A população salense saiu ontem à tarde às ruas para manifestar contra a violência e a onda de crimes que tem assolado o Sal nos últimos meses. A organização decidiu chamar esta Marcha Sal 1720, numa alusão à data do início do povoamento da ilha mais turística do país.
A adesão foi em massa. Centenas de pessoas percorreram as principais artérias da cidade de Espargos, trajadas de branco e de cartaz em punho. “No krê Djad’Sal de volta”, “Por um Sal mais seguro”, “Segurança não é um privilégio, é um direito!” e “Medo não faz parte da cultura cabo-verdiana” foram os gritos de protesto.
Os salenses quiseram chamar atenção das autoridades competentes para a necessidade de ações mais proactivas e de tomada de medidas assertivas no combate ao crime e ao restabelecimento do clima de segurança. Um protesto justo, consideram os manifestantes pela importância que a ilha do sal tem no cômputo nacional a nível turístico e económico.
É urgente a tomada de um conjunto de medidas, para que o Sal volte a ser uma referência como uma das ilhas mais seguras do país, diz Djimms Delgado um dos membros da organização: “É necessário um novo plano de segurança para o Sal, mais e melhor policiamento nas ruas”.
Sal é uma ilha que vive e depende diretamente da atividade turística, daí quem, defende Djimms, as autoridades devem agir o quanto antes e escutem a voz do povo: “se não tivermos segurança automaticamente perdemos a nossa credibilidade enquanto destino morabeza. É preciso garantir segurança tanto aos residentes quanto aos turistas”.
Toda a população do Sal vai continuar unida, garantem os manifestantes, para exigir das autoridades locais e centrais o restabelecimento da segurança na ilha.
Nos últimos meses, refira-se, a ilha do Sal tem registado um amento significativo de criminalidade. Só nas últimas três semanas, as Polícias Nacional e Judiciária registaram dezenas de casos de assaltos a pessoas e propriedades, muitos com recursos a arma de fogo.
Há duas semanas, um minimercado foi assaltado no complexo residencial da Murdeira por quatro homens encapuzados. Um deles estava na posse na posse de arma de fogo. Câmaras de vigilância registaram toda a ação dos meliantes. O vídeo do assalto foi partilhado nas redes sociais por pessoas a alertarem pela falta de segurança na ilha.
Crimes contra turistas também têm aumentado. Há duas semanas uma turista belga foi violada e roubada por um taxista. A vítima terá contactado o suspeito para lhe conduzir do centro de Santa Maria até ao hotel onde a mesma está hospedada. O suposto agressor terá se desviado do caminho e cometido o crime num areal ao lado do empreendimento Vila Verde. O suspeito está preso preventivamente.
Aliás, os crimes de agressão sexual têm aumentado, segundo as autoridades locais. No início do mês, o Tribunal da Comarca do Sal aplicou Termo de Identidade e Residência, a um indivíduo de 28 anos, por abuso sexual contra a enteada. O homem deve apresentar-se às autoridades judiciais periodicamente e está proibido de abandonar a ilha do Sal e de ter contato com a vítima.
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