O SISCAP ameaçou hoje que caso o Governo não atender às reivindicações dos trabalhadores, os sindicatos irão promover uma frente comum para exigirem a reposição do poder de compra e melhoria de condições de vida dos cabo-verdianos.
Eliseu Tavares (foto), que é também coordenador da “Plataforma Sindical –Unir e Resgatar a UNTC-CS”, fez esta ameaça em conferência de imprensa, esta manhã, para anunciar o posicionamento dos sindicatos da plataforma sindical e do SINDEP face aos aumentos de preços e custo de vida e não atribuição de aumentos salariais aos trabalhadores .
A “Plataforma Sindical – Unir e Resgatar a UNTC-CS”, de acordo com este responsável, apoia as medidas fiscais extraordinárias anunciadas pelo Governo, tendo em conta a situação de emergência social e económica no país e afirmou que os sindicatos esperam que nelas seja, também, integrado o aumento salarial.
“Para além da subida generalizada de preços, que já se vinha verificando, com especial incidência nos produtos de primeira necessidade, e da elevada taxa de inflação, o país foi confrontado, no início deste mês de Julho, com mais um aumento brutal dos combustíveis, o que fez diminuir, ainda mais, o já reduzido poder de compra, não só dos trabalhadores, como também dos reformados e pensionistas cabo-verdianos”, realçou.
Entretanto, frisou que levando em consideração que os salários dos trabalhadores na Administração Pública se encontram congelados desde 2011 e, por arrastamento, também os do sector privado, a situação de vida dos cabo-verdianos tornou-se cada vez mais insustentável.
“O Governo, pela voz do senhor primeiro-ministro, já veio dizer, publicamente, sem ouvir e sem discutir com os parceiros sociais, que não há e nem vai haver qualquer aumento salarial, tendo em conta a situação de crise que o país e o mundo atravessam neste momento, chegando mesmo a solicitar aos sindicatos para que sejam solidários com aqueles que mais necessitam e estão sem emprego”, referiu.
Não obstante compreender e reconhecer a situação de crise profunda por que passa o país e o mundo geral, seja antes, por causa da pandemia da covid-19, seja agora devido à guerra motivada pela invasão da Rússia à Ucrânia, prosseguiu, a “Plataforma Sindical – Unir e Resgatar a UNTC-CS”, discorda, em absoluto, de Ulisses Correia e Silva.
No seu entender, o Governo devia ouvir e discutir primeiro com os parceiros sociais, antes de fazer esse pronunciamento público, salientando que o aumento do poder de compra dos trabalhadores não tem de ser atingido, apenas, pela via da subida dos salários, ele pode ser obtido, por exemplo, através da redução da carga fiscal.
Lembrou que o primeiro-ministro foi muito criticado por não ter sido solidário com os cabo-verdianos e aqueles que mais necessitam aquando da composição do Governo “gordo”, salientando que a crise não pode servir de desculpa para não se aumentar salários em Cabo Verde
“Esta crise nos afecta a todos, mas não pode servir de desculpa para não se fazer mais porque elegemos o Governo para exactamente resolver problemas (…) ”, declarou, salientando que com o aumento do custo de vida, será mais difícil os cabo-verdianos vencerem a luta contra a crise.
A Plataforma Sindical propõe neste sentido que o Governo convoque, com carácter de urgência, o Conselho de Concertação Social, no sentido de se discutir o assunto e encontrar uma solução que seja a mais “justa” e “equilibrada”.
Caso o Governo não atender essa reivindicação, que tem vindo a ser feita quase que quotidianamente pela esmagadora maioria dos trabalhadores cabo-verdianos, de Santo Antão a Brava, alertou, caberá a estes, orientados pelos seus respectivos sindicatos, dar a devida resposta.
“Assim, e desde já, a “Plataforma Sindical – Unir e Resgatar a UNTC-CS” lança um apelo a todos os trabalhadores, estejam na Administração Pública ou no sector privado, e bem assim a todos os sindicatos, filiados ou sem qualquer filiação nas centrais sindicais, no sentido de se organizar uma frente comum, com vista a preparar a melhor forma de luta para a reposição do poder de compra dos trabalhadores cabo-verdianos”, apelou.
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