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Segredo de Justiça. Movimentos cívicos em São Vicente solidarizam-se com jornalistas e alertam para perigos para a democracia
Sociedade

Segredo de Justiça. Movimentos cívicos em São Vicente solidarizam-se com jornalistas e alertam para perigos para a democracia

Três movimentos cívicos sediados em São Vicente posicionaram-se hoje perante acontecimentos recentes em que jornalistas foram convertidos em arguidos, solidarizando-se com a classe, ao mesmo tempo que alertam para perigos que tal representa para a democracia. 

A posição foi defendida em conferência de imprensa, realizada à frente do Tribunal da Relação do Barlavento, no Mindelo, por Antónia Môsso, na qualidade de porta-voz dos movimentos cívicos Sokols 2017, Movimento para o Desenvolvimento de São Vicente e Movimento a Favor do Sossego. 

Segundo a porta-voz, perante os “recentes atentados” à liberdade de imprensa e de expressão, referindo-se à constituição de dois jornalistas e dois órgãos de comunicação social como arguidos, os movimentos cívicos apelam aos órgãos de soberania e à população para se manterem atentos e acompanharem “de forma activa” o que se passa no País. 

“Cabo Verde é de todos e não propriedade privada de alguns, pelo que só uma comunicação social livre nos libertará da manipulação e da ignorância”, concretizou a mesma fonte. 

Após citar artigos da Constituição da República, designadamente o 48º e 60º, que garante a liberdade de informar e ser informado e que assegura a liberdade e a independência dos meios de comunicação Social, Antónia Môsso referiu que “não existe democracia sem liberdade”, assim como, prosseguiu, “não existe uma população esclarecida e informada” se não houver uma comunicação social capaz de, em liberdade, desempenhar a sua tarefa. 

“Uma comunicação social forte, que investigue, isenta e livre é o pulmão por onde respira a democracia e a verdade, e ninguém nos pode vedar o acesso à verdade e ao conhecimento, sob pena de vermos os nossos direitos e liberdades asfixiados”, sintetizou. 

Por isso, afirmou que os cabo-verdianos têm o direito à informação e de saber o que se passa na sua terra para poder avaliar, opinar e participar “de forma consciente” no desenvolvimento do País. 

“Só quem tem medo da verdade e da transparência, só quem prevarica, que viola as leis existentes é que se sente ameaçado quando os jornalistas cumprem com o seu direito de informar”, finalizou António Môsso, na qualidade de porta-voz dos movimentos Sokols 2017, Movimento para o Desenvolvimento de São Vicente e Movimento a Favor do Sossego. 

Por outro lado, a Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) realiza hoje uma manifestação pacífica, à frente da Procuradoria-Geral da República, na cidade da Praia, contra ataques a jornalistas e à liberdade de imprensa em Cabo Verde. 

A convocação da direcção nacional da AJOC é extensiva aos jornalistas e amigos dos jornalistas, no sentido de se mobilizarem para acompanharem na sexta-feira o jornalista do jornal A Nação Daniel Almeida que, juntamente com este semanário, foram constituídos arguidos pelo Ministério Público, tendo sido convocados a comparecerem na Procuradoria-geral da República para serem ouvidos. 

Antes de Daniel Almeida e do Jornal A Nação, o jornalista Hermínio Silves e o jornal online Santiago Magazine foram constituídos arguidos e acusados de crime de desobediência qualificada, no processo de investigação sobre crime de violação de direito de justiça aberto pelo Ministério Público, no caso Zezito Denti D´Oru. 

Em causa está a publicação a 28 de Dezembro do ano passado, pelo jornal online Santiago Magazine, da notícia intitulada “Narcotráfico: Ministério Público investiga ministro Paulo Rocha por homicídio agravado” que dava conta que o Ministério Público estaria alegadamente a investigar o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, por homicídio agravado. 

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