O ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, justificou hoje o aumento da criminalidade em Cabo Verde, na ordem de 33 por cento (%) em 2021, com a retoma da vida social e económica e o aumento da conflitualidade social.
Falando aos jornalistas após ter presidido o seminário sobre “Operações especiais de prevenção criminal” e o 16º encontro de chefias da Polícia Nacional (PN), a decorrer na Cidade da Praia, o governante sublinhou que várias razões explicam esse aumento da criminalidade, a começar pela retoma da vida social com afrouxamento das medidas para conter a pandemia.
“Várias razões explicam, desde logo, como foi dito pelo director nacional, nós estávamos a vir de um período e ainda estamos num período de pandemia. Houve uma diminuição da circulação de pessoas e das actividades e na retoma sentimos esse aumento”, disse.
Contudo, o ministro adiantou que há outras razões que podem explicar o aumento da conflitualidade social, das violências e das agressões e das ofensas à integridade.
“Nós tivemos um aumento do crime de abuso sexual contra crianças. Há aumento da conflitualidade que ajuda a explicar essa questão das ocorrências criminais”, acrescentou.
E perante esse aumento, adiantou que há um conjunto de estratégias que têm que ser executadas, particularmente no domínio da prevenção criminal e, neste sentido, enalteceu a realização do seminário em parceria dos conselhos superiores do Ministério Público e da Magistratura Judicial visando discutir a questão das operações especiais de prevenção criminal.
“Existem ainda algumas dúvidas quanto ao modelo de implementação. Esse seminário traz especialistas de fora que nos ajudarão a traçar, a perceber os melhores instrumentos, sendo certo que a intenção do Governo e da Polícia é por um foco nas operações especiais de prevenção criminal, visando uma particular atenção e foco naqueles que cometem infracções e que incomoda uma sociedade inteira”, disse.
Dados apresentados hoje pelo director nacional da PN apontam que em 2021 as ocorrências registadas aumentaram na ordem dos 33% em comparação com 2020, interrompendo, assim, o ciclo de cinco anos (2016 a 2021), em que consecutivamente se registou diminuição acentuada das ocorrências criminais no País e cuja redução acumulada real foi de 23,7%.
Os aumentos mais expressivos aconteceram sobretudo nas ilhas de Santiago com incremento na ordem de 54,7%, São Vicente com 33,9%, Santo Antão com 18,3% e Brava com 18,4%.
Emanuel Estaline Moreno realçou a diminuição de ocorrências registadas pela PN em cinco ilhas, designadamente Fogo (-8%), Sal com (-16%) Boa Vista (-5%), Maio (-19%) e São Nicolau (-26%).
No que se refere aos tipos de crimes registados, os dados da PN apontam que 56,8% do total das ocorrências se referem aos crimes contra património, que no ano de 2021 conheceram um agravamento de 52,9% a nível nacional.
Os roubos aumentaram 61,7% e os furtos 46,4%.
Já os crimes contra pessoas representaram 43,1% do total das ocorrências com um agravamento na ordem dos 13,7% provocado pelo aumento da Violência com Base no Género (VBG), em 26%, representando mais 478 casos do que os registados em 2020.
Houve igualmente aumento dos crimes de abuso sexual de menores em 23%, com mais 21 ocorrências do que no ano de 2020, e crimes de ofensas corporais em 4% e ameaças na ordem de 31%.
Apesar do aumento da criminalidade, os dados apontam para a redução no número de homicídios, tendo sido registados menos sete casos do que em 2020.
“Houve uma redução na ordem de 19,4% em comparação com 2020, em que tivemos 36 homicídios. De realçar que na Praia, em particular, tivemos menos dois homicídios em comparação com o ano de 2020, em que tivemos 19 homicídios”, precisou.
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