A jornalista Maria de Jesus Barros pediu demissão do cargo de directora de informação da Agência cabo-verdiana de Notícias – Inforpress, alegando ingerência do gestor único, José Vaz Furtado, em assuntos da redação. O jornalista Hélio Robalo passa a assumir o cargo interinamente.
Num e-mail de despedida enviado aos colaboradores e que este jornal teve acesso, Maria de Jesus Barros, cuja função iniciou em Novembro de 2021, afirma que começou no cargo “batendo de frente” com o administrador, por notar “uma tendência para transformar o cargo de director de informação numa “coisinha” e a “interferir nos assuntos da redacção”.
A discórdia entre a diretora de Informação e o gestor único, tem o seu epicentro na indicação do chefe de redação. No email acima referido, Barros, que é uma jornalista com vários anos de casa, acusa, de entre outros, Furtado de ter tentado impor um chefe de redação que estava impedido pela lei de exercer o cargo, quando se sabe que a escolha do Chefe de Redação é uma competência da Directora da Informação, que também responde perante o tribunal.
Um outro ponto de conflito, segundo o referido e-mail, refere-se ao facto da directora de Informação ter sido impedida pelo gestor único de saber o nome do advogado que a empresa contratou para defender um processo judicial, com os argumentos de que esse assunto deve tratado “ao mais alto nível”.
Na missiva, Maria de Jesus Barros aponta que José Vaz Furtado chegou a indigitar jornalistas para trabalhos e também a se reunir com o pessoal da multimédia e os editores, sem nenhuma concertação prévia, “para dar aulas de fotografias e de jornalismo”.
“Numa atitude arrogante, isto quando se sabe que uma das funções da Directora de Informação é servir de intermediária/elo entre a redação e a administração. Portanto, para assuntos relacionados com os conteúdos ele devia falar com a Directora”, apontou.
Maria de Jesus Barros relata que o gestor único da Inforpress vinha tomando medidas que tinham a ver directamente com a redação, como autorização de férias aos jornalistas, alteração do horário dos condutores, sem que houvesse uma comunicação entre os dois.
“Aliás, por mais de uma vez, ele me disse que não precisava das nossas opiniões, das nossas sugestões, das nossas ideias, porque para ele elas não valem nada, porque toma as suas decisões em concertação com o secretário de Estado e Vice-Primeiro-ministro, que detêm a tutela, dando ideia de que não precisava da direcção da Informação ou de outra chefia intermédia qualquer, para gerir a Inforpress”.
Perante tais situações, Maria de Jesus Barros “entornou o caldo” e pediu demissão do cargo, pedido este que foi aceite esta quinta-feira, 10 de Março. As funções de director de informação passam a ser assumidos interinamente pelo jornalista Hélio Robalo.
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