Em julho último, quando o primeiro-ministro anunciou, pela terceira vez, o projeto do Hospital Nacional de Cabo Verde e avançou que as obras arrancam em 2026, os apoiantes do Governo atacaram uma jornalista por questionar Ulisses. Mas, agora, é o ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, a reconhecer que o Hospital Nacional de Cabo Verde “não é um processo fácil” e que o Governo está a discutir diariamente as condições financeiras para o seu desenvolvimento. Isto é, parece que ainda nada está garantido.
O ministro da Saúde, Jorge Figueiredo disse esta quinta-feira, 16, estar a trabalhar nas “condições programáticas” para a implementação daquela futura infraestrutura de saúde, bem como a sua organização, funcionalidade e objetivos, mas reconheceu que “não é um processo fácil”.
Uma declaração que levanta algumas interrogações sobre o anúncio feito em julho último, quando o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, declarou, pela terceira vez, que as obras do “hospital de referência internacional” iriam arrancar e apontou mesmo um período temporal: meados de 2026.
Inquirido por jornalistas, as declarações de Jorge Figueiredo foram feitas à margem da abertura do III Simpósio Internacional promovido pela Escola Universitária Católica de Cabo Verde, onde estão a ser debatidos os desafios colocados à investigação científica no que respeita à filosofia e à bioética.
Bioética é “prática individual de cada médico”
Já quanto ao tema do simpósio, o ministro da Saúde, que é médico de profissão, considerou que a bioética é uma “prática individual de cada médico”, porquanto, “durante a sua formação profissional, é dotado do conhecimento sobre a bioética”, sublinhou, acrescentando que ao clínico é ensinado a se comportar tendo em conta a globalidade da sua intervenção.
Para Jorge Figueiredo, o importante é que o sistema de saúde se organize de modo a exigir que o comportamento dos técnicos se vá aproximando daquilo que se tem de conceito, do humanismo.
“A nossa ética tem que ser fundamental nessa relação médico-paciente, enfermeiro-paciente e técnico de saúde-paciente”, disse o ministro, considerando que a questão ética e a bioética, na análise sobre a prestação dos cuidados, são “extremamente importantes”.
Alterações climáticas não são favoráveis à situação de não-paludismo, mas pessoas e instituições são também um problema
Instado a pronunciar-se sobre os últimos casos de paludismo registados em Cabo Verde, Jorge Figueiredo admitiu que o país está permanentemente sob a condição de perder o certificado da Organização Mundial de Saúde (OMS) que lhe foi atribuído no ano passado, como estando livre da doença.
As razões de uma eventual perda do certificado da OMS, têm, ainda segundo o ministro, explicação: “por causa da nossa situação climatérica, as alterações climáticas que estão a ocorrer, as altas temperaturas, as chuvas e, particularmente, a nossa própria cultura, que, digamos, não é muito favorável para a permanência da situação de não-paludismo”.
Para Jorge Figueiredo, o comportamento das pessoas e das instituições, como as câmaras municipais, também não contribuem positivamente para evitar que o paludismo entre no país.
C/Inforpress
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