Precisamos manter-nos alerta, para não retrocedermos, não podemos de forma alguma deixar que este gigantesco ganho que foi o 13 de Janeiro se perca, pelo populismo pelo autoritarismo, pela descrença na justiça, pela falta de tolerância, pelo empobrecimento do discurso político, pela banalização de cargos de Estado, pela fulanização e pessoalização do discurso político, pelo desrespeito pelas escolhas legítimas do povo, pela falta de sentido de Estado e vários outros sinais que temos vivenciado e ainda assim negligenciado.
Guardei meu 13 de Janeiro, não para ouvir discursos inflamados de pessoas que muitas vezes não convivem bem, nem com a liberdade e muito menos com a democracia, não para caminhadas ou para plantar árvores que depois não cuidamos.
Guardei meu 13 de Janeiro para o silêncio e uma reflexão profunda.
O que é realmente a Democracia?
Terá sido um ganho absoluto? ou temos o dever de a manter viva.
Vivemos numa conjuntura tanto internacional como interna de ameaças constantes, é preciso não baixar a guarda, para que possamos de facto vivenciar a democracia e a liberdade sempre renovada e adaptada a novas realidades.
Cabo Verde é um país que muito me orgulha pelo seu percurso, o cabo-verdeando é um povo que muito me orgulha, pela sua simplicidade pela sua resiliência e pelo sorriso rasgado, que vem de uma alma cansada de desafios porém esperançosa, pelo brilho que carrega no olhar por onde quer que vá, quando fala ou pensa neste torrão.
Precisamos manter-nos alerta, para não retrocedermos, não podemos de forma alguma deixar que este gigantesco ganho que foi o 13 de Janeiro se perca, pelo populismo pelo autoritarismo, pela descrença na justiça, pela falta de tolerância, pelo empobrecimento do discurso político, pela banalização de cargos de Estado, pela fulanização e pessoalização do discurso político, pelo desrespeito pelas escolhas legítimas do povo, pela falta de sentido de Estado e vários outros sinais que temos vivenciado e ainda assim negligenciado.
Precisamos ver esses sinais de alerta e mais uma vez levantar-mos.
Precisamos de um novo 13 de Janeiro.
Precisamos renovar a Democracia, os valores os ideias que fizeram este povo sair ás ruas e de forma destemida infrentar a opressão do partido único.
Precisamos hoje de mais um 13 de Janeiro,para renovar a esperança do Povo, e combater de forma firme e séria as mazelas que vem inquietando a todos. Precisamos de uma sociedade mais justa, de uma justiça mais célere , de um ambiente mais seguro e de uma saúde de qualidade. Temos trabalhado nisso, o Governo e toda Nação, mas também temos sinais de que é preciso intensificar ou mudar de estratégias se preciso for.
É preciso combater o crime de frente, chega de cuidados paliativos, e não falo da pequena criminalidade que tem afligido principalmente a cidade da Praia. Falo de crimes que levam a estes outros.
É preciso coragem para uma reforma no sistema judicial, que leve a uma maior independência dos juízes e dos tribunais. A forma de nomeação destes, a organização e principalmente a fiscalização e responsabilização em casos que assim exigam.
É preciso uma reforma na Administração Pública, mas antes disso, de facto é preciso uma diminuição do elenco governamental, não faz sentido nenhum, é visível, e só contribui para o sentimento de revolta.
Governantes são servidores, e devem ouvir quem servem.
O Setor Educação é sem dúvidas, ou deveria ser motivo de bastante orgulho de todos os cabo-verdianos. Temos um percurso exemplo, desde o pós independência.
A aposta muito cedo na educação, primeiramente com a alfabetização atingindo taxas record a nível da região Africana, hoje dados da Direção Nacional da Educação apontam que a alfabetização nos homens chagam aos 93,1% e nas mulheres 84,8%, tendo no meio urbano uma taxa de 91% e o meio rural 82%.
Foi uma das primeiras preocupações no pós independência, e uma aposta, ganha, na altura a taxa de analfabetismo estimava-se perto de 60%.
Entre 1979 a 1990 foram alfabetizados 51,112 pessoas, 58% dos quais mulheres.
Numa outra fase, após o 13 de Janeiro, nos anos 90, uma aposta na proliferação de instituições de ensino básico e secundário em todas as ilhas e municípios, e posteriormente a implementação do ensino superior. Hoje o Governo apostou na gratuitidade do ensino ate ao 12 ano, talvez uma das maiores obras deste Governo.
Hoje os desafios são outros, a qualidade do ensino, e o acesso de forma igualitária a todos os cantos de cabo verde. Não podemos ter crianças que levantam de madrugada e andam quilómetros para terem acesso ao ensino.
É primordial combater a extrema pobreza! Uma sociedade que produza ricos, tem que ter a habilidade de não aumentar a pobreza e os pobres. Uma sociedade que tem ambição de crescer a dois dígitos, tem que estar dotada de políticas que de facto façam este crescimento impactar na qualidade de vida do seu povo. Muitas boas medidas foram e estão sendo tomadas, é preciso reavaliar e continuar firme neste processo.
É imperativo repensar o setor dos transportes.
Eu imagino que se tivesse vivido o pós independência ou os anos 90, para mim prioridade num pais arquipelágico sem dúvida nenhuma seria os transportes inter ilhas, passados 32 anos de democracia e liberdades económicas e quase 50 anos de independência é impensável que uma ilha como São Nicolau ou Brava estejam praticamente isoladas. Muito já se fez e tem-se feito sem dúvida, mas é preciso mais, muito mais.
E por ultimo e não menos importante, é urgente uma atenção especial no setor da saúde. Nós somos bons bombeiros, sem dúvida, fizemos um combate ao Covid que faria inveja a muito país do primeiro mundo. E depois disso?
A anunciada parceria público privada para a construção do hospital Nacional é uma lufada, e almeja-se que seja breve, porque de facto o setor da saúde precisa.
Não obstante, é preciso dotar todas as ilhas de um hospital.
Grandes avanços foram conseguidos, mas os desafios neste setor são gigantescos, e de facto precisa de esforço Hercúleo, não devemos deixar isso em qualquer mãos.
Com tudo isso não quero de forma alguma pintar um cenário mau para Cabo Verde, muito pelo contrário. O percurso é de orgulho, porém os desafios são cada vez mais complexos e temos que ter a coragem a força e a resiliência de os priorizar enfrentar e vencer!
Por isso tudo, é preciso um novo 13 de Janeiro para o povo das ilhas, para o renovar da democracia e para um efetivo gozo de todas as liberdades e direitos e o respeito incondicional pela dignidade da pessoa humana. Direito á justiça, á educação, á saúde aos transportes e acima de tudo o Direito de viver numa sociedade que cultiva a Paz. Só assim seremos um povo verdadeiramente feliz!
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