política do Governo. E pediu respeito pela “liberdade de expressão total”.
Ulisses Correia e Silva, presidente do MpD, veio hoje, 11, a público sair em defesa do secretário-geral do seu partido e deputado nacional, Miguel Monteiro, que desde ontem vem sendo criticado nas redes socais por ter afirmado, citando passagens da Bíblia, ser “200% contra” o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo o primeiro-ministro – que falava à imprensa após assinar o Acordo de Concertação Estratégica com os parceiros sociais – o casamento homossexual não está na agenda política do Governo e classificou a posição de Monteiro como sua "opinião pessoal" em relação a um tema fracturante da sociedade cabo-verdiana.
"Eu quero dizer que é uma posição pessoal do cidadão Miguel Monteiro que tem a sua própria opinião", interpretou Ulisses Correia e Silva, assumindo uma posição contrária à do próprio deputado que referiu na sua página do facebook que fez essas declarações enquanto eleito nacional.
Mesmo assim, o chefe do Executivo reforçou que este assunto não consta da agenda política do seu governo, mas garantiu que "se estiver será discutido". "Não temos nenhum problema relativamente a esta matéria. Não está na agenda política do Governo, não foi discutida", prosseguiu o chefe do Governo, afirmando que é preciso fazer o debate sobre este tema com tolerância e respeitando a "liberdade de expressão total".
"Em relação a esta matéria, tenho máxima de tolerância, não tenho estigma, nem preconceitos. Agora, não pode haver também intolerância a quem se posicione contra. As pessoas são livres de ter o seu posicionamento, quando chegar o momento político, sim, teremos sobre a mesa decisões que têm que ser tomadas, se for o caso", prometeu.
A posição de Miguel Monteiro surge depois de, na sequência do Dia do Orgulho Gay, a comunidade LGBT de Cabo Verde ter reclamado, numa reportagem do Expresso das Ilhas, o direito à união de facto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e que o jornal disse ter já entrado na agenda política do país. Pior, Monteiro, que é também secretário da Mesa da assembleia Nacional, socorreu-se de excertos da Bíblia para argumentar a sua polémica posição.
A declaração, sobretudo por utilizar o Livro Sagrado como argumento para uma eventual aprovação de uma lei num Estado laico, suscitou críticas, mas também elogios à "coragem" e manifestações de concordância com Miguel Monteiro, que defendeu o seu direito a ter opinião e reafirmou o seu juízo em resposta a vários comentários dos internautas. Só que as críticas foram muito mais visíveis, às vezes roçando a malcriação, nas primeiras horas. Contido o impacto começam agora a surgir vozes a alinhar com Miguel Monteiro, abrindo assim um debate que se prevê interminável.
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