Sem pedir permissão, autorização a qualquer autoridade eclesiástica que seja, me senti na liberdade de me posicionar em defesa da Igreja Católica em Cabo Verde perante algo que considero inoportuno, agressivo, ignóbil, velhaco que foi publicado por aí com críticas a uma suposta discriminação positiva do Estado a favor da Igreja e contra o apoio aos artistas.
Trata-se uma lição de sabedoria e de tolerância para com o outro que nos quer agredir e ofender, mas ao mesmo tempo uma lição de fé e de esperança por um mundo melhor e de um outro ser humano melhor.
“Pai, perdoai-lhes por que não sabem o que fazem” (Lucas, 23:34), perante a humilhação, tortura, tormento, dores e iniquidade dos inimigos, Jesus respondeu aos seus opressores com perdão e tolerância.
Nos falta a tolerância e a compaixão, muitas vezes, por isso, ofendemos e agredimos uns aos outros e a nós mesmos.
Mas, isso no âmbito da tolerância e da liberdade de expressão, creio que haja limites ao “relativismo” e a Laudato si' ( 'Louvado sejas'; subtítulo: "sobre o cuidado da casa comum") do Papa Francisco, nos inspira aqui.
Sem pedir permissão, autorização a qualquer autoridade eclesiástica que seja, me senti na liberdade de me posicionar em defesa da Igreja Católica em Cabo Verde perante algo que considero inoportuno, agressivo, ignóbil, velhaco que foi publicado por aí com críticas a uma suposta discriminação positiva do Estado a favor da Igreja e contra o apoio aos artistas.
1. O investimento que o Estado de Cabo Verde fez na restauração do património histórico em todo o país, ao longo dos anos, não se limitou e nem foram exclusivamente à Igreja;
2. O Estado fez tais investimentos adotando os mecanismos constitucionais e legais vigentes e válidos: se apresentou e tramitou o devido processo legal legislativo com discussão e aprovação no Parlamento, promulgação do Presidente da República e publicação no Boletim Oficial;
3. Ninguém fizera objeção específica na altura devida a tal aprovação;
4. O Governo implementou os orçamentos aprovados e agora aparecem vozes maldosas ou oportunistas em dissonância injusta e inoportuna contra essa rubrica orçamentária;
5. Sociologicamente, a Igreja Católica representa um universo médio histórico de uma população superior a 90% dos cabo-verdianos de todos os tempos, significando dizer que o restauro de um património da Igreja é responder, politicamente, á demanda dessa população, demograficamente, representativa o que torna tal ato legitimo e politicamente correto;
6. Antropologicamente, o restauro do património histórico da Igreja Católica é o restauro da nossa própria história e identidade enquanto povo e nação nos alimentamos e reforçamos a nossa cultura, os nossos valores, princípios, crenças, mitos, rituais e símbolos nesses atos;
7. Juridicamente, salvo o devido respeito pela opinião contrária, creio não restar quaisquer dúvidas sobre a licitude, legalidade, constitucionalidade desses investimentos públicos em favor de restauração de patrimónios comuns;
8. Filosoficamente, com tais atos se admite se estar a buscar o sentido ou sentidos da nossa existencialidade: quem somos e para onde vamos enquanto povo, nação e Estado;
9. Economicamente, esse investimento tem elevado potencial para catapultar a nossa indústria de turismo com uma nova segmentação – o turismo cultural e religioso, diversificando e ampliando a nossa carteira turística em termos de receitas públicas, por um lado, por outro lado, tem um potencial de elevar a patamares jamais imaginados. Pensemos na hipótese de tais investimentos contribuírem para que a nossa Igreja e país tenham maior visibilidade na arena mundial e que com isso o nosso Bispo e Cardeal venha a ser melhor posicionado para ocupar a cadeira de São Pedro?
10. Psicologicamente, é reconfortante para as pessoas reaverem algo que lhes pertence por direito e terem a oportunidade de o saborearem;
11. Historicamente, a nossa igreja conseguiu se preservar íntegra e próspera em meio a um contexto geográfico desfavorável pela competição com outras religiões, seitas e crenças na região, motivo pelo qual deveria ser razão de jubilo;
12. Pedagogicamente, estaríamos a nos ensinarmos para nós mesmos os valores legados pelos nossos antepassados e guardá-los para as próximas gerações;
13. Teologicamente, enquanto cristãos, temos a certeza de que estamos agindo corretamente ao preservar o património histórico, não obstante, respeitarmos as manifestações em sentido contrário;
14. Enquanto católico e ex-seminarista, me senti na obrigação de expressar a minha opinião, publicamente, a respeito do investimento realizado e em defesa da integridade da Igreja Católica e compreendendo e me solidarizo com a situação difícil por que passam os nossos queridos, talentosos e amados artistas!
Espero ter conseguido esclarecer as razões justificativas da normalidade do restauro do património cultural e histórico em Cabo Verde amado por todos.
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