Como nos versos de Fernando Pessoa, "Tudo vale a pena se a alma não é pequena." E, em Tarrafal, a alma é vasta, imensa como o céu que abraça nossa gente. Este festival não é apenas uma festa – é a materialização de um sonho que sempre o Mário teve, de uma promessa de futuro. Quando tantos nomes se juntam para celebrar a paz, torna-se impossível não acreditar que, como uma funda lançada se sente também uma flor desabrochando antes do dia se fazer clarão, Tarrafal se abrirá para o mundo.
Sempre acreditei que ter nossos grandes artistas por perto é um luxo imensurável. E estar por perto, para eles, é estar em casa. Quando os nossos estão em casa, coisas magníficas acontecem – no passado aconteceu, no presente floresce, e no futuro acontecerá ainda mais.
A cidade de Tarrafal, com suas raízes profundas e história pulsante, sempre teve esse dom de acolher e inspirar. Como bem disse uma professora e intelectual da UniCV, "Se Tarrafal desse uma guinada e todos os seus filhos, em um grande retorno, trouxessem seus feitos e glórias, seria a cidade da Praia que teria de procurar o seu lugar." Mas não estamos em disputa por protagonismos. Temos o nosso lugar, bem situado ao norte. Tarrafal foi esculpido pela mão da sorte, mas o que faltou por muito tempo foram filhos com alguns olhos, bocas e visão.
Contudo, hoje, o que Mário Lúcio trouxe para esses dias é o mais grandioso acontecimento cultural dos últimos anos nesta terra abençoada. No dia 12 deste mês, Tarrafal será palco do Festival da Paz, idealizado pelo músico, poeta e pensador Mário Lúcio de Sousa. Só o nome deste artista resplandece como uma força atrativa que, como o vento norte da Graciosa, trará para o nosso chão os sons da paz e da liberdade.
"Trazei-me todas as vozes", disse Cecília Meireles, e assim será. Porque não é apenas um festival. É uma tapeçaria cultural tecida por artistas que carregam em suas canções e versos a alma de um povo e povos do mundo. Nomes como Mayra Andrade, Chico Serra, Raiz de Polon, Khyra, Sofia e Rui, Manu Lima, Boy G. Mendes, Julieta Cohen, Auzete, Princezito, Alberto Koenig, Zul Alves, Alicia Freitas, Batchart, Fattú Djakité e Manuel de Candinho e Xintone... Cada um, com suas trajetórias, seja já consolidada ou em começo, trará a Tarrafal uma música que germinara e espalhará mais amor e paz nos corações.
Este é um momento de celebração e, sobretudo, de memória. O centenário de Amílcar Cabral, herói imortal e guia eterno de nossa luta, será reverenciado. Como diria Pablo Neruda, "podem cortar todas as flores, mas não podem impedir a primavera de florescer". E essa primavera é o que nos une neste festival – a paz, a memória, a arte que brota da terra e dos corações de um povo que nunca se cansa de renascer.
Tarrafal, com sua paisagem de montes e mar, é muito mais que um cenário. É a alma vibrante de uma nação que, ao longo dos séculos, resistiu e transformou as dificuldades em arte. Hoje, nossa terra é o palco para as vozes que cantam a liberdade, o amor e a paz, enquanto o senhor monte graciosa nos protege sempre contra as raivas do atlântico.
Como nos versos de Fernando Pessoa, "Tudo vale a pena se a alma não é pequena." E, em Tarrafal, a alma é vasta, imensa como o céu que abraça nossa gente. Este festival não é apenas uma festa – é a materialização de um sonho que sempre o Mário teve, de uma promessa de futuro. Quando tantos nomes se juntam para celebrar a paz, torna-se impossível não acreditar que, como uma funda lançada se sente também uma flor desabrochando antes do dia se fazer clarão, Tarrafal se abrirá para o mundo.
Certamente, será um momento de encontro, de reflexão e, sobretudo, de renovação. Que possamos lembrar, como Vinícius de Moraes disse, que "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida." E assim, no Tarrafal, encontraremos a paz nas notas, nos versos, nos olhares, e celebraremos, com gratidão, este festival que já nasce eterno em nossos corações.
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