Ministério da Saúde prepara medidas para prevenir epidemias propagadas por mosquitos
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Ministério da Saúde prepara medidas para prevenir epidemias propagadas por mosquitos

O ministro da Saúde disse hoje que o país está a preparar medidas para evitar epidemias propagadas por mosquitos, queixando-se de falta de limpeza de vários bairros e apelando à mobilização.

“Quero declarar que o Governo assumiu o requerimento, no qual cria o plano de contingência, uma estratégia para poder usar o fundo de intervenções desta natureza, para podermos fazer face às necessidades”, referiu Jorge Figueiredo, em declarações à agência Inforpress, à margem de uma ação de limpeza nos bairros de Fonton, Kobon e parte da Várzea, na capital, Praia.

Segundo o ministro, vive-se “um momento muito crítico em Cabo Verde, particularmente nesta zona (…), responsável por cerca de 90% da possibilidade de entrada de uma epidemia de doenças transmitidas por mosquitos, nomeadamente, a dengue e o paludismo [malária]”, disse.

“Como já estamos há mais de cinco anos isentos de epidemias de paludismo, inclusive recebemos um prémio da Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano passado, por este feito, não podemos deixar retroceder o processo histórico de libertar Cabo Verde dessas mazelas”, apontou o governante.

No entanto, “infelizmente” e devido a “intervenções pouco cuidadas”, a cidade sofre de falta “de tratamento de lixo, de limpeza pública”, com resíduos a encher “as valas de Cóbon e Fontão”, porque também há um défice visível de contentores, acrescentou.

“Visitámos Fonton e constatámos ‘in loco’ que todas as condições para o eclodir” de uma epidemia “estão lá e não podemos ficar indiferentes e parados, resolvemos solicitar uma intervenção de todos os parceiros”, disse, ao justificar a campanha de hoje, com a proteção civil, forças armadas, administração interna, Câmara da Praia, entre outros.

A presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) de Cabo Verde, Maria da Luz Lima, propôs, em março, a declaração do fim da epidemia de dengue no país, considerando que a situação está "controlada".

Ainda assim, referiu que era importante manter uma vigilância constante, uma vez que o mosquito transmissor da doença continuava a reproduzir-se, embora em menor escala.

A epidemia eclodiu em novembro de 2023 e registou um pico na época das chuvas (entre julho e outubro de 2024), concentrada na Praia (capital), ilha de Santiago, e também na ilha do Fogo.

A doença espalhada por mosquitos é agravada pela acumulação de lixo. 

A epidemia causou 19.000 casos e oito mortes no arquipélago.

Um surto anterior, em 2009, incluiu 21.000 casos e seis óbitos, todos na ilha de Santiago.

A dengue é uma doença curável, mas que requer atenção médica.

Febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, a par de inflamações na pele, fazem parte dos sintomas da infeção que, nos casos mais graves, pode evoluir para dengue hemorrágica e, no limite, causar a morte. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou Cabo Verde como um país livre de malária, em janeiro de 2024, "marcando uma conquista significativa na saúde global", indicou na altura

O país lusófono juntou-se a um grupo de 43 países e um território ao qual a OMS já atribuiu a certificação, sendo o terceiro país a recebe-la na região africana da OMS (a par das Maurícias e Argélia, certificados em 1973 e 2019, respetivamente). 

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