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Após 10 dias ausente do país Conselho de Administração da RTC regressa à casa, mas sem presidente
Sociedade

Após 10 dias ausente do país Conselho de Administração da RTC regressa à casa, mas sem presidente

O Conselho de Administração da Rádio Televisão de Cabo Verde (RTC), que esteve em viagem de “cooperação internacional” pelas terras da Europa, regressou finalmente ao país, depois de 10 dias divagando entre Portugal e Canárias. Consta que o presidente Policarpo de Carvalho terá ficado pelo caminho, passando doravante a ser substituído pela administradora, Margarida Fontes, com efeitos a partir de 5 de dezembro, conforme despacho chegado esta tarde à redação de Santiago Magazine.

De acordo com o referido despacho, Margarida Fontes passa a exercer funções de presidente do Conselho de Administração (CA) da RTC até 18 de dezembro, em substituição do titular do cargo, Policarpo de Carvalho. As razões de tal substituição são até este momento desconhecidas, pois o despacho é omisso nesse particular.

Recorde-se que o Conselho de Administração da RTC é constituído por Policarpo de Carvalho, que preside, e os administradores executivos, Margarida Fontes e Carlos Reis. Essas três individualidades resolveram realizar uma viagem com destino a Portugal e Canárias, para assinar protocolo de “cooperação internacional”, delegando no jornalista e diretor da Televisão de Cabo Verde, António Teixeira, competências para exercer as funções de Presidente do CA.

Trata-se de deliberação nº24/2021, de 17 de novembro, cujo teor Santiago Magazine teve acesso, que delega ainda no jornalista e diretor da TCV, António Teixeira, as competências de Administrador Executivo para o pelouro da Rádio, da Televisão e das Delegações, e no engenheiro e diretor técnico da RTC, Elísio Faria, as de Administrador Executivo para o pelouro de Recursos Humanos e Tecnologia.

Viagem desnecessária

No seio dos trabalhadores da RTC esta viagem de todo o elenco da administração daquela empresa pública de comunicação social para Europa provocou um grande desconforto. Primeiro porque, a crer na fonte deste diário digital, para além de aparentar "um passeio à custa do tesouro público", é sobretudo uma viagem “desnecessária nesta época de crise, com a empresa a trabalhar num evidente estado de sufoco financeiro e orçamental, com falta de equipamentos básicos, como computadores, por exemplo, onde os jornalistas recorrentemente são obrigados a esperar por sua vez para usar um computador e escrever uma peça para o jornal que sai logo a seguir.”

Por outro lado, acrescenta a mesma fonte, tudo indica que a deliberação do CA, atribuindo competências aos trabalhadores para exercer funções de administrador e de presidente da empresa, é de “legalidade duvidosa, para além de ser eticamente reprovável.”

Conselho Independente desativado

E, chegado a este ponto, a nossa fonte questiona o papel do Conselho Independente, organismo de supervisão e fiscalização interna dos serviços prestados pela RTC, criado pelo governo. Trata-se de um órgão que se quer efetivamente independente, pois, de acordo o diploma que o criou, os seus membros devem ser escolhidos pela Assembleia Geral da RTC, pela Plataforma das ONGs, pela Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde e pelos trabalhadores.

Informações recolhidas por Santiago Magazine apontam que o Conselho Independente, neste momento constituído por Daniel Medina, Humberto Elísio e Fernando Jorge, encontra-se desativado, não se sabe por que razão.

O que efetivamente se sabe, conclui a nossa fonte, "é que a RTC está transformada num mato sem cachorro, onde manda quem pode e obedece quem deve, ou tem juizo..."

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