Emigrante quer comprar barco-ambulância para a Brava até fim do ano
Sociedade

Emigrante quer comprar barco-ambulância para a Brava até fim do ano

O mentor do projecto que pretende dotar a ilha Brava de um barco-ambulância equipado com material médico de emergência, Eliseu Teixeira, quer ver este “sonho” realizado num período de três meses.

Em entrevista à Inforpress, este bravense residente em Paris (França), contou que o projecto está orçado em cerca de 150 mil euros e, segundo o mesmo, a campanha foi lançada no passado dia 8 de Junho e logo em seguida já tinha recebido centenas de mensagens de apoio, principalmente da comunidade nos Estados Unidos da América.

O objectivo, evidenciou, é dotar a Brava de um barco ambulância ou de uma hidro-ambulância para trabalhar na transferência dos pacientes da Delegacia de Saúde da Brava para o Hospital Regional Fogo-Brava.

Conforme explicou, vai ser um barco “com todas as condições de segurança, conforto para o paciente e do técnico de saúde” que o acompanha, e, acima de tudo, dotado de “todos os instrumentos de suporte à vida”, o que traz “alguma dignidade” à população bravense”,  sublinhando que este vai ser colocado à disposição do Serviço Municipal da Protecção Civil.

Este projecto surgiu no âmbito do caso que aconteceu no passado dia 1 de Agosto com o falecimento do adolescente Djonny, 14 anos, tendo recordado que a ausência de barco no porto da Furna fez com que este adolescente fosse transferido para a ilha do Fogo numa embarcação “não apropriada” para estas situações.

Eliseu Teixeira indicou que o projecto não é pessoal, mas sim de todos os bravenses, cabo-verdianos e amigos do País que queiram ajudar e apoiar para a resolução desta situação na ilha e evitar que haja mais desfechos do tipo.

Entretanto, sublinhou que no ‘post’ a circular nas redes sociais teve vários comentários, em que os internautas surgem a criticar, acreditando ou defendendo que esta iniciativa deveria ser do próprio Governo.

Mas, o mentor explicou que a filantropia existe em qualquer parte do mundo, acrescentando que o desenvolvimento de uma Nação parte também da sociedade civil.

“Acho que é preciso mudar um pouco essa mentalidade de assistencialismo em Cabo Verde” defendeu, recordando que no início da Independência o país dependeu de Estados amigos e o povo aprendeu a receber tudo o que vinha de fora e já quase cinquenta anos de Independência, “ainda o povo quer continuar com esta prática”, questionou.

Neste sentido, esclareceu que não é somente o Governo que pode fazer este trabalho, mas também os cidadãos residentes, emigrantes e amigos do País com condição para ajudar, e podem contribuir para o desenvolvimento da ilha, do País, num “djunta-mon” (juntar de mãos).

Quanto às diversas notícias e ‘post’ de esclarecimentos sobre o falecimento do jovem e mesmo de outras situações, Eliseu Teixeira, dizendo-se não querer “criticar” os governantes e políticos, enfatizou que muitas vezes é preciso que estes reconhecem o erro, ou seja, “pedir desculpas publicamente em vez de defender as suas cabeças em situações do tipo”.

Pois, diz entender que se houvesse “uma boa organização” dos governos que já administraram o País, pode ser que o caso não tivesse esse desfecho, sublinhado que o problema de transferência de doentes não é somente na ilha Brava, referenciando também as ilhas de São Nicolau e Maio.

Formado em Medicina Natural e em Informática, deixou aos médicos, enfermeiros e profissionais de saúde uma mensagem, relembrando-lhes que “a atenção ao paciente é o primeiro caminho para a cura e a cada paciente, a cada doente deve ser visto como uma pessoa única, dando-lhe o melhor tratamento e cuidado possível”, finalizou, sugerindo uma “maior humanização do atendimento no País”.

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