O presidente da Câmara Municipal da Boa Vista, Cláudio Mendonça, anunciou hoje o cancelamento da 33.ª edição do Festival Praia d'Cruz e a afectação de três mil contos do orçamento para apoiar as vítimas de São Vicente.
O orçamento inicial do festival, que estava agendado para os dias 22 e 23 de Agosto, era de 15 mil contos, dos quais três mil serão canalizados para apoiar as famílias de São Vicente em situação de carência extrema, através de bens essenciais e apoio à reconstrução.
Em declarações à Inforpress via telefone, o autarca explicou que a decisão foi motivada pelo cenário “muito complicado e dramático” vivido na ilha vizinha, onde centenas de famílias perderam habitação, bens essenciais e meios de subsistência.
“Cabo Verde está de luto e não podemos estar ao mesmo tempo em festa. Entendemos afectar parte do orçamento para ajudar as pessoas de São Vicente, principalmente aquelas que ficaram sem casa, roupa e alimentos”, afirmou.
Cláudio Mendonça sublinhou a forte ligação histórica entre Boa Vista e São Vicente lembrando que muitas pessoas de uma e outra ilha vivem, estudam e trabalham nos dois destinos.
“É um momento de estarmos ao lado dos nossos irmãos, mobilizando recursos públicos e privados para apoiar a reconstrução e o apoio social urgente”, reforçou.
O presidente da autarquia adiantou ainda que, apesar de Boa Vista ter registado dois dias de chuvas consecutivas, com maior intensidade na madrugada de 11 de Agosto, a situação está actualmente controlada.
No entanto, informou que a cidade de Sal Rei registou acumulação significativa de água, causando interrupções na circulação de pessoas e viaturas, cortes temporários de estrada e algumas habitações afectadas.
Equipas dos bombeiros e da protecção civil continuam no terreno a realizar operações de escoamento, utilizando bombas, motobombas, máquinas e outros equipamentos.
Segundo o edil, a circulação para o norte da ilha, interrompida pelas cheias na ribeira do Rabil, já foi restabelecida.
Apesar do controlo actual, o edil alertou que Boa Vista não está preparada para enfrentar precipitações da magnitude das registadas em São Vicente.
“Se acontecer aqui, certamente teríamos problemas enormes. Há muito a fazer em matéria de protecção civil, bombeiros, infra-estruturas de drenagem e melhoria da qualidade das construções, sobretudo em zonas vulneráveis como o bairro da Boa Esperança”, afirmou, notando que este bairro apresenta hoje melhores condições habitacionais do que em 2020, mas ainda carece de intervenções.
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