A Comissão Política Concelhia do Movimento para a Democracia (MpD, poder) apelou esta terça-feira, 7 de maio, para a necessidade de “cautela e ponderação” quanto a estabelecimento de acordo face à situação de Pedra de Lume, “salvaguardando” direitos e dignidade daquela população.
Esta advertência foi feita, em conferência de imprensa, pelo vice-presidente da comissão política do MpD local, Aldirley Gomes, na sequência da notificação de despejo e demolição das casas na localidade, accionada pelo proprietário Turinvest Holding e Salinas de Pedra de Lume, que reagiu, ao mesmo tempo, às declarações do PAICV (oposição), sobre a matéria.
“Exigimos mais respeito para com a população de Pedra de Lume que tendo suportado largos anos de injustiça, injúria e indiferença, não pode ser agora pressionada a aceitar acordos impregnados de ligeireza se considerarmos todas as variáveis do imbróglio”, exteriorizou.
Aldirley Gomes vai mais longe responsabilizando a gestão do PAICV pela “penosa e indigna indefinição” em relação ao futuro da população de Pedra de Lume e ao seu direito enquanto munícipes e cidadãos deste país.
“Com objectivos claramente eleitoralistas, foi o PAICV que, em 2004, às vésperas das eleições autárquicas, assinou o acordo, altamente lesivo, diga-se de passagem”, acusou, lembrando que o mesmo previa, de entre outros, a deslocalização da população para outra zona remota, onde ficaria “completamente desenquadrada e empurrada para um cantinho, confinada ao desprezo e à humilhação”.
Fazendo esta leitura, a mesma fonte disse que, agora, vem o PAICV requerer “irresponsavelmente” que se reafirme o acordo de 2004.
“Em manobras de distorção da verdade da história, exigindo à Câmara Municipal do Sal para apressar assinatura de acordos, cujos pressupostos, a nosso ver, se encontram completamente exauridos”, ajuntou, com o “único intuito”, precisou, de fazer uma “lavagem à sua vergonhosa participação” neste processo, desde o seu início, “endossando o ónus” à presente governação local.
Aldirley Gomes concluiu que só se pode conceber o desenvolvimento de Pedra de Lume caso a comunidade local estiver “devidamente integrada” ou seja, que não venha a ser colocada “numa situação periférica”.
“Quer em questões que dizem respeito à habitação, quer ao emprego, cabendo às autoridades, locais e centrais, priorizar os residentes no que concerne ao licenciamento de actividades económicas e geradoras de rendimento familiar”, enfatizou.
Sobre a matéria, que suscitou diferentes reacções, conforme documento a que a Inforpress teve acesso, parte dos moradores foi notificada para despejo, outros para demolição e outros ainda para a regularização da renda, no prazo de 60 e 30 dias, respectivamente.
O assunto gerou alguma indisposição, merecendo reacção do presidente da Câmara Municipal do Sal, Júlio Lopes, que garantiu à população que “ninguém vai desalojar as pessoas de Pedra de Lume”.
Os eleitos do PAICV (oposição) e do MpD (poder) e o deputado independente manifestaram também a sua solidariedade, chamando atenção para a questão de “humanidade e respeito pelas famílias” da comunidade que lá vivem, “há largos anos”.
Com Inforpress
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